SALETE KOZEL TEIXEIRA

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Título
SALETE KOZEL TEIXEIRA
Nome Completo
SALETE KOZEL TEIXEIRA
Nascimento
25 de Novembro de 1947
História de Vida
BIOGRAFIA SALETE KOZEL TEIXEIRA

ERA UMA VEZ... E O INÍCIO FOI ASSIM....
“Os fundamentos do que é ‘grande’, em oposição ao que é ‘apenas comum’, são conquistados no início da vida, no meio ou mais tarde... muitas vezes mediante enormes fracassos, elevações do espírito, decisões equivocadas e recomeços impetuosos”. (Estés, 2007)

Com os encantos da lua uma garotinha aterrissa no planeta Terra, às 4:40 horas do dia 25 de novembro de 1947, na Maternidade Cruz Azul, em São Paulo-SP. Uma “paulistana”, conforme o desejo de meus pais, paulistas de nascimento e de coração. Embora nascida na metrópole paulista, fui registrada em Brotas - SP, local de nascimento de meu pai Saulo de Oliveira Teixeira e residência dos familiares paternos. Mamãe, Maria Ottilia Kozel Teixeira, era paulistana, assim como seus irmãos. Como dizia papai: “você é fruto de uma boa miscigenação: português, espanhol, bugre e tcheco”. No ramo paterno, a mistura de português, espanhol e bugre (minha bisavó): Oliveira Pinto e Teixeira de Almeida. No ramo materno, português e tcheco: Monteiro França e Kozel.
Muito das escolhas, e da minha formação, tiveram origem na relação com meus pais. Mamãe era uma mulher muito além de seu tempo, com valores de “outras terras”. Como filha de imigrante europeu teve formação em escola alemã, falava fluentemente o inglês e o alemão. Quando o Brasil passou a participar do conflito da 2ª guerra mundial, em 1942, as escolas alemãs foram fechadas e todo estudo nelas cursados foi invalidado. Na época, o presidente da República, Getúlio Vargas, confiscou todo o patrimônio adquirido pelos imigrantes estrangeiros. Assim, vovô Bohumil Kozel perdeu sua marcenaria, ficou doente e veio a óbito. Mamãe precisou trabalhar para ajudar no sustento da família, atuando como cobradora de porta em porta, secretária, balconista etc. Durante a 2ª guerra serviu o exército como datiloscopista e, posteriormente, conseguiu um emprego numa multinacional americana, coordenando um setor com público majoritariamente masculino. Imaginem essa proeza na década de 40 do século passado! Foi neste contexto que mamãe conheceu papai, que era irmão de um colega de trabalho. Apaixonaram-se e casaram em outubro de 1946. Assim, mamãe precisou se demitir visto que papai não permitia que sua esposa continuasse a trabalhar. Papai tinha formação em contabilidade e era fluente em francês. Fixaram residência em Brotas, no casarão da família Oliveira Teixeira, a casa paterna. Podem imaginar o que representou essa mudança para mamãe, uma mulher livre e “descolada”, tendo que se adequar às lides domésticas na pomposa casa dos sogros, uma família tradicional paulista de antigos fazendeiros?
Foi em meio a essas circunstâncias que eu cheguei, em 1947, cercada de mimos e muito amor. Entretanto, apesar de todo conforto meus pais não estavam felizes; precisavam ter vida própria e resolveram alçar novos voos. Em busca de novas oportunidades, em 1949 integraram a frente migratória paulistana rumo ao norte do Paraná. A Companhia Melhoramentos Norte do Paraná foi responsável pela colonização do norte do Paraná, com a venda de terras, tendo em vista, principalmente, o cultivo do café e a demarcação de vilas, que deram origem às principais cidades como Maringá, São Jorge do Ivaí, Mandaguari, Mandaguaçu, Apucarana e outras. Seguindo o modelo inglês de parcelamento rural em pequenas propriedades, a companhia foi criando áreas urbanas ao longo do espigão, a cada 10 a 15 quilômetros, ampliando a ferrovia e construindo estradas. É importante lembrar que a destruição da mata para a instalação das cidades e dos lotes rurais alterou a organização do espaço, levando ao extermínio da população indígena e ao desaparecimento de espécies vegetais e animais. Neste contexto, com dois anos de idade eu, meus pais e Tio Homero, irmão de papai, rumamos para Maringá, e no ano seguinte, para São Jorge do Ivaí, onde papai conseguiu emprego como contador, numa serraria. Nossa residência era na colônia dos trabalhadores. Em 1950 nasce minha irmã Selma e, em 1952, Solange. Vivemos esse período em meio aos montes de serragem e das “toras” trazidas pelos caminhões.
Era muito triste ver tantas árvores cortadas e a floresta sendo derrubada. Em 1953, com seis anos, fui matriculada na primeira série do grupo escolar São Jorge, tendo Professora Carmem como a minha primeira professora e alfabetizadora. Em 1954 nasce meu irmão “Saulinho, o caçulinha”, e neste mesmo ano transferimos residência para Paranavaí no noroeste do Estado.
Em Paranavaí, os aventureiros se reorganizaram com suas famílias: Tio Homero como proprietário da torrefação “Café Paranavaí” e papai agente da Transportadora Paulista. A primeira conquista de papai foi comprar para a família uma casa simples de madeira, na Rua Mato Grosso, 484. Foi preciso perfurar um poço no quintal, de onde retirávamos água com balde puxado pelo sarilho. Todos os dias puxávamos vários baldes de água do poço para encher um tambor e ter água para o uso doméstico. Não existia luz elétrica e nossa casa era iluminada com lamparinas e um lampião Aladim, a querosene. Ao vir para o Paraná meus pais enfrentaram muitos desafios, visto que foram criados em situação bem mais confortável. Muitas vezes vi mamãe chorar por todas as dificuldades que precisava superar e pelo medo, pois todos os dias os moradores fechavam suas casas devido ao tiroteio. Ao amanhecer sempre tinha pessoas mortas nas ruas, por causa da disputa de terras entre os capangas do Capitão Telmo Ribeiro, que detinha o poder na região, e pessoas que adquiriam os lotes de terra. Era um verdadeiro banditismo
Guardo com carinho muitas lembranças e aprendizados que tive com papai neste período. À noite, muitas vezes, ficávamos sentados na área externa da casa a observar os astros, quando me dava aulas sobre constelações, recitava poemas em francês como: J’aime deux choses, La rose et voix, La rose par um jour e Et voux pour toujours. Ou a lei de Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Nesta época tive, também, as primeiras lições de direção, num jeep 51, quando papai dizia: “muito cuidado com estradas arenosas e poças d’água, mas, principalmente, tenha cuidado com os outros”. Grande sabedoria, que guardo até hoje ao dirigir um carro. Ele era um aventureiro sonhador, um grande companheiro, uma pessoa maravilhosa.
Na nova cidade, prossegui os estudos na Escola Paroquial Nossa Senhora do Carmo, cursando a 2.ª série com a professora Durvalina, e as 3.ª e 4.ª séries com a professora Rosa Noguti. Na época, ao término do antigo “Primário” era necessário fazer um exame de Admissão para ingressar no “Ginásio”, praticamente um vestibular, e era preciso cursinho preparatório. Cursei o preparatório durante um ano, mas não consegui vaga no Colégio Estadual de Paranavaí. Em 1958 prestei novamente o exame de Admissão em Alto Paraná, município vizinho, onde fui aprovada. Portanto, foi preciso cursar a primeira série ginasial na Escola Estadual Agostinho Stefanello, em Alto Paraná, a 18 km de Paranavaí. Isso só foi possível por ter conseguido um passe de estudante, na Viação Garcia, me permitindo realizar essas viagens diárias gratuitamente. No natal ganhei uma bicicleta de presente, que era um meio transporte de casa à rodoviária. Ficava guardada na sala de espera da rodoviária esperando-me para voltar para casa. Foi uma aventura e um desafio muito interessante, tanto as viagens, os colegas e as aulas, sobretudo decorar as declinações em latim para a prova do professor Olímpio e fazer chinelos com bucha vegetal nas aulas de trabalhos manuais com a professora Ilze.
No final do ano de 1959 papai ficou doente e foi levado às pressas de avião para São Paulo. Mamãe e tio Homero foram com ele e nós ficamos na casa da Tia Amélia, esposa do Tio Homero. Após uma semana ele não resistiu e partiu para o plano celeste, em 29 de novembro de 1959. Meu mundo caiu e todos nós vivemos momentos muito angustiantes. Mamãe, viúva, com quatro filhos menores; eu era a mais velha com apenas 11 anos. A família aristocrata do papai tentou intervir propondo repartir as crianças na certeza de que a mamãe não conseguiria gerir a situação. Eu, sob a tutela de meus avós, fui enviada para o Colégio São José, um internato para moças, em Jaú, próximo a Brotas. A ideia foi da minha tia Maria Agnes, irmã Francisca Teresa, que pertencia à Congregação de São José, que dirigia o Colégio em Jaú. Mamãe lutou contra os desmandos da família Oliveira Teixeira e conseguiu a guarda de meus três irmãos: Selma com 9 anos, Solange com 7 e Saulinho com 5 anos. Passou a trabalhar para sustentar a casa e os filhos. Felizmente tínhamos um teto para nos abrigar. Num primeiro momento, ela fez a contabilidade da Torrefação Café Paranavaí, que era de propriedade do Tio Homero, Mas como precisava cuidar dos filhos menores, e da casa, resolveu se dedicar à costura. No início costurava apenas para vizinhos e amigos, mas aos poucos a freguesia foi aumentando devido ao seu primoroso trabalho. Atendia as freguesas em casa e tinha proventos para o sustento da família, possibilitando acompanhar a educação dos filhos.
No internato vivi um dos períodos mais conflituosos de minha vida. Tinha perdido meu querido pai, me arrancaram de casa e me colocaram no colégio, uma prisão. Ferida emocionalmente, e revoltada, ainda era preciso conviver com o rigor
imposto pelas irmãs, e com as alterações hormonais da adolescência. O resultado foi uma grande rebeldia. Estava sempre de castigo. Assim cursei a 2ª série do ginásio, e apesar das agruras me destaquei em geografia, sobretudo pela paixão pelos mapas, e pelo desenho, visto que os mesmos eram desenhados no quadro negro, à mão livre. Naquela época tínhamos exames finais escritos e orais obrigatórios para todos os alunos, independente da média. Nos exames orais de geografia eram sorteados os pontos e tínhamos que desenhar o mapa com o respectivo tema solicitado. Era algo muito instigante!
Ao final do ano mamãe foi me buscar, não permitindo que eu ficasse no internato, contrariando o previsto pela família Oliveira Teixeira, que dizia: “Salete ficará no convento e seguirá os estudos para ser freira”. Retornando a Paranavaí dei continuidade ao curso ginasial, cursando a 3ª e 4ª séries no Colégio Estadual de Paranavaí, concluindo o ginásio em 1962. Nessa época, existiam 12 matérias no currículo escolar ginasial, incluindo Latim, Francês, Inglês, Canto, Desenho, Educação física, Trabalhos manuais, Geografia geral, História geral, e OSPB. Lembro com saudades de alguns professores como professora Neusinha, de História, e o professor Carlos Cagnani, de música. Eram motivadores, encantadores. Entretanto, quando cursava a 4ª série ginasial tive duas experiências angustiantes e apavorantes que, contraditoriamente, me motivaram a seguir a carreira do magistério. Numa aula de Português a professora Elza apresentou minha redação toda marcada em vermelho e, ao invés de me entregar, amassou e jogou no lixo, desconsiderando totalmente o meu trabalho, causando constrangimento perante os colegas de sala. Outra situação chocante ocorreu na aula de matemática. Quando adentramos à sala o quadro negro estava todo preenchido com letras, números e outros símbolos, despertando minha curiosidade... o que seria aquilo? Questionei o professor Gilberto: o que fazem os números junto com as letras? E onde vamos utilizar isso em nossa vida? A resposta foi imediata...“Fora da sala de aula aluna inconveniente”! Fui penalizada com a suspensão das aulas por três dias e mamãe foi convocada a ir ao colégio assinar uma advertência pelo comportamento desrespeitoso da filha. Foram situações horríveis que me marcaram profundamente. Eu não concebia que numa escola onde se interage com o conhecimento, que deveria ser prazeroso, fosse castigada e penalizada pela relação entre acertos e erros e pela curiosidade própria da idade. Foram situações que me levaram a desafiar a mim mesma. Iria seguir a carreira do magistério, pois precisava praticar algo totalmente diferente: estabelecer uma relação respeitosa com os alunos ao mediar o conhecimento.
Nessa fase da vida mamãe se dividia entre as costuras, as lides domésticas e a educação dos filhos. Os cadernos eram todos encapados com papel impermeável colorido e o nome das disciplinas desenhado com letras góticas, em nanquim, ilustrados com lindas alegorias. Tudo com muito capricho e esmero. Nossos uniformes escolares também eram impecáveis. Como mamãe costurava para as proprietárias da Livraria Santa Helena, ficava mais fácil adquirir os materiais escolares para os filhos, permutando com costura. Nessa ocasião, mamãe adquiriu a duras penas uma Enciclopédia Delta Larousse, com 15 volumes e uma coleção de Dicionários Caldas Aulete, para subsidiar o estudo dos filhos e a elaboração dos trabalhos escolares. Solicitou ao Sr. David, marceneiro, uma prateleira para colocar essas preciosidades, a qual foi colocada na sala de casa, em destaque. Mamãe sempre achava um tempinho entre os afazeres para ler um trecho dos livros. Chegou a ler todos os volumes da enciclopédia.
Ao concluir o Curso ginasial a próxima fase era o segundo grau ou colegial. Na época, havia quatro opções: cursar o clássico, científico, contabilidade ou magistério. Num primeiro momento pensei em cursar o científico para me preparar para curso de biologia, mas a vontade de ser professora foi mais forte. Dessa forma, me inscrevi no exame seletivo para ingressar na Escola Normal Colegial Leonel Franca. Fui aprovada e cursei os três anos de magistério com orgulho e satisfação. Ser “normalista” era um privilégio! Na época, os professores eram valorizados e respeitados. O curso foi interessante e os estágios com os alunos da Escola de Aplicação apontavam novas perspectivas. Nas aulas de filosofia o professor Elpídio nos apresentou o “Pequeno Príncipe”, relacionando o conteúdo da disciplina com a obra. Foi algo que jamais esqueci, principalmente a fala da raposa: “tu te tornas eternamente responsável por tudo aquilo que cativas”. As aulas de psicologia, ministradas por D. Graça, nos faziam compreender intuição, percepção, ego, superego e Id. Além de aulas interessantes, tinha um grupo de amigas muito solidárias, sobretudo a Toninha, Meire, Livinha, Loris, Marfisa e Eliete. Ainda hoje tenho contato com esse grupo nas redes sociais. Foi um curso libertador! Mamãe também ficou feliz por eu cursar o magistério, uma realização pessoal, visto que almejava ser professora, mas as adversidades não permitiram. Concluí o curso do magistério em 1965, cujo diploma foi motivo de orgulho. Recebi o diploma das mãos de meu sogro Josias Soares de Lima, que considerava um pai.
Novo ciclo se fechou. Era preciso pensar em ingressar numa faculdade. Em princípio, tinha interesse em cursar Agronomia, paixão antiga pela natureza e especialmente pela terra. Mas, naquela época, dificilmente uma moça saía para morar e estudar fora de casa e o curso almejado era a Escola de Agronomia Luiz de Queiroz, de Piracicaba - SP. Foi um sonho, que não era viável por motivos econômicos, sociais e culturais.
Em 1966, com grande alarde pela classe política da época, foi inaugurada a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Paranavaí. Oferecia os cursos de Pedagogia, Letras, Ciências e Geografia. A escolha entre os cursos oferecidos ficou com a Geografia pela correlação com a terra, astros e mapas, que me fascinavam. Era necessário enfrentar o cursinho e novo vestibular, o que aconteceu durante o ano de 1966. Fui aprovada no exame vestibular e ingressei, em 1967, na 2ª turma de geografia da FAFIPA.
Este ano foi emblemático. Ingressei no ensino superior, me casei em 23 de setembro e iniciei minha carreira profissional com a aprovação em concurso para professores nas séries iniciais, no Estado do Paraná: Professora Efetiva Estadual Símbolo MN-1, Nível 12 - 13/03/1967. Inicia uma nova fase da minha vida, com novos desafios. A minha primeira turma de alunos foi uma primeira série A, onde atuei como alfabetizadora, tendo como base a Cartilha Caminho Suave, na Escola de Aplicação da Escola Normal Colegial Leonel Franca, que funcionava na Rua Rio Grande do Norte, o mesmo prédio que era ocupado pela Escola Normal e pela FAFIPA.
No primeiro ano do curso de geografia na FAFIPA me encantavam as aulas do professor Jesus nos apresentando uma Biogeografia “viva”, genial! A Geografia Física, ministrada pelo controverso professor Niéce, era desafiadora e consistia basicamente em Astronomia. Em 1968 cursei o 2º ano da faculdade, juntamente com a gravidez de minha primeira filha, Alexandra, que veio ao mundo em 17/11/68. Felizmente ela era uma criança saudável e eu consegui aprovação em todas as disciplinas. Em 1969 cursei o 3º ano e contei com a ajuda da minha família para cuidar de minha filha. Posteriormente, apareceu um anjo em nossas vidas, D. Chiquinha, que passou a morar em casa e ajudar a cuidar de minha filha e da casa, permitindo que me dedicasse aos estudos e às aulas de uma nova turma na Escola de Aplicação. O Último ano da faculdade também foi conturbado, tendo que conciliar meus estudos com a segunda gravidez, de Larissa, que era aguardada para janeiro. Antecipou-se, após uma queda, chegando em nossa família em 17/12/1970, prematura e com problemas de saúde.
A FAFIPA, como uma faculdade recém-criada, não contava com boa estrutura. Era essencialmente “aulista”, deficiente em biblioteca e laboratórios. Durante os quatro anos do curso de graduação não houve sequer uma aula de campo. Entretanto, nos reuníamos no Diretório Acadêmico Tristão de Ataíde para discutir as questões internas da faculdade, assim como o contexto social e político vigente no momento. Apesar das agruras, fiz ótimos amigos neste período como a Ivone, Maria Maris, Osvaldo, Alcides e José Maria. A formatura da Faculdade ocorreu em 1971.
Com o curso de Licenciatura em geografia concluído foi possível intensificar o trabalho docente de 1ª a 4ª série, no período vespertino, pelo padrão do Estado; e, no período matutino ou noturno, as aulas extraordinárias (5ª a 8ª) de desenho, EMC e Geografia. Foi um momento de grande aprendizado e parcerias.
E, neste contexto, em 1972, durante o período de repressão, discutindo a inexistência de democracia no país nas aulas que ministrava de Educação Moral e Cívica, fui advertida pelo diretor, o qual tinha escuta em sua sala. No ano seguinte, fui enquadrada no AI-5 (1) e não me foram atribuídas aulas extraordinárias. O primeiro Padrão, referente à 1ª a 4ª séries, em 1971 foi colocado à disposição da secretaria do Colégio Estadual de Paranavaí e, posteriormente, realocado na secretaria da Escola Estadual Adélia Rossi Arnaldi, EPG, no distrito de Sumaré, onde residi e trabalhei no período de 5/3/1971 a 19/11/1976. Nesse interstício, tive mais uma gravidez, e, em 08/07/1974, a família é agraciada com a chegada de Igor, “o caçulinha”.
Esse período exigia mais dedicação e atenção com a fase de infância das crianças, o que só foi possível conciliar pela inestimável ajuda de Tia Chiquinha (Francisca Luiza Moreira), que morava conosco e era a 2ª mãe das crianças, enquanto eu e o pai trabalhávamos arduamente. Voltamos a residir em Paranavaí, agora na casa onde vivi desde a infância, pois mamãe mudou-se para Curitiba com meus irmãos Saulo, Solange e o sobrinho Christian.
Então, retomei as aulas de 1ª a 4ª série, agora na Escola Leonel Franca, EPG, atuando até 1978. Foi uma fase em que a maior preocupação era o currículo escolar a ser trabalhado, pois os conteúdos eram fragmentados e distantes da realidade, precisando muitas vezes ser readequados mesmo sem a aprovação da coordenação. Eu priorizava as aulas fora da sala, promover competições, exposições, entrevistas e nada disso era visto com bons olhos pela coordenação e direção da escola.
Por ser uma pessoa contestadora, fui eleita, pelos professores, em 10/05/1979, diretora da Escola e estive no cargo até 14/05/1981. Foi uma experiência complexa gerir pessoas e lidar com os meandros do poder. Um grande desafio! Não foi uma experiência agradável, pela falta de responsabilidade de alguns, bajulação de outros, enfim, o jogo do poder.
No ano de 1980 participei do concurso para professores licenciados do Estado do Paraná e fui aprovada como Professora Efetiva Estadual MPP - 103 Classe “C” nível 3 – disciplina Estudos Sociais.
Ao escolher vaga tive minha lotação fixada na Escola Unidade Polo de Paranavaí, onde trabalhei apenas um ano, por não me adaptar com alunos filhos de pais abastados, desrespeitosos e sem limites. Pedi transferência para a Escola Estadual Enira de Moraes Ribeiro, EPG. Esta escola, localizada num bairro periférico, tinha uma comunidade escolar ávida pelo saber, o que me possibilitou desenvolver um trabalho bem mais gratificante.
Nesta escola, exerci o cargo de vice diretora no período de 07/10/1983 a 02/07/1984, quando fui convidada a assumir a Coordenação da Área de Ensino de Geografia no Núcleo Regional de Educação de Paranavaí.
De 1971 a 1982 a geografia foi suprimida dos currículos escolares, sendo substituída por Estudos Sociais, abrangendo História e Geografia. Os professores das áreas de geografia e história estavam muito descontentes. Organizou-se, então, um grande movimento nacional liderado pala AGB e professores dessas áreas foram em caravanas até Brasília, reivindicando a abertura da área e que a Geografia voltasse aos currículos escolares. Depois de muita luta conseguimos nosso intento desmembrando a área de Estudos Sociais e a Geografia retorna à grade curricular, com autonomia.
A minha trajetória profissional na educação iniciou com a vigência da Lei 4024/61, passou pela Lei 5692/71 e finalizou com a Lei 7044/82.
Em 1984 vivemos momentos de grande euforia na educação paranaense. Foram elaboradas propostas de modificações pedagógicas e a criação dos 22 núcleos de Educação, em todo o território paranaense.
Grande debate educacional foi deflagrado, através dos Seminários “Políticas da SEED”, com a participação de todos os educadores. Nesse momento passei a integrar a equipe de Ensino do Núcleo Regional de Educação de Paranavaí, atuando na coordenação dos professores de geografia dos 28 municípios a ele jurisdicionados.
O trabalho com os professores de geografia foi uma das realizações mais interessantes de minha vida profissional, com a organização de vários Seminários e grupos de estudo. Foi possível, ainda, a realização de um Curso de Aperfeiçoamento em geografia para professores de 1º e 2º graus, em três polos: Nova Esperança, Paranavaí e Nova Londrina. O curso, de 120 horas, foi organizado para atender a demanda dos 260 professores do NRE, durante o ano de 1988.
O Curso foi estruturado em três etapas, com sete minicursos de 16 a 24 horas, ministrados por docentes convidados da UEM e da FAFIPA, cujas temáticas foram: Enfocando Fundamentos da geografia, Estudo do meio, Noção de espaço e tempo, Geografia do Paraná, Quantificação em geografia, Noções de cartografia e Metodologia de ensino de geografia. Posteriormente, este curso se constituiu na pesquisa empírica da minha Dissertação de Mestrado.
Paralelamente à realização de atividades pedagógicas junto aos professores de Geografia, em 28/09/1988 houve RDT, a qual possibilitou a junção dos 2 padrões, em apenas um: como Professora Efetiva Estadual PQ-0585, RDT- 40 horas, o que foi uma grande conquista profissional.
Durante sete anos, de 1984 a 1991, desenvolvi atividades na coordenação da área de Geografia no NRE de Paranavaí. Nesse período ingressei como docente no 3º grau, intensificando minha formação profissional em Geografia, com a participação em dois cursos de Especialização, aprovação em concurso na UEM, ingresso no Mestrado em Geografia na FFLCH/USP, o que abordarei com detalhes no próximo tópico. Em 1991 completei 25 anos de serviço no magistério Público paranaense e solicitei a aposentadoria, o que aconteceu oficialmente em 30/04/1991.

A SAGA DA PÓS-GRADUAÇÃO

A década de 80 representou um divisor de águas em minha vida profissional, com novas perspectivas, novos e instigantes horizontes. Em 1982 ocorreu o convite para substituir o professor Vicente na disciplina de Geografia Econômica na FAFIPA. Foi algo inusitado visto que eu não tinha intenção de atuar na docência do terceiro grau. Mas, enfim, decidi aceitar o desafio. A experiência foi árdua e provocativa, tive que estudar muito e me reinventar, pois entre os alunos existiam bancários, empresários e profissionais com diversas formações. Senti necessidade de continuar os estudos. Foi quando surgiu a oportunidade de um curso de Especialização em Geografia Humana, na PUC (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), em Belo Horizonte. Os cursos eram oferecidos em módulos de 15 dias, durante as férias (julho e Janeiro), com duração de 360 horas, no período de 1884 a 1986. A proposta foi irrecusável, pois os cursos eram oferecidos gratuitamente a professores que quisessem se capacitar. Assim, eu e mais quatro colegas de áreas distintas aceitamos o desafio. Formamos um grupo contemplando as áreas de Matemática (Mirian), História (Helena), Psicologia (Ana), Ciências (Rosinha) e Geografia (Salete).
O curso foi muito interessante, tanto pelo conteúdo como pela capacidade dos docentes e a parceria de colegas provenientes de vários estados do Brasil. Dentre os docentes destaco os professores Oswaldo Bueno Amorim Filho, Janine Le Sann, Lucy Philadelpho Marion e João Francisco de Abreu. Ao ministrar Geografia Urbana, o professor Oswaldo me possibilitou participar pela primeira vez de uma aula de campo, na cidade de Itaúna. Ele também ministrou a disciplina de Geografia Política encantando a todos com seu incrível conhecimento e didática. Nas aulas de Cartografia, Janine Le Sann nos apresentou a Semiologia Gráfica de Bertin. As aulas da professora Lucy Marion, em Geografia Social e Percepção Ambiental, também deixaram saudades, pois me permitiram entrar em contato com uma geografia que eu desconhecia até o momento. Em janeiro de 1986 conclui o curso, com êxito.
Assim, no período de 1982 a 1986 atuei como docente na FAFIPA, ministrando aulas nas disciplinas de Geografia Econômica, Geografia Humana e Regional. O esforço em fazer o melhor trabalho foi reconhecido pelos alunos, sendo homenageada, em 1984, como paraninfa, juntamente com professor Emílio Eugênio Niéce (patrono).
Ainda cursando a especialização em
Belo Horizonte, e atuando na coordenação dos professores de geografia do NRE de Paranavaí, me senti provocada pela falta de conhecimento sobre a Geografia do Estado do Paraná, pois esse conhecimento não constou no currículo do Curso de Geografia da FAFIPA, ficando uma lacuna. Os professores, em geral, também tinham grande interesse em conhecer melhor a geografia do Estado. Dessa forma, em março de 1985, a Universidade Estadual de Maringá ofereceu um Curso de Especialização em Geografia Física do Paraná, com duração de 450 horas. Prosseguindo a saga em busca de preencher as lacunas em minha formação, eu me inscrevi. Com muito sacrifício conciliei as atividades profissionais e familiares percorrendo, com frequência, os 70 km entre Paranavaí a Maringá para assistir as aulas e desenvolver as atividades que o curso exigia.
O curso era composto pelas disciplinas: Cartografia Aplicada e Geografia Física, Climatologia do Paraná, Metodologia e Técnicas de Pesquisa, Geologia do Paraná, Solos do Paraná, Geomorfologia do Paraná, Biogeografia do Paraná, Trabalho de campo I, Trabalho de campo II, Metodologia do Ensino Superior, Teorias de Regionalização em Geografia Física e a elaboração da Monografia. As aulas corresponderam às expectativas, proporcionando um grande aprendizado e muitas descobertas. O ponto alto do curso foram as aulas de campo: a primeira, em âmbito regional, na área circundante a Maringá; e, a segunda, um campo integrado com todos os professores numa viagem de 10 dias pelo estado do Paraná.
professores numa viagem de 10 dias pelo estado do Paraná.
Nessa viagem de campo aconteceu a integração entre os conhecimentos anteriormente abordados, com a participação conjunta dos professores, nos permitindo adentrar numa seara inimaginável.
Os professores Sergio e Issa iniciavam com a Geologia, Giacomini com a Climatologia e a Geomorfologia, Paulo com os Solos, Maria Eugênia com a Biogeografia e Marcos com as Orientações Cartográficas. Pudemos confirmar que “a geografia se faz com os pés”. Fomos muito além dos ensinamentos dos livros, algo que ficou marcado em minha vida. Como a monografia era obrigatória, escolhi como orientador o professor Paulo Nakashima, que ministrava a disciplina de Solos. A antiga paixão pelos solos aflorou novamente e optei por desenvolver a pesquisa: “Dinâmica de ocupação e uso do solo no vale do Ribeirão Suruquá, em Paraíso do Norte - PR”.
A pesquisa teve por objetivo desenvolver estudo sobre uma área delimitada no município de Paraíso do Norte de latossolo roxo, com a aplicação da metodologia de André Journaux, fundamentada na elaboração da Carta da Dinâmica ambiental, que possibilitava realizar a análise da qualidade do solo enfatizando sua conservação e a necessidade de equilíbrio ecológico entre os elementos existentes na área.
A capa da monografia foi uma criação do colega e amigo Roberto Pereira da Silva, geógrafo e destacado artista paranavaiense, propiciando um toque artístico. A representação reflete a ocupação da área, a espacialização e o desenvolvimento da pesquisa. O curso foi concluído em janeiro de 1988, com a defesa da monografia.
Devido ao meu envolvimento na Universidade Estadual de Maringá fui convidada a me inscrever no concurso para professores, sendo aprovada como Professora auxiliar II T-9, em 8/3/1987. Na ocasião não pude ser contratada com T-40 por ainda atuar no NRE de Paranavaí.
Entretanto, com a aposentadoria em 1991, pude intensificar minha carga horária como docente na UEM, transferindo a residência para Maringá, juntamente com a família. Neste período, fui docente de várias disciplinas como Geomorfologia Ambiental, Cartografia, Geografia Regional e Geografia do Paraná. Desta forma, tive oportunidade de desenvolver diversos trabalhos com os alunos, aplicando os conhecimentos adquiridos nos cursos de especialização anteriormente desenvolvidos.
A docência na UEM foi muito marcante. Houve momentos mágicos em que se pode construir o conhecimento de maneira compartilhada e interessante, sobretudo na sala de aula. Entretanto, a parte institucional dessa relação com os colegas, a maioria com maior titulação (mestres e doutores), foi conflituosa desde o início, quando ainda não tinha ampliado a carga horária para 40 horas. Por exemplo: numa das reuniões do Departamento foi apresentado o Projeto Porto Rico, com possibilidade de ampliar o grupo de pesquisa e eu demonstrei interesse em participar. A reação dos coordenadores foi imediata, questionando sobre minha titulação... “qual é a sua titulação para pretender integrar este projeto”? Foi uma situação conflituosa, pois eu não tinha a titulação necessária. Naquela mesma semana, quando fui a uma reunião na Secretaria de Educação em Curitiba, decidi ir a São Paulo me inscrever no mestrado, na melhor universidade do país na época, a USP. Ao chegar ao prédio do Departamento de Geografia da USP me senti perdida num imenso universo, totalmente desconhecido.
Ao pé da rampa do prédio avistei o professor Gil Sodero de Toledo, o qual já conhecia de Eventos para formação de professores de Geografia. Consegui acalmar meu coração quando ele me convidou para conversarmos em seu gabinete. Expliquei a ele a minha intenção em fazer o Mestrado e a situação vivida junto aos colegas na UEM. A acolhida do professor Gil foi providencial, me encaminhando à secretaria para fazer a inscrição no mestrado e me orientando sobre os quesitos necessários. Assim, retornei a Maringá e elaborei o projeto para apresentar na seleção, tendo por base a experiência como coordenadora de Geografia no NRE de Paranavaí. O projeto teve como título: “O Processo de capacitação docente e o ensino de geografia: angústias e reflexões”. Felizmente, fui aprovada e iniciei os créditos em 1989, viajando toda semana para São Paulo, não esquecendo de que nessa ocasião ainda estava trabalhando no NRE em Paranavaí e ministrando algumas aulas na UEM. Foi uma loucura, sobretudo porque não tinha bolsa da Capes, devido ao vínculo empregatício. Assim, era preciso arcar com o custo de passagens e alimentação semanais. Saía de Paranavaí toda terça feira, às 22:00 horas, pela Viação Garcia e chegava em São Paulo às 6:30 horas. Mal dava para tomar um café, pois as aulas iniciavam às 8:00 horas. Participava das aulas pela manhã e à tarde e retornava às 22:00 horas, chegando em Paranavaí às 6:30 horas, para iniciar minha jornada no NRE às 8:00 horas. O desgaste físico e emocional era intenso, pois houve momentos em que precisei costurar para as vizinhas para conseguir comprar as passagens e algumas vezes tive a incompreensão da chefia do NRE, descontando faltas em meu salário, “uma pedra em meu caminho”.
Ao iniciar os créditos para o curso de Mestrado, novos desafios. A primeira disciplina do primeiro semestre de 1989 foi Teoria e Pesquisa em Geomorfologia (posições teóricas e técnicas de pesquisa em geomorfologia), ministrada pelo professor Adilson Avanci, sendo a bibliografia básica em língua inglesa, que eu não dominava(2). A ajuda de mamãe neste momento foi imprescindível, traduzindo o livro base do curso. No segundo semestre de 1989 cursei três disciplinas: Análise Ambiental Urbana e Sensoriamento Remoto, com a professora Magda Lombardi; A Cartografia como meio de comunicação - implicações no ensino de Geografia 1º e 2º graus, com a professora Maria Elena Simielli; e, Análise espacial, regionalização sistemática em Geografia Física - O processo climático e suas interações, ministrada por meu orientador, o professor Gil Sodero de Toledo. Embora os cursos de Especialização tivessem acrescentado muito em minha formação geográfica, os conhecimentos obtidos nesses cursos na USP foram provocativos e de grande aprendizado, mesmo com concentração em Geografia Física, enquanto minha pesquisa era em Ensino de Geografia. O seminário final do curso de Análise Ambiental foi apresentado no mirante do Parque Estadual da Cantareira, uma experiência sensacional.
No 1º semestre de 1990 cursei Construção do Espaço e Política - subsídios para uma renovação da Geografia Política, com docência do professor Willian Vesentini; e o Construtivismo no Ensino das Ciências, na Faculdade de Educação da USP, sendo docente a professora Nidia Pontuska. Assim, completei os 40 créditos obrigatórios e passei a me dedicar à elaboração da dissertação, me qualificando em 29/06/1992. Terminei os créditos em 1990 e no ano seguinte consegui a aposentadoria na SEED/Paraná, transferindo minha residência para Maringá. Na década de 1990 o curso de mestrado ainda era realizado em quatro anos: cursei os créditos no período de 1989 a 1993 e defendi a dissertação em 18/05/1994, com o título: O processo de capacitação docente e o ensino de geografia: angústias e reflexões”.
Em 1993 acontece uma nova ruptura em minha vida pessoal, o divórcio, após 25 anos de união, época em que Igor, meu filho caçula, é aprovado no vestibular da PUC –PR, para cursar Engenharia da computação. Mudou-se para Curitiba onde a Larissa já estava trabalhando e residindo. Foi um momento traumático! Assim, solicitei ao colegiado de curso da UEM ficar à disposição do CIMEPAR, em Curitiba, por dois anos, com o intuito de amenizar a situação. Mas para a minha surpresa o pedido foi negado e tive que tomar uma decisão drástica: assinar minha carta de demissão. Meu desligamento da UEM se consolidou com a Portaria 1950/93.
O que restou da separação foi um carro Fiat 147, onde coloquei os meus pertences e rumei para a casa de meus filhos em Curitiba. Apenas com o salário da aposentadoria da SEED/PR não era possível reorganizar a vida. Precisava trabalhar. Comecei a distribuir currículos em colégios de ensino fundamental e médio. A mão divina me ajudou! Recebi um telefonema da secretaria do grupo Positivo me convidando para realizar uma entrevista. Fiquei surpresa, pois não havia entregue currículo no Positivo. Compareci ao local na hora marcada e fui entrevistada pela professora Cristina, coordenadora do novo projeto da Distribuidora Positivo que visava capacitar professores das escolas conveniadas Positivo, em todo o país. No contexto da entrevista soube que a minha indicação tinha sido de um anjo dos céus, a professora Marcia Cruz, que conhecia meu trabalho com a capacitação de professores e soube que eu estava em Curitiba à procura de trabalho. A entrevista ocorreu na 6ª feira e eu iniciei o processo de treinamento com o grupo selecionado na 2ª feira seguinte. Era um grupo composto por profissionais de diferentes áreas do conhecimento: Português, Matemática, História, Geografia, Ciências, Inglês e Artes.
Fui contratada como Coordenadora Pedagógica de Geografia, na Distribuidora Positivo, em 16/06/1993. Essa oportunidade profissional correspondeu a uma pós-graduação, com novos aprendizados, aliados a excelente salário. Passei a conhecer o Brasil todo, visto que existiam escolas conveniadas Positivo nas principais cidades do país. Das capitais brasileiras, apenas não conheci Boa Vista e João Pessoa. A equipe de trabalho era composta por um grupo solidário e fraterno, pois ficávamos mais tempo trabalhando juntos do que com nossos familiares.
A partilha de conhecimento foi intensa, tanto entre os integrantes do grupo como com os professores das escolas visitadas. Foi um trabalho muito gratificante pelo interesse dos professores em compartilhar conhecimento. Encontrei trabalhos belíssimos desenvolvidos por grupos solitários, em áreas distantes, como no Acre, onde os próprios professores escreveram um livro, “Geografia do Acre”, para utilizar em suas aulas, formando um grupo de estudos entre eles, em local apropriado, com muitos materiais didáticos que todos podiam usar em suas atividades, algo que almejava quando ainda estava no NRE, em Paranavaí.
Já atuava na Distribuidora Positivo quando defendi o mestrado em 18/05/1994 e fui homenageada pelos colegas com uma festa surpresa. Na ocasião, a primeira integrante do grupo a defender um mestrado, algo muito significativo para todos. Essa titulação me garantiu alguns privilégios. Um deles foi acrescentar nos cursos oferecidos aos professores elementos de Epistemologia da Geografia para que pudessem entender melhor o material do Positivo, que era eclético, mesclando várias orientações teórico-metodológicas, sobretudo por ser escrito por várias pessoas, com convicções diferenciadas. Isso tornou os professores mais críticos e passaram a exigir mais, questionando o conteúdo e as atividades que eram apresentados nas apostilas do Positivo.
Neste sentido, ministramos inúmeros cursos para professores em todo o Brasil, de 1993 a março de 1995. Em 1993/1994 ministramos cursos para professores de 5ª a 8ª séries das escolas conveniadas positivo, nas seguintes localidades: Criciúma, São José, Tubarão e Florianópolis (SC); Cuiabá, Tangará da Serra e Rondonópolis (MT); Campo Grande (MS); Brasília (DF); Curitiba, Londrina, Pato Branco e Apucarana (PR); Canoas e Esteio (RS); Rio de Janeiro (RJ); Salvador (BA); Recife (PE); Mossoró (RN); Belém (PA); Manaus (AM); Rio Branco (AC); Porto Velho e Ji-paraná (RO); Anápolis (GO); Belo Horizonte (MG); Vitoria (ES); Campinas, Araçatuba e Agudos (SP); São Luiz (MA); Macapá (AP) e, Gurupi (TO).
Em 1995, fizemos capacitação em geografia para professores de 1ª a 4ª série e seminários de avaliação, nas seguintes localidades: Várzea Grande, Sinop e Barra do Garça (MT); Brasília (DF);Campo Grande (MS); Jundiaí, Lins e Avaré (SP); Uberlândia, Pouso Alegre e Belo Horizonte (MG); Carazinho, Canoas e Bajé (RS); Vitória e Guarapari (ES); Salvador, Teixeira de Freitas e Jacobina (BA); Aracajú (SE); Maceió (AL); Goiânia e Caldas Novas (GO); Rio de Janeiro (RJ); Manaus (AM); Belém, Bragança e Altamira (PA); São Luiz (MA); Mossoró (RN); Recife (PE); Ji-paraná (RO); Rio Branco (AC); Tubarão e Lages (SC); Crato (CE); Floriano (PI); e, Porto Nacional e Paraíso do Tocantins (TO).
Nesta oficina foram construídas maquetes de Caldas Novas e apresentadas como alternativas didáticas ao ensino de Geografia.
Nesses três anos viajando foi possível desenvolver muitos trabalhos interessantes e inovadores, rompendo com o trabalho pré-definido apresentado pelas apostilas, ou seja, ministramos cursos que propiciassem “ir além da apostila e desenvolver uma geografia mais viva e interessante”. Entretanto, embora motivador e instigante, este trabalho foi cansativo e rompia com os vínculos familiares: nas datas importantes sempre estávamos fora de casa, em viagem. A família eram os colegas de viagem.
Em dezembro de 1995, quando cheguei em Curitiba, soube que haveria no final de 1996 um concurso em Geografia Humana, para docentes, no Departamento de Geografia da UFPR. Ao refletir sobre a situação resolvi me inscrever, embora minha formação básica fosse na área de Geografia Física. Apesar de ainda estar vinculada ao Positivo, com a aprovação no concurso teria que fazer uma escolha. Optei pela Universidade. Enfim, voltaria a ser docente em uma universidade pública! Fui contratada como Professora Assistente-I DE, da Universidade Federal do Paraná-PR, pela portaria n. 6678 de 7/2/ 96. No início foi difícil, pois o salário do Positivo era muito maior do que o da UFPR, mas me adaptei às novas condições, pois foi uma escolha bem consciente.
Na UFPR iniciei com a docência das disciplinas Geografia Humana e Fundamentos da Geografia e, posteriormente, Geografia Regional e Percepção em Geografia. Não foi fácil enfrentar as disciplinas da área humana, pois, como já disse, minha formação básica era prioritariamente na área de Geografia Física. Alguns colegas questionavam: “Afinal, você é da área Humana ou Física”? Como ingressei na vaga do professor Lineu Bley, que lecionava Percepção em Geografia, me vi na obrigação de dar continuidade a esse legado e tive respaldo dos conhecimentos adquiridos nas aulas de Lucy Marion, na PUC-MG, quando cursei a especialização. Novos desafios....
Devido à minha trajetória e a paixão pelo ensino de geografia reorganizei o LABOGEO (Laboratório de Geografia) e passei a desenvolver projetos como a “Feira Geográfica Itinerante”, que apresentava a Geografia nas escolas de Ensino Fundamental e Médio de Curitiba. Passei a atuar mais detidamente na licenciatura, com um grupo de bolsistas. Atuei como coordenadora do Projeto PROLICEN/LICENCIAR, da Feira Geográfica Itinerante e do Projeto “A geografia do Cotidiano na sala de aula - a construção da Maquete ambiental”, no Colégio Estadual Leôncio Corrêa, EPSG, de março a dezembro de 1996.
Estávamos num período de grande reestruturação curricular norteados pelos pressupostos teóricos/éticos da Lei 9394/96, onde o Ensino Médio é entendido como aprofundamento do Ensino Fundamental, pelo viés metodológico, privilegiando uma abordagem interdisciplinar entre as áreas do conhecimento e os saberes disciplinares do seu aprendizado. Assim, recebi o convite para participar da organização do “Seminário Curricular para o Ensino Médio - Perspectivas da Implantação”, que ocorreu em Faxinal do Céu (Centro de Treinamento de Professores da SEED), no período de 19 a 23/10/1998 (3). Neste seminário aconteceram Oficinas, Mesas Redondas e Palestras, visando a interdisciplinaridade entre as três áreas: Ciências Humanas e suas tecnologias, Linguagens Códigos e suas tecnologias e Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias. Cerca de 1200 professores de todo o estado do Paraná estiveram presentes. A Equipe de trabalho foi composta pelos professores: Salete Kozel (Geografia), Jairo Marçal (Filosofia), Rubens Tavares (História) e Wanirley Pedroso Guelfi (Sociologia).
O Projeto “A Geografia do Cotidiano na sala de aula - a construção da Maquete ambiental” também teve desdobramentos em 2002. A convite da UNILIVRE (Universidade Livre do Meio Ambiente) e da SEED-PR integrei uma equipe de professores para organizar o Curso “Capacitação em Mapas e Maquetes: os diferentes olhares para as representações do Espaço paranaense”, destinado a professores de Geografia e História da rede estadual paranaense. O objetivo era fazer uma reflexão sobre as representações histórico-geográficas no estado do Paraná, por meio da construção e utilização de mapas e maquetes e sua implantação como material pedagógico. Vários materiais e textos foram elaborados, cujas dinâmicas foram apresentadas pelas seguintes atividades: Entre o real e o imaginário, Do simbólico ao real, Do bidimensional ao tridimensional, Trilhas e rumos, O espaço virtual, O olhar dos viajantes, Ações e reações - o espaço dinâmico. Participaram destas oficinas 1500 professores, em 3 grupos de 500. A equipe foi composta pelos professores Elton Luiz Barz e Ione Moro Cury (História), Leny Mary Góes Toniolo (Educação Ambiental), Mário Cezar Lopes (Geografia), Nilson Cesar Fraga (Geografia), Rubens Tavares (História), Salete Kozel Teixeira (Geografia), e os oficineiros Hugo Moura Tavares (História), Marcia Cruz (geografia), Marcia M. Fernandes Oliveira (Geografia), Maria Alice Collere (Geografia) e Martin Antonio Boska (Geografia).
Neste momento, o Departamento de Geografia da UFPR estava se organizando para propor a pós-graduação em Geografia. Precisava, portanto, de docentes com maior titulação. Assim, houve o incentivo para que todos fizessem o doutorado. Novamente a necessidade de alçar novos voos. Fiz minha inscrição para a seleção no doutorado na USP, no início de 1997. Com a aprovação, iniciei os créditos em abril de 1997. Apresentei o projeto “Proposta de simbologia Cartográfica aplicada à Educação ambiental e ao ensino de geografia”, tendo a Profa. Maria Elena Simielli como orientadora.
É importante ressaltar que no Doutorado pude, enfim, concretizar meu antigo sonho: “estudar os solos e cursar agronomia na ESALQ de Piracicaba”, o que aconteceu no período de 7 a 19 de julho, referente ao 1º semestre/97, quando cursei a disciplina “Análise Estrutural da Cobertura pedológica”, com docência do professor Alain Ruellan,CNRS-França e a equipe de solos da ESALQ de Piracicaba. Curso concentrado e realizado nas dependências de uma Escola Agrícola em Espírito Santo do Pinhal - SP (10 créditos). Neste curso, os conhecimentos teóricos e empíricos se interconectaram e realizamos em equipe vários trabalhos como “Analise da Cobertura pedológica”, de uma área delimitada previamente. “UMA GRANDE REALIZAÇÃO”!
Como não havia conseguido dispensa das atividades na UFPR, no 2º semestre de 1997 decidi cursar, como ouvinte, uma disciplina no MADE/UFPR, que me despertou grande interesse: Epistemologia da complexidade - tendo como docente a professora Iria Zanoni Gomes. Foi um curso excelente, proporcionando grande reflexão a partir das leituras de Capra, Prigogine e Atlán.
No primeiro semestre de 1998 cursei a disciplina: Visualização da Informação geográfica - Teoria e Técnica, na USP, ministrada pela professora Regina Araújo Almeida. Em julho de 1999 me qualifiquei e me preparei para viajar. Em 1/10/1999 parti para a França com uma Bolsa sanduíche no Laboratoire Espace et Culture - Paris IV Sorbonne - sob a orientação do professor Paul Claval. Fixei residência na Maison Avicene na Cité Universitaire em Paris. Foi um intenso período de desafios, estudos e aprendizados tendo em vista a elaboração da tese. Com as leituras e a orientação do professor Claval houve uma mudança no projeto de pesquisa e os mapas mentais foram o principal aporte para o desenvolvimento da pesquisa empírica.
O período de vigência da bolsa foi de outubro de 1999 a janeiro de 2000. Terminei de escrever a tese e defendi em 23/11/2001, com o título: “Das imagens às linguagens do geográfico: A Curitiba capital ecológica”. Enfim, estava titulada para encarar a vida acadêmica sem restrições.
Um momento de grande realização profissional e emocional, sobretudo para mamãe, que estava muito feliz com a filha doutora pela USP, a maior e mais conceituada universidade do país. Um sonho familiar realizado.
A trajetória relacionada à titulação acadêmica tem mais um capítulo em 2010 (1/8/2010 a 31/12/2010) com o Estágio de Pós-doutorado realizado no LABOTER, na UFG, em Goiânia/GO, sob a supervisão da Profa. Maria Geralda de Almeida, a quem dedico grande apreço e admiração. A pesquisa proposta foi o “Delineamento paradigmático e aprofundamento teórico-metodológico sobre: ‘espaço e representação’ e ‘geografia humanista/cultural’”, que teve por objetivo “Identificar e analisar os ‘paradigmas que sustentam a abordagem Humanista/cultural’ na geografia brasileira contemporânea”.
Os aprendizados foram muitos com a inserção em atividades e projetos realizados no LABOTER, cujo enfoque era basicamente em Geografia Humana. Participei de trabalhos de campo na Comunidade Quilombola dos Kalunga e, em Goiânia, acompanhando pesquisadores que estudavam Folias de Reis e Festejos da padroeira em Moquém, GO. Neste período tive a oportunidade de conhecer e estabelecer parceria com a brilhante pesquisadora italiana Giuliana Andreotti, que na ocasião era professora visitante na UFG. Participamos juntas, com um grupo de alunos, em um trabalho de campo em Brasília, desenvolvendo pesquisa sobre Geografia emocional. Este trabalho gerou a publicação de Andreotti “Brasília, capital de paixões antes que de poder”, publicado na revista Presença Geográfica, UNIR – vol. 03, n.01, 2016. Houve, ainda, o desenvolvimento de cooperação científica e técnica entre as instituições envolvidas, como a realização de atividades previstas nos protocolos de cooperação estabelecidos entre os Departamentos de Geografia das Universidade Federal de Goiás e a Universidade Federal do Paraná. Posteriormente, recebi o convite da professora Giuliana para atuar como professora visitante na Universitá degli Study di Trento - Itália (Dipartimento di Filosofia, Storia e Beni Culturali), o que ocorreu no período de janeiro a 31 de julho de 2011.

COM A CHANCELA DO DOUTORADO A VIDA ACADÊMICA SE INTENSIFICA

Com a defesa do doutorado as atividades na UFPR se intensificam. Além da docência na graduação e na especialização, elaborei um projeto na área ambiental: “Diagnósticos e perspectivas da Educação ambiental na Bacia do Alto Iguaçu e Região Metropolitana”, subprojeto de pesquisa integrada ao projeto: “Apropriação da natureza
FIGURA 26 – Momento da defesa. Professores que compuseram a banca e minha família presente.
e tipologia de paisagens da Região Metropolitana de Curitiba e Bacia do Alto Iguaçu”. Este projeto tinha por objetivo estabelecer um diagnóstico sobre os Projetos de Educação ambiental desenvolvidos nos municípios integrantes da Bacia do Alto Iguaçu e Região Metropolitana.
Como integrante do Projeto PROLICEN/LICENCIAR dei continuidade, no LABOGEO, ao projeto “Feira Geográfica Itinerante”, com a realização de palestras, cursos e feiras, na perspectiva de divulgar o curso de Geografia e estabelecer parcerias com os professores que atuavam nas escolas de Ensino Fundamental e Médio, e o LABOGEO.

PUBLICAR É PRECISO ...

Logo após concluir o mestrado, em 1991, elaborei o primeiro artigo: “Análise crítica das representações cartográficas nos livros didáticos de 1º e 2º graus”, que foi publicado no Boletim Paulista de Geografia (70), 2º sem. AGB-SP, São Paulo, 1991.
Os ecos de uma intensa trajetória pelas searas do ensino de geografia ainda se faziam presentes com a dissertação defendida recentemente e várias publicações subsequentes.
Em 1996, quando já atuava como docente da UFPR, houve o convite da Editora FTD para escrever um livro de Metodologia para professores de Geografia. A experiência de vários anos trabalhando com a capacitação de professores de Geografia serviu de base para desenvolver essa obra. Convidei o Prof. Roberto Filizola para escrevermos em parceria algo que preenchesse a lacuna percebida na formação dos docentes, em vários cursos que atuamos conjuntamente.
Assim, em novembro de 1996 foi publicado o livro: “Didática de Geografia: Memórias da Terra. O Espaço vivido”, publicado pela Editora FTD, São Paulo-SP, fazendo parte da coleção Metodologias.
No mesmo ano, publiquei na Revista Ra’E Ga – O espaço geográfico em análise (1), Departamento de Geografia da UFPR, o artigo “Subsídios ao conceito espontâneo em localização espacial e o ensino da geografia”. Ressalta-se a importância do entendimento das inter-relações existentes no espaço geográfico, para que as pessoas tenham clareza quanto aos conceitos que envolvem essa compreensão. Nessa perspectiva, propus averiguar como o conceito de "localização espacial" é elaborado por alunos de diferentes faixas etárias, tendo como aporte o Construtivismo Piagetiano. A pesquisa teve por objetivo demonstrar a importância de se conhecer como os conceitos geográficos são construídos e sua implementação no ensino de 1° e 2° graus.
Em 1998, ainda, movida pelo questionamento sobre o papel da Geografia nos currículos escolares elaborei o artigo “Ensinar geografia no terceiro milênio. Como? Por quê?”, publicado na Revista Ra’E Ga – O espaço geográfico em análise. O objetivo foi discutir o conhecimento geográfico nos diferentes momentos históricos, marcado pela dinâmica social, assim como seu reflexo no ensino fundamental, médio e universitário, propondo analogias entre o fazer pedagógico vigente e os diversos paradigmas. A proposta era propiciar a reflexão quanto à importância da geografia para os habitantes do Planeta Terra, no século XXI.
Com o desenvolvimento do projeto “Maquete ambiental” junto aos alunos do Colégio Leôncio Correia, EPSG, em 1999, documentei e apresentei os resultados obtidos no artigo “Produção e reprodução do espaço na escola: o uso da maquete ambiental”, que foi publicado na Revista Paranaense de Geografia. No mesmo ano, em parceria com Amélia Nogueira, foi elaborado o artigo “A geografia das representações e sua aplicação pedagógica: contribuições de uma experiência vivida”, que foi publicado na Revista do Departamento de Geografia (13), da FFLCH - USP.
Nesse período eu tinha concluído os créditos do doutorado e tanto eu como Amélia desenvolvíamos pesquisa relacionada às representações e os mapas mentais, sob a orientação da Profa. Maria Elena Simielli. O objetivo deste artigo era ampliar as discussões a respeito da geografia, que se constroem a partir da apreensão do espaço vivido, ressaltando as percepções e representações do espaço e tendo como pesquisa empírica experiências realizadas com alunos. A partir do debate sobre “mapas mentais”, com o respaldo em vários autores, propusemos uma ampliação do entendimento do conceito de representação e sua importância no cotidiano das pessoas.
Em novembro de 2001, o colega de departamento Francisco Mendonça e eu organizamos o primeiro Colóquio Nacional de Pós-Graduação em Geografia, tendo como temática central “A epistemologia da geografia contemporânea face a sociedade global”. O colóquio teve uma conferência/debate com o Professor Paul Claval e três mesas redondas temáticas: Geografia Crítica, Geografia Ambiental e Geografia Cultural, ramos da geografia brasileira que sobressaíam como importantes correntes do pensamento geográfico brasileiro. Esse evento teve por objetivo fortalecer a pós-graduação que se estruturava no Departamento de Geografia da UFPR. Tive oportunidade de participar das discussões na Mesa redonda sobre Geografia cultural, expondo parte da pesquisa desenvolvida no doutorado sobre as Representações no geográfico.
A preocupação com as representações espaciais sempre esteve presente, tanto no cotidiano dos grupos sociais como nas pesquisas geográficas, sendo posteriormente estruturadas pela cartografia, incorporando aportes linguísticos, da comunicação, cultura, valores, significados e ideologias. O conceito de representação espacial para os geógrafos se estrutura na fusão de várias correntes contemporâneas, incorporando o conceito de representação social oriundo da sociologia da representação ao arcabouço da psicologia social. (4) Esse colóquio gerou o livro: “Elementos de Epistemologia da geografia contemporânea”, publicado pela Editora da Universidade Federal do Paraná, em 2002, com impressão da 2ª edição em 2004.
Ainda decorrente da pesquisa da tese publiquei, em 2005, um capítulo do Livro: “A Aventura cartográfica. Perspectivas, pesquisas e reflexões sobre a cartografia humana”, organizado por Jörn Seemann. O capítulo intitulado “Comunicando e representando: mapas como construções socioculturais” evidencia que uma imagem, ao ser construída ou decodificada, passa por diversos filtros e linguagens e este caminho propicia desvendar os marcos significativos das representações, perpassados pelos aspectos socioculturais.
As pesquisas com viés ambiental se intensificam com os projetos desenvolvidos tanto no LABOGEO “A geografia do cotidiano e a construção da maquete ambiental”, como na docência do curso de Especialização em Ensino de geografia e Educação ambiental, na UFPR e no projeto Banpesq: “Diagnósticos e perspectivas da Educação ambiental na Bacia do Alto Iguaçu e Região metropolitana”. Essas pesquisas geraram alguns artigos como “Educar ‘ambientalmente correto’ desafio ou simulacro para a sociedade consumista do século XXI?”. Neste artigo procurei evidenciar aspectos da crise ambiental e de percepção, o que exige ressignificação das maneiras de apropriação do espaço e das relações sociais ressaltando, ainda, a importância da educação ambiental para além da retórica, em direção a ações transformadoras.
No livro “Geografia, ciência do complexus: ensaios transdisciplinares”, organizado por Aldo Dantas da Silva e Alex Galeno, em 2008, publiquei o artigo: “Das ‘velhas certezas’ à (Re) significação do geográfico”. Neste artigo, refleti sobre a busca e a superação do pensamento dicotômico que separa sociedade e natureza, destacando a importância dos aspectos socioculturais para a compreensão do espaço geográfico, ressaltando a necessidade de compreender os fenômenos em sua inteireza, pois entendemos que os estudos de partes isoladas não nos permitem apreendê-los em sua essência.
Com o incentivo da CAPES/ PROCAD/Amazônia, integrando UNIR e UFPR, foi possível ampliar as parcerias com o Projeto “A Festa do Boi Bumbá em Parintins - AM: Espaço e Representação”, integração que ocorreu no período de 2007 a 2011. Com a inquietação de um grupo de amigos surgiu o ousado e desafiador projeto, cujas questões norteadoras foram: Qual seria o papel do boi na cultura amazônica? Como os festejos relacionados ao boi surgiram e se estruturaram em Parintins, uma ilha situada no rio Amazonas?
O objetivo do projeto foi investigar as representações culturais das comunidades ribeirinhas, ao longo dos rios Amazonas e Madeira, no que tange à festa do Boi Bumbá, bem como identificar o processo de formação das comunidades ribeirinhas a partir de sua história recente e referencial espacial, por meio de discussão teórica e trabalho de campo com equipe interdisciplinar e interinstitucional, visando pesquisar a identidade cultural e sua espacialidade. Para investigar o que se propunha era necessário ir a campo. Assim, o professor Josué, docente da UNIR, organizou e coordenou uma expedição que nos possibilitou ir a campo. Um barco recreio, típico dos meios fluviais amazônicos foi fretado para a viagem de 29 dias, percorrendo os rios Madeira e Amazonas. Partimos de Porto Velho, com destino a Parintins, aportando em alguns núcleos urbanos e comunidades ribeirinhas, investigando as representações culturais ao longo do trajeto, quando vivemos situações que causaram variadas sensações: surpresa, medo, êxtase ou até indignação. A equipe de pesquisa foi uma mescla de graduandos, pós-graduandos e professores/pesquisadores. Os representantes da UNIR foram: Prof. Josué da Costa Silva, Profa. Maria da Graça Nascimento Silva, pós-graduandos Wendell Tales de Lima, Gustavo Abreu e Adnilson de Almeida Silva, além dos graduandos em Geografia, Lindinalva Azevedo de Oliveira e Josimone Batista Martins. Os professores da UFPR foram: Salete Kozel, Sylvio Fausto Gil Filho e Roberto Filizola; os pós-graduandos em Geografia Fernando Rosseto Galego, Ana Helena C. de Freitas Gil; e os graduandos Camila Jorge, Mayara Morokawa e Leandro Bamberg.
Como pesquisadores convidados tivemos a companhia do Prof. Paul Claval, da Paris IV Sorbonne e Benhur Pinós da Costa, da UFAM. Na condução e comando do barco o experiente capitão João, auxiliado por mais 5 tripulantes, entre eles Dimas, um brilhante cozinheiro. Nossa expedição foi empreendida entre 10 de junho e 7 de julho de 2007. Vivemos uma experiência ímpar e inusitada, que relatamos no livro: EXPEDIÇÃO AMAZÔNICA: Desvendando espaço e representações dos festejos em comunidades amazônicas. “A festa do boi-bumbá: Um ato de fé”.
Enfim, “(...) o barco que navegou pelas águas dos rios da Amazônia levando nossos primeiros olhares, nossas emoções, nossos sonhos, nos apresentou uma Amazônia única e pessoal. Sentimo-nos como os primeiros geógrafos a desvendar um mundo novo”. Os resultados das pesquisas foram documentados na publicação acima citada, que veio a lume em 2009. O livro é composto por 11 artigos, organizados em tópicos: Festividades e religiosidade na Amazônia, O brincar de boi em Parintins, Imagens fotográficas da Expedição Amazônica e Múltiplas representações: questão indígena, esporte, educação e saúde. Lembro que todos os artigos foram elaborados pelos integrantes da expedição.
Cabe ressaltar que os mapas mentais foram o eixo norteador da pesquisa que desenvolvemos em parceria com Luciley de Feitosa Souza, em Parintins, com o título: “Parintins, que espaço é esse? Representação espacial sob a ótica do morador e do visitante”. “A pesquisa nos levou a perceber as significações tanto individuais como coletivas que emergem no espaço parintinense. Os mapas mentais como aporte metodológico nos propiciaram refletir sobre os homens históricos e sociais que ao longo de suas vivências e experiências incorporam diferentes vozes, criando um complexo universo de signos, propiciando o Dialogismo”.
A parceria UFPR/UNIR iniciada com o PROCAD Amazônia, foi ampliada entre as duas instituições, em 2011, com a aprovação do DINTER. Com a inquietação em busca das origens das festividades do boi na Amazônia em 2009 fomos a São Luiz no Maranhão, juntamente com Josué e Roberto, integrantes da expedição amazônica, participar dos festejos do Bumba meu boi. Nessa busca, detectamos que a origem da festividade tem o seu embrião no estado do Maranhão. Ouvimos depoimentos de que se brinca de boi nas diversas comunidades maranhenses há mais de 100 anos, se constituindo numa tradição cultural. Com a migração de contingentes nordestinos para a Amazônia, no ciclo da borracha, a tradição relacionada à festa do boi se expandiu para este espaço.
As festividades relacionadas ao boi nos motivaram a aprofundar o tema com o projeto “Espacialidades da Festa do boi no contexto das festividades em território brasileiro” (2012 a 2015), tendo como objetivo investigar o papel do festejo do boi na estruturação do espaço brasileiro, tendo em vista a reflexão sobre a espacialidade e as territorialidades, à luz da Geografia Cultural. Com esse projeto procuramos revelar o que esses festejos possuem em comum. O boi de mamão, por exemplo, é um espetáculo festivo, que consegue colocar nas ruas os problemas da sociedade e, através da música e do humor, criticá-los. Há quem diga que essa brincadeira do litoral paranaense cura todos os males... O boi-bumbá amazônico, por sua vez, incorporou ao mito da morte e ressurreição do boi, ritos indígenas. Nas quentes noites do festival guajaramirense os brincantes compõem tribos que dramatizam nas pistas do bumbódromo rituais que promovem o reviver do boi. Coreografias incorporam mitos e lendas da Amazônia para potencializar os poderes de um pajé. O mesmo pode ser dito em relação aos festejos em São Luís, no Maranhão, e em Santo Antônio de Leverger, no Mato Grosso, onde, igualmente, os costumes sofrem mudanças ao mesmo tempo em que oferecem resistência à exploração imposta pelas relações de poder. Não se trata, portanto, de uma tradição congelada no tempo, mas de um conjunto de práticas integrantes da cultura popular. Neste projeto foram desenvolvidas quatro teses de doutorado: Maísa F. Teixeira (2014), com o tema: As representações espaciais simbólicas e os sentidos do lugar da Festa do Boi à serra em Santo Antonio de Leverger/MT; Luciléa F. Lopes Gonçalves (2016), com o tema: Entre sotaques, brilhos e fitas: tecendo geograficidades por meio dos bois Rama Santa e Maioba; Roberto Filizola (2014), Duelo na Fronteira: entre a dimensão de uma nova espacialidade e a construção de uma identidade de resistência; e, Beatriz Furlanetto (2011), com a tese: Paisagem sonora do boi-de-mamão no litoral paranaense: a face oculta do riso.
A pesquisa “Das imagens às linguagens do geográfico: Curitiba, a Capital ecológica”, defendida como tese de doutorado no Departamento de Geografia da USP – São Paulo, em 2001, teve como objetivo investigar como as pessoas constroem e decodificam signos referentes ao espaço geográfico, tendo como parâmetro o estudo de caso sobre Curitiba, a “Capital ecológica”, cuja estratégia metodológica foi desenvolvida por meio de mapas mentais e turísticos, visto que essas representações podem refletir condutas e atividades cotidianas das pessoas em relação ao ambiente, tornando-se o fio condutor das práticas dos sujeitos num movimento constante de pensar, sentir e agir.
Desde a defesa da tese, o trabalho com mapas mentais foi se consolidando e inúmeras monografias, dissertações e teses se estruturaram, reforçando a validade e a importância desse procedimento metodológico, que recebeu o nome de “Metodologia Kozel”. Essa perspectiva me motivou a publicar a tese, o que aconteceu em 2018, pela Editora da Universidade Federal do Paraná, abrilhantada com o prefácio do estimado Professor Paul Claval, emérito pesquisador da Université Paris IV Sorbonne - França.
A síntese do trabalho de pesquisa e de orientação, com a metodologia que desenvolvi a partir dos Mapas mentais, foi estruturada na obra: “Mapas mentais: Dialogismo e Representação”.
Tive a grata satisfação de ter essa obra prefaciada pelo eminente Professor Oswaldo Bueno Amorim Filho, da PUC/MG. O livro foi organizado em duas partes: a primeira, “Um panorama sobre os Mapas mentais”, onde estruturei teoricamente o tema, enfatizando aspectos importantes de sua aplicação nas pesquisas, sobretudo como diagnóstico e aspectos controversos apontados pela subjetividade inerente. A segunda, “Dando voz aos protagonistas da pesquisa”, é constituída por vinte artigos evidenciando as pesquisas desenvolvidas por meus ex-orientandos, abordando temas variados com a aplicação da metodologia dos mapas mentais, como: Representação e ensino, Educação indígena, Educação ambiental, Percepção e representação da paisagem e do lugar, Representação do turismo e Espacialidades das festas.
Cabe ressaltar, ainda, a importância das parcerias estabelecidas entre a UNIR e a UFPR que, após a realização do PROCAD/Amazônia, com a expedição geográfica, cursos e orientações de teses, tivemos aprovado o DINTER/UNIR/UFPR. Foi um processo de aperfeiçoamento acadêmico, em que 22 professores foram selecionados e dentre eles estiveram sob a minha orientação: Alex Mota dos Santos, Gustavo do Amaral Gurgel, Gustavo Henrique de Abreu Silva e Klondy Lúcia de Oliveira Agra. Após trilhar pelas searas da pesquisa teórica e empírica e vários trabalhos de campo, todos defenderam suas teses. Alex com a tese intitulada: Cartografia dos povos e das terras indígenas de Rondônia (2014); Gustavo Gurgel com Geografia da Re-Existência: Conhecimentos, Saberes e Representações geográficas na Educação Escolar Indígena do Povo Oro Wari - RO (2016); Gustavo Abreu com a tese: A paisagem musical rondoniense: poéticas de uma urbanidade beradera (2016); e, Klondy, com Águas da Amazônia: sentidos, percepções e representações (2015).
Ainda sob esse prisma, vale ressaltar que foram publicados artigos síntese da tese de Gustavo Amaral e de Alex, na obra “Mapas mentais: Dialogismo e Representação”, por desenvolverem procedimentos metodológicos utilizando os mapas mentais; o artigo do Gustavo intitulado: Mapas mentais e as representações geográficas na educação escolar indígena do povo OroWari-RO; e, de Alex Mota dos Santos, O olhar de professores indígenas de Rondônia sobre o lugar. Com a orientação dessas pesquisas tive a oportunidade de participar de vários trabalhos de campo em aldeias indígenas no estado de Rondônia e conhecer uma realidade até então desconhecida. Dessa parceria também decorreu o convite para participar como coautora da obra: Geografia da Re-existência: conhecimento, saberes e representações geográficas na educação escolar indígena do povo OroWari-RO, juntamente com Gustavo Amaral Gurgel, em 2019.
Em 2013, na UFG foi organizada uma publicação em homenagem ao eminente geógrafo Paul Claval: “É geografia é Paul Claval”, Editora FUNAPE/UFG, Goiânia, GO, tendo como organizadores Maria Geralda Almeida e Tadeu Alencar Arrais. Convidada a participar, surge o artigo “Contribuição de Paul Claval à Geografia Brasileira”, escrito em coautoria com Luciley de Feitosa, uma ex-orientanda da UNIR.
Ao pensar a trajetória acadêmica sob o prisma das parcerias e ampliação dos horizontes, emerge a ponta de um grande iceberg: a fundação da rede NEER (Núcleo de Estudos em Espaço e Representação), em 2004, no DGEO/ UFPR. Surge durante um importante Evento da pós-graduação, realizado em Florianópolis, em 2002, no momento em que muitos pesquisadores da ciência geográfica se encontravam inquietos ao perceber que suas pesquisas não se encaixavam nos temas propostos. Observou-se que 66% dos trabalhos apresentados caracterizavam-se na categoria OUTROS, inclusive o meu trabalho. Algo estranho estava acontecendo! Afinal, qual era a proposta dos pesquisadores encaixados em OUTROS? Basicamente questões sociais, culturais, ambientais, e do ponto de vista teórico epistemológico, fundamentados na teoria da representação.
Diante dessa realidade, pensamos em convidar colegas que compunham este grupo para criar um novo espaço, onde fosse possível amplificar e aprofundar o diálogo acerca das pesquisas marcadas pelos fundamentos teóricos e metodológicos ligados à Geografia Social e à Geografia Cultural, e tendo como fio condutor a teoria das representações.
O embrião desse grupo, com ampla vivência nas chamadas geografias marginais, foi formado pelos professores Oswaldo Bueno Amorim Filho (PUC-MG), com experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia Urbana, atuando principalmente com cidades médias; e também com Geopolítica, epistemologia da Geografia e Geografia humanista cultural; Sylvio Fausto Gil Filho (UFPR), com atuação em Geografia Cultural, epistemologia da Geografia Humana, Geografia da Religião e Filosofia da Religião; e, Salete Kozel (UFPR), com desempenho em Geografia, Ensino e Representação, Educação ambiental, Estudos de percepção em Geografia, Mapas Mentais, Linguagem e Representação, Geografia e manifestações culturais. (5)
Aproveitando a presença do Prof. Paul Claval, pesquisador da Universidade de Paris IV Sorbonne - Paris, que se encontrava na UFPR participando de atividades acadêmicas, apresentamos, para sua apreciação, nossa proposta de criação do Núcleo de estudos. Tendo seu aval, nos reunimos para o “lançamento da pedra fundamental”, em 19 de outubro de 2004, nas dependências do Departamento de Geografia da UFPR.
O incentivo e o aval do Prof. Paul Claval nos encorajaram a dar prosseguimento à proposta, e estendemos o convite para alguns colegas comporem o grupo, realizando, em 2006, o primeiro Colóquio do NEER, nas instalações da UFPR, em Curitiba.
As primeiras parcerias ocorreram em 2004 e 2005, e envolveram o Prof. Dario de Araújo Lima (FURG), com inserção em Geografia Cultural e Curadoria, destacando produção científica de curadoria e pesca artesanal; Josué da Costa Silva (UNIR), com atuação em Geografia Cultural, Espaço e Representações, Religiosidade Popular, Populações Tradicionais; Maria Geralda Almeida (UFG), com destacada atuação na área de Geografia Cultural, particularmente temas como: Manifestações Culturais, Turismo, Territorialidade e Sertão; Álvaro Luiz Heidrich (UFRGS), com inserção em Geografia Humana, atuando com os temas: Geração e perda de vínculos territoriais, Territorialidades humanas, Identidade e Globalização; Nelson Rego (UFRGS), proveniente da Educação, com atuação em Ensino e Representação, com ênfase em geração de ambiências e instrumentalização para o ensino de Geografia; Icléia Albuquerque de Vargas (UFMS), atuante nas áreas da Geografia e da Educação, principalmente com os temas: Educação Ambiental, Geografia Cultural, Pantanal, Meio Ambiente, Turismo e Percepção Ambiental; Ângelo Serpa (UFBA), atuante nas áreas de Geografia Urbana, Geografia Cultural, Planejamento Urbano e Planejamento Paisagístico; Wolf Dietrich Sahr (UFPR), atuando com Geografia Social e Geografia Cultural; Roberto Filizola (UFPR), voltado ao Ensino e Representação de Geografia e Formação de professores, Fronteira Emocional em espaços escolares, Metodologia do Ensino e Interculturalidade, na perspectiva das geografias emocionais Alexandre M. Diniz (PUC/MG) com experiência na área de Geografia Humana, atuando principalmente com Geografia do Crime e da Violência, Geografia Urbana e Geografia Regional.
Como se pode observar, esse grupo de pesquisadores, embora com formação diversa e atuação distinta, tinham sua inserção nas áreas cultural, social e ambiental, tangenciando planejamento e educação. Nessa perspectiva, o NEER se propôs a ampliar e aprofundar a abordagem cultural na Geografia, focando nos estudos sobre o espaço e suas representações, entendendo as representações como uma ampla mediação, que permite integrar o social e o cultural, além de contemplar a temática do ensino de Geografia. Isso exposto, em novembro de 2006 foi realizado o I Colóquio do NEER (Núcleo de Estudos em Espaço e Representação), na UFPR, em Curitiba.
Com a realização do I Colóquio, o NEER se consolidou como núcleo de estudos e, de acordo com a composição dos quatro eixos temáticos (Epistemologia da Geografia, Representação e Ensino, Geografia da Religião e Territorialidades e suas representações), previamente definidos, ficou estabelecida a participação dos pesquisadores nesses grupos, tendo em vista a apresentação das pesquisas e as parcerias firmadas. Vale recordar que na reunião dos pesquisadores, ocorrida durante esse evento, ficou acordado que o NEER (Núcleo de Estudos em Espaço e Representação) seria uma rede não formal e não hierarquizada, interinstitucional. Uma rede temática que, de fato, possibilitasse a integração de Programas de Pós-graduação e de pesquisadores isolados, assim como núcleos, grupos e projetos de pesquisa. Ficou definida a realização do II Colóquio, em 2007, em Salvador, na UFBA, sob a coordenação do Prof. Dr. Ângelo Serpa, o que de fato se consumou.
Em 2007 foi lançada uma publicação que sintetizou as apresentações dos pesquisadores no I Colóquio Nacional do NEER, ocorrido em 2006, em Curitiba. Trata-se do livro “Da percepção e cognição à representação: reconstruções teóricas da Geografia Cultural e Humanista” - SILVA, J. da C.; GIL FILHO, S. F.; e KOZEL, S. (org.), refletindo a vitalidade da escola cultural da geografia brasileira e sua capacidade de explorar novos rumos, cruzar tradições e reinterpretar esses domínios.
Nessa obra publiquei o capítulo: “Mapas mentais - uma forma de linguagem: perspectivas metodológicas”, evidenciando o mundo cultural como um mundo que ultrapassa a soma de objetos, que tem uma forma de linguagem que emerge do sistema de relações sociais onde se imbricam valores, atitudes e vivências e essas imagens passam a ser entendidas como Mapas mentais.
O II Colóquio Nacional do NEER ocorreu no período de 5 a 8 de dezembro de 2007, em terras soteropolitanas e teve como tema Espaços Culturais: Vivências, Imaginações e Representações. O evento teve o Professor Claval como conferencista e consolidou o NEER como rede de discussões e parcerias. Foram convidados mais três colegas e o NEER passou a contar com 18 pesquisadores, envolvendo 12 programas de Pós-Graduação em Geografia.
Os trabalhos apresentados, as discussões e reflexões que ocorreram durante o evento, foram publicados no livro “Espaços Culturais: vivências, imaginações e representações”, organizado por Ângelo Serpa e publicado pela EDUFBA, em 2008. Após a reunião dos integrantes da rede foi definido que o III NEER aconteceria em Porto Velho (RO), em 2009, sob a coordenação do Professor Josué da Costa Silva, com o tema Espaço e Representações: Cultura e Transformações de Mundos. O Colóquio ocorreu no período de 01 a 06 de novembro de 2009, com ampliação dos temas abordados pelos pesquisadores nas mesas redondas, incluindo Sexualidade, gênero e representação do espaço; Modos de vida: imaginário e representação do lugar; e, A poética cultural da Amazônia: nossas representações. Foi enfatizada a questão regional da Amazônia, sua cultura e modos de vida, o que foi aprofundado pelos convidados que pesquisam a realidade local. Na ocasião tivemos como convidada a pesquisadora Giulliana Andreotti, professora da Universitá degli Studi di Trento, Itália.
É importante destacar que dois dos pesquisadores convidados que participaram do evento, Adnilson de Almeida Silva e Lucileyde Feitosa Sousa, integravam o PROCAD-UNIR/UFPR, envolvendo UFPR e UNIR, numa parceria de capacitação docente para o Curso de Geografia, e que teve início em 2008 e término em 2011. Adnilson defendeu a tese intitulada “Territorialidades e identidade do coletivo Kawahib da terra indígena Uru-Wau-wau em Rondônia: Orevaki até (reencontro) dos marcadores territoriais”, em 31/03/2010, sob a orientação do Prof. Sylvio Fausto Gil Filho (UFPR) e tendo como coorientador o Prof. Josué da Costa Silva (UNIR). Lucileyde defendeu a tese: “Espaços dialógicos dos barqueiros na Amazônia: uma relação humanística com o rio”, defendida em 2012, orientada pela Profa. Salete Kozel (UFPR) e tendo como coorientador o Prof. João Carlos Sarmento, da Universidade do Minho (Portugal), onde realizou bolsa sanduíche entre 20/01/2011 e 20/07/2011. Nessa ocasião, ainda, foram convidados para compor o NEER os colegas: Joseli da Silva (UEPG), Rooselvelt José Santos (UFU), Gilmar Mascarenhas (UERJ), Wendel Henrique (UFBA). Christian Dennys Monteiro de Oliveira (UFC), Claudia Zeferino Pires (UFRGS), Jean Carlos Rodrigues (UFTO), Maria das Graças Silva Nascimento Silva (UNIR) e Sonia Regina Romancini (UFMT).
Destarte, a rede NEER agregou mais sete pesquisadores, totalizando 25 integrantes e envolvendo 17 programas de pós-graduação em Geografia. Após o evento ficou estabelecido que o IV Colóquio do NEER ocorreria em 2011, em Santa Maria – RS, sob a coordenação do Prof. Benhur Pinós da Costa. O IV Colóquio Nacional do NEER ocorreu no período de 22 a 25 de novembro de 2011, em Santa Maria - RS, tendo como tema: As múltiplas espacialidades culturais: interfaces regionais, urbanas e rurais. Este evento, com um grupo maior, possibilitou dar maior visibilidade às linhas de pesquisa dos integrantes da rede NEER e seu fortalecimento com os Grupos de Trabalho coordenados pelos pesquisadores da área.
Em 2010, durante o pós-doutorado no LABOTER – IESA/UFG, desenvolvi a pesquisa sobre a Geografia Cultural e Social no Brasil, que gerou o artigo “Um panorama sobre as geografias marginais no Brasil”, publicado no livro “Maneiras de ler geografia e cultura”. Essa publicação sintetizou as reflexões ocorridas no evento e teve como organizadores: Álvaro Luiz Heidrich, Claudia Luiza Zeferino Pires e Benhur Pinós da Costa. Desta forma, os eixos das linhas de pesquisa do NEER são: Espaço e Cultura (urbano, agrário e regional), com onze pesquisadores; Ensino e Representação, com nove pesquisadores; Festas e festividades populares e turismo, com oito pesquisadores; Populações tradicionais, Território/Identidade e Cidadania - Sertão, Amazônia, com sete pesquisadores; Cultura e Comunicação, com quatro pesquisadores; Memória e Patrimônio, com quatro pesquisadores; Espaço e Religião/Santuários, com quatro pesquisadores; Espaço político, social e cultural-, com dois pesquisadores, e Teoria da Geografia Cultural, com dois pesquisadores.
Ao final do evento ficou definido que o V Colóquio Nacional do NEER se realizaria de 26 a 30 de novembro de 2013, em Cuiabá, sob a coordenação da Profa. Sonia Regina Romancini, da UFMT. O V Colóquio Nacional do NEER - Núcleo de Estudos em Espaço e Representação ocorreu no período de 26 a 30 de novembro de 2013, em Cuiabá-MT, tendo como tema: As representações culturais no espaço: perspectivas contemporâneas em Geografia. Os trabalhos apresentados, reflexões dos GTs e as mesas foram documentados na publicação eletrônica: “As representações culturais no espaço: Perspectivas contemporâneas em Geografia”. ROMANCINI, S. R.; ROSSETO, O. C.; NORA, G. D. (orgs.).Após este colóquio, a rede NEER passa a ser composta por 25 pesquisadores, vinculados a 19 instituições nacionais e uma americana (Jörn Seemann, Ball State University).
O VI Colóquio do NEER foi previsto para Fortaleza (CE), em novembro de 2016, sob a coordenação do Prof. Christian Dennys Monteiro de Oliveira, quando o NEER completaria 10 anos de existência, implícito no tema “Os outros somos nós - 10 anos de NEER”, tendo ocorrido no período de 20 a 26 de novembro de 2016, em Fortaleza, conforme previsto. Neste evento Alessandro Dozena da UFRN foi convidado a integrar a rede NEER.
Neste colóquio, Sylvio e eu proferimos a conferência de abertura apresentando um resumo dos 10 anos do NEER, o que ficou registrado nos anais do Evento com a publicação: Os outros somos nós - NEER (2006-2016).

A síntese dos primeiros 10 anos do NEER, enfatizando as parcerias e os eventos realizados:  Cinco Colóquios, em diferentes realidades brasileiras, sempre alternando a coordenação (Curitiba - PR, Salvador - BA, Porto Velho - RO, Santa Maria - RS, Cuiabá - MT e Fortaleza - CE).  Realização de um PROCAD e um DINTER, integrando a UFPR e a UNIR, titulando vinte doutores.  Foram realizadas cinco publicações, sendo duas digitais, contendo o teor das conferências, mesas redondas e artigos apresentados nos eventos.  Dois pós-doutorados: Salete Kozel (UFPR), sob a tutoria de Maria Geralda Almeida (UFG) e Sylvio Fausto Gil Filho (UFPR) sob tutoria de Álvaro Luiz Heidrich (UFRGS).  Inúmeras bancas de defesa de teses e de dissertações, bem como de concurso na UFPR, UFRS, UFMT, UFU, UFG, PUC-MG, UFC.  Parceria entre colegas na realização de cursos na pós-graduação.  Trabalho de campo em parceria: Expedição Amazônica - UFPR/UNIR, e Festança de Vila Bela da Santíssima Trindade - UFPR/UFMT, ambos gerando publicações como produto.
O VII Colóquio no NEER ocorreu em 2018, em Diamantina – MG, sob a coordenação de Alexandre Magno Diniz, no campus da UFVJM – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, no período de 15 e 19 de Outubro, com o tema: A metomorfose, cujo símbolo seria uma borboleta saindo da crisálida, representando a maturidade do Núcleo que, partindo de uma condição marginal, conquistando o respeito e o reconhecimento da comunidade geográfica nacional. Neste Colóquio, participei da mesa redonda: “Borboleta: Potências e perspectivas epistemológicas (Teórico e metodológicas)”, apresentando o tema: EMOÇÕES EM VÔO NAS PAISAGENS CULTURAIS: A Paisagem emocional na perspectiva de Andreotti.
Os trabalhos apresentados, reflexões dos GTs e mesas foram documentados na publicação eletrônica: Metamorfoses possíveis compartilhadas: Leituras em Geografia Cultural, DINIZ, Alexandre Magno, ALVIM, Ana Márcia Monteiro, PEREIRA, Doralice Barros, DEUS, José Antonio Souza de, PÁDUA, Letícia (orgs). Neste evento, ainda, apresentei, em coautoria com Luciléa Ferreira Lopes Gonçalves, o trabalho “Ritmos da vida, ritmos da festa: Análise da geograficidade dos brincantes do Bumba meu boi no Maranhão”, que reflete parte da tese de doutorado que Luciléa defendeu em 2016, sob a minha orientação.
Após o evento, em reunião, os gestores da rede NEER decidiram que a realização do próximo Colóquio seria na Cidade de Goiás – GO, sob a coordenação da Maria Geralda de Almeida (UFG), em parceria com os colegas da UEG. O evento estava programado para outubro de 2020, mas com a pandemia ficou adiado para um momento mais oportuno.
A rede NEER conta atualmente com 15 instituições parceiras em atividade: UFRGS e UFSM (RS); PUC/MG, UFU - UFMG (MG); UFBA e UNEB (BA); UFG e UEG (GO); UFPR e UEPG (PR); UNIR (RO); UFMT (MT); UFTO (TO); UFRN (RN); e, Ball State University (USA), com 22 pesquisadores gestores.
Contribuir na criação da rede NEER e atuar nessa incrível rede de parcerias foi sem dúvida uma das maiores e mais gratificantes fases da minha trajetória, rompendo com a dualidade da minha formação: da paixão pelos solos e pela questão ambiental para pensar a sociedade e sua dinâmica, sobretudo na ótica da cultura. Quando ainda estava na faculdade sonhava em conquistar o mundo, mas essa conquista somente se consolidou e se eternizou na trajetória ... “o caminhante faz seu caminho ao caminhar”, como escreveu o poeta espanhol Antonio Machado.
Minha trajetória foi marcada pela participação em inúmeros Eventos (Encontros, Simpósios e Seminários) Cursos, Mesas Redondas, no Brasil, Argentina, Cuba, França, Itália e Venezuela. Oportunidades e perspectivas diversas, proporcionando novos aprendizados e delineando caminhos inusitados, muitas vezes conturbados e desafiadores. Poderia ser melhor? Não sei. Sei apenas que me sinto feliz por ter batalhado para a realização de meus sonhos.
E, ainda hoje, “desaposentada”, continuo orientando teses doutorais, atuando como supervisora de pós-doutorado e organizando livro em parcerias. Em 2018, recebi o convite do amigo e parceiro da rede NEER, Nelson Rego, para fazer parte da organização de um livro digital, convênio UFRGS e Universidade do Minho - Portugal. A proposta ousada e interessante tinha o seguinte teor: Aceitamos ou não a convocação de cartografias a serem feitas e/ou analisadas? Cartografias de mundos até então invisíveis? Trata-se de uma criação que se torna viável mediante o encontro entre o pesquisador e o campo que o olhar narrativo, geográfico e cartográfico institui como campo de descobertas e representações. (6)
Com este intuito, foi organizado o livro “Narrativas, Geografias e Cartografias: para viver é preciso espaço e tempo”, composto por 43 artigos, em 1300 páginas, integrando dois volumes. É um incrível mosaico que reflete uma geografia viva, plural, múltipla e atual, uma geografia dinâmica dos espaços vivos e inquietantes. Um olhar geográfico que evidencia por meio das representações os grupos humanos. Uma cartografia sensível e muito particular, que proporciona desvelar relações espaciais visíveis e invisíveis, implícitas. E essas cartografias constituem-se em representações que constroem narrativas e geografias.

Sob este prisma, quem é Salete Kozel Teixeira? Uma professora e pesquisadora inquieta e apaixonada pelo inusitado... por desvelar as facetas do espaço geográfico e as especificidades do LUGAR ... nuances e encantos ... “a alma do lugar” que dá sentido à nossa existência.

REFERÊNCIAS

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WESTPHALEN, C.; BALHANA, A.; PINHEIRO MACHADO, B. História do Paraná. Curitiba: Grafipar, 1969.

NOTAS
1 Ato Institucional Número Cinco (AI 5) foi emitido pelo Presidente Artur da Costa e Silva, em dezembro de 1968. Forma de legislação durante o regime militar, resultando na perda de mandatos das pessoas contrárias ao regime militar.
2 PENCK, W. (1953) Morphological analysisof land forms: a contribuition tophysical geology. London, Macmillan, 420 p.
3 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO MÈDIO. Relatora Conselheira Guiomar Namo de Melo. Parecer CEB 15/98, aprovado em 01/06/98
4 DURKHEIM, E. Sociologia e filosofia, Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1970.
MOSCOVICI, S. Des Représentations colletives aux représentations sociales. IN: JODELET, D. et al. Les représentations sociales. Paris: PUF. 1989.
5 KOZEL, S.; GIL FILHO, S. F. Rememorando a trajetória...10 anos de NEER. In: OS OUTROS SOMOS NÓS - NEER (2006-2016).
6 Narrativas, Geografias e Cartografias: para viver é preciso espaço e tempo. Porto Alegre, IGEO, Editora Compasso, 2020.
Informações e Recursos Adicionais
Mapa Mental | Geografia Cultural | Fenomenologia
Midia
Foto
FIGURA 01 Eu e meus pais. Início da família Kozel Teixeira
FIGURA 02 – Nestas fotos pode-se observar o contexto da serraria, a colônia onde residíamos e as três irmãs numa rede.
FIGURA 3 - Momento de grande glamour e alegria: recebendo o diploma, com as colegas e o diploma de normalista.
FIGURA 4 – Com meus alunos da primeira série A.
FIGURA 5 - Foto da formatura e diploma FAFIPA
FIGURA 6 - A família agora passa a ser composta por três filhos: Alexandra, Larissa e Igor, presentes divinos em minha vida
FIGURA 7 - Minha turma do 3º B na Escola Leonel Franca.
FIGURA 8- Foto da solenidade de posse no cargo.
FIGURA 9 - Participação do movimento em Brasília.
FIGURA 10 - Municípios jurisdicionados ao NRE de Paranavaí.
FIGURA 11 - A turma do PREPES (Programa de Especialização de Professores do Ensino Superior) – 1986 e o certificado de conclusão do curso.
FIGURA 12 – Paraninfa em 1984
FIGURA 13 - Alguns aspectos do trabalho de campo II
FIGURA 14 - Capa da monografia e o certificado de conclusão do curso.
FIGURA 15 - Aspectos de uma exposição desenvolvida na disciplina de Cartografia, aplicando conhecimentos de geografia local; e a elaboração da maquete topográfica da área, a partir da carta topográfica
FIGURA 16 - reflete a sensação vivida no momento
FIGURA 17 – Na serra da Cantareira, com a professora Magda Lombardi e colegas de curso
FIGURA 18 – A capa da dissertação é de Paixão, cartunista do Jornal “A Gazeta do Povo”, de Curitiba -PR. A arte da capa refletia o meu processo de capacitação docente. E o certificado de mestre em Geografia
FIGURA 19 - Lurdes, Rubens, Zeca, Tania, Zezinho e Lucy. Equipe voando para mais um compromisso
FIGURA 20 - Um mosaico com imagens representando a diversidade de paisagens vivenciadas nessa trajetória pelo Brasil: Barra do Garças (MT) Aragarças (GO), banhadas pelos rios Garça e Tocantins, em 30/11/95; embarcando para Tangará da Serra, em 2/8/1994; paisagem viagem - Piauí e Floriano às margens do Rio Parnaíba; indo para o curso de carroça, em 19/09/95; Rio Amazonas, em Manaus e habitação ribeirinha num igarapé, em 10/05/95.
FIGURA 21 - Imagens do Curso: trocas de experiências nas oficinas de Cartografia e Ensino, em Caldas Novas (GO), de 5 a 7/10/1995.
FIGURA 22 - Feira Geográfica Itinerante e Maquete ambiental de Curitiba.
FIGURA 23 - Um panorama do material elaborado para o curso “Capacitação em Mapas e Maquetes: os diferentes olhares para as representações do Espaço paranaense”.
FIGURA 24 - Professor Ruelan e imagens do trabalho em campo desenvolvendo análise de perfil de solo em trincheira e utilizando o trado.
FIGURA 25 - Diploma de doutora em Geografia Física e a capa da tese “Das imagens às linguagens do geográfico: Curitiba, a capital ecológica”, ressaltando que a capa da tese e o projeto gráfico foram desenvolvidos por meus filhos Larissa e Igor
FIGURA 26 – Momento da defesa. Professores que compuseram a banca e minha família presente.
FIGURA 27- Capa do livro e os autores parceiros brindando a conquista.
FIGURA 28 – Capa do livro Expedição Amazônica
FIGURAS 29 e 30: Capas dos dois livros da tese e da Metodologia dos Mapas Mentais.
FIGURA 31 – Capa da Publicação da obra.
FIGURA 32 - LOGO NEER, uma criação de minha filha Larissa Lima
FIGURA 33 – Capa do livro: Da percepção e cognição à representação: reconstruções teóricas da Geografia Cultural e Humanística.
FIGURA 34 – Cartaz do Evento III NEER
FIGURA 35 – Cartaz do Evento IV NEER
FIGURA 36 – Cartaz do Evento V NEER
FIGURA 37 – Cartaz do Evento VI NEER
FIGURA 38 – Cartaz do Evento VII NEER
FIGURA 39 - Logo do Evento que terá como tema “Das metamorfoses às resiliências”. VIII NEER
Breve autobiografia