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Título
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OLGA LÚCIA CASTREGHINI DE FREITAS FIRKOWSKI
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Nome Completo
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OLGA LÚCIA CASTREGHINI DE FREITAS FIRKOWSKI
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Nascimento
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17 de Fevereiro de 1964
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História de Vida
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ELEMENTOS E FRAGMENTOS DE UMA CARREIRA DOCENTE. MEU PERCURSO PELA GEOGRAFIA
Olga Lúcia Castreghini de Freitas-Firkowski
Professora Titular do Departamento de Geografia da UFPR
Pesquisadora do CNPQ
1. INTRODUÇÃO
Este texto, registra as principais atividades desenvolvidas por mim ao longo de mais de 36 anos de formação em Geografia, com especial ênfase nos 28 cumprimos no âmbito da UFPR – Universidade Federal do Paraná. Tem como base o Memorial Descritivo da carreira Docente, formulado por ocasião da promoção à Professora Titular do Departamento de Geografia, Setor de Ciências da Terra da UFPR, apresentado em sessão pública (1) no dia 13 de novembro de 2019.
Mescla a subjetividade das lembranças e a objetividade dos comprovantes, guardados ao longo de tanto tempo. Mostra que o caminho profissional pela atividade científica é longo, não pode ser aligeirado pelos interesses de curto prazo. Sou produto da iniciação científica, trilhei os passos desejados para quem começa na pesquisa como estudante de graduação e passa por todos os ritos da formação: mestrado, doutorado, pós-doutorado.
No meu caminho cruzei com muita gente e cada um/a teve sua contribuição para que eu pudesse trabalhar, não se trabalha sozinho.... Foram professores/as, pesquisadoras/es, dirigentes, líderes de movimentos, servidores/as técnicos, pessoal da manutenção e limpeza, pessoas que entrevistei em tantas etapas de pesquisa, mas, sobretudo duas ‘categorias’ de pessoas devem ser ressaltadas: i) as pessoas de bem que sempre estiveram ao meu lado, meus amores, minha filha, meu filho, minha mãe, minhas irmãs, cunhados, sobrinhas e sobrinho, meus amigos e minhas amigas, minha secretária; ii) meus alunos e minhas alunas, que sempre me trataram com respeito e admiração, revelados em ocasiões públicas e também privadas, foram palavras que ouvi de agradecimento e reconhecimento pela seriedade do meu trabalho e que muito me fortaleceram ao longo dessa caminhada.
A seguir uma reflexão do meu trabalho, mas, sobretudo da minha vida, afinal, o trabalho como dimensão da vida, não pode dela estar dissociado.
2. QUEM SOU, DE ONDE VIM E COMO A GEOGRAFIA MUDOU A MINHA VIDA
Nascida Olga Lúcia Castreghini de Freitas, em 17 de fevereiro de 1964, no exato momento em que uma “tromba d’água” assolava a cidade de Presidente Prudente (SP), às 8h: 30min, uma vizinha foi chamada para realizar o parto, já que a parteira combinada, não conseguiu se deslocar devido às intensas chuvas. Sou a filha do meio, nascida da união de Anterino de Freitas e Áurea Olga Castreghini de Freitas, tendo Maria Isabel como irmã mais velha e Adriana como mais nova.
Seu Anterino - faleceu precocemente em 1996, aos 64 anos -, era policial militar e dona Áurea dona de casa, com habilidades acima do comum para a costura e a culinária! Escolaridade básica de ambos almejavam que as filhas pudessem avançar nos estudos, e assim se fez!
Superando as premências da vida material, empreenderam esforços imensos para que possibilitassem às três filhas aquilo que garantiria um futuro de autonomia: a formação superior.
Quis os mistérios da vida, que trabalhássemos as três, com a formação em Geografia: Maria Isabel Castreghini de Freitas atuou como professora do departamento de Planejamento Regional da UNESP campus de Rio Claro (SP), até o ano de 2018, quando se aposentou, mesma instituição onde fiz o meu mestrado, entre os anos de 1985 e 1989. Adriana Castreghini de Freitas Iasco Pereira atua no Departamento de Geociências da UEL - Universidade Estadual de Londrina (PR), coincidentemente, local onde iniciei minha carreira profissional no ensino público superior, como professora auxiliar de ensino no ano de 1987. Detalhe, ambas são Engenheiras Cartógrafas, também formadas pela Unesp de Presidente Prudente.
Somos - as três - doutoras, o que me faz lembrar um comentário lúcido de meu avô materno Caetano Castreghini - filho de imigrantes italianos que vieram para o Brasil para trabalhar na fazenda de café Guatapará em Ribeirão Preto – SP, ao dizer sobre um primo dentista que se intitulava doutor, que “só é doutor quem tem o diploma de doutor...” quando criança, nunca entendi muito bem o que ele queria dizer com isso... depois compreendi que se tratava de uma solene crítica ao “doutor social” e não ao diplomado, visão que ainda é frequente na nossa sociedade.
Morei em poucas cidades ao longo da vida: Presidente Prudente até o ano de 1985; Rio Claro (SP) entre 1985 e 1987, para cursar o Mestrado; Londrina (PR) quando assumi o cargo de professora na UEL entre 1987 e 1989; Curitiba (PR) desde 1989, quando optei por me exonerar da UEL por questões pessoais e afetivas: havia me casado (1988) com Henrique e estava a caminho nossa filha, Nicole (1990).
Porém, diversas inserções curtas me colocaram em contato com muitas outras cidades: Ourinhos (SP) no ano de 1985, atuando numa faculdade privada; São Paulo onde passava temporadas, em especial em 1985-86; Jaú (SP), onde lecionei numa faculdade privada, Ponta Grossa (PR), onde trabalhei na UEPG no primeiro semestre de 1991; Paris (FR) onde morei um ano quando realizei meu estágio de pós-doutorado (2007-2008) e Belém (desde 2015), refúgio maravilhoso na Amazônia que me restabelece e me faz lembrar dos meus tempos de criança, como numa escala diacrônica, onde tempos se cruzam em movimentos autônomos de tradição e modernidade. À Goretti (2) , devo essas novas experiências, que me impulsionaram para o reconhecimento desse país tão diverso e profundo, ampliando meus limites profissionais e pessoais, desde que nossas vidas se entrelaçaram há alguns anos.
Com Marcel (1992) conclui minha incursão pelo mundo da maternidade e não posso esquecer uma frase que escutei de uma renomada geógrafa dos anos 1970/80, profa. Helena Kohn Cordeiro, disse ela “imaginava tudo de você, menos que fosse mãe”, pois sou! e espero que tenha tido a lucidez de orientar minha filha e meu filho no caminho da solidariedade e da responsabilidade, tão necessárias num país como o nosso. Ninguém avança só, apenas o avanço coletivo pode resultar em conquistas efetivas e ganhos sociais.
Passados 36 anos de minha formatura na graduação (1984) e 28 anos como professora no Departamento de Geografia da UFPR (1992), esse texto apresenta uma espécie de balanço de minha trajetória, motivada pelo registro de meu percurso, mas também pelo desejo de reconhecer de onde vim e onde me situo no campo da produção do conhecimento e da formação em Geografia.
Revela-se, assim, uma mistura de lembranças de fatos e pessoas, reconhecimento de importantes momentos da história desse país imbricados na minha própria história, e a recuperação de uma trajetória que gerou muitos frutos, contribuiu com a formação de muita gente, reverberou em diversos lugares do país e fora dele.
Olhar o passado me permite entender o caminho trilhado, avaliar decisões, reconhecer limites e continuar a sonhar, os sonhos que me motivaram e me moveram pela vida afora.
Sempre me pergunto como teria sido se tivesse optado por um outro caminho, sim, sempre vivemos em bifurcações que nos oferecem mais de uma possibilidade de escolha. Contudo, o caminho que escolhi, me trouxe até aqui e a esse encontro comigo e com minha trajetória. É sobre ele que vou tratar.
Impossível relembrar de tudo, impossível tratar de tudo, no entanto, decidi escolher um caminho, que me permita lançar luzes sobre aquilo que vou denominar de “as primeiras experiências” em minha carreira.
Jamais pensei em fazer o curso de graduação em Geografia, pensei em história, jornalismo me fascinava. No entanto, vinda de uma família que tinha uma vida regrada e de dinheiro curto, acabei pleiteando uma vaga no Vestibular da UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", campus de Presidente Prudente, que à época se denominava IPEA - Instituto de Planejamento e Estudos Ambientais, desde o ano de 1989 o campus passou a se denominar Faculdade de Ciências e Tecnologia. Iniciei meu curso de graduação no ano de 1981, com 17 anos, absolutamente sem saber o que me esperava. Passei no primeiro vestibular que fiz. Uma surpresa.
Nunca soube, ao longo de toda minha vida, o que é pagar por ensino, nunca estudei em escola privada, jamais gastei um centavo com minha formação, absolutamente toda ela se fez no ensino público: primário no Grupo Escolar Arruda Mello, em Presidente Prudente, iniciado no ano de 1970, primeiro ano em que havia turmas mistas, uma revolução a reunião de meninas e meninos em uma mesma sala de aula! Ginásio na Escola Estadual Florivaldo Leal e Colegial no Instituto de Educação Fernando Costa (3).
Me lembro de alguns fatos marcantes, dentre eles o rigor da disciplina: o ato de levantar da cadeira assim que o professor/a ou diretor/a entrasse na sala de aula; a obrigatoriedade da participação nos desfiles de 7 de setembro (uma vez, inclusive, fui a porta-bandeira!); o sinal que marcava o início e o final da aula; o uniforme, primeiro saia plissada xadrez escura e blusa branca com o emblema da escola bordado no bolso, passando por um guarda-pó com o emblema não mais bordado mas decalcado e, por fim, a camiseta e calça jeans. A transformação nas regras e no vestuário eram indícios da liberação do rigor da vestimenta e da ampliação do acesso aos níveis básicos de formação escolar, ampliando essas oportunidades para parcelas mais amplas da população.
Outro fato marcante eram as aulas de francês, porque, naquela época era o francês a língua estrangeira oficial no colégio e não o inglês como na atualidade.
Me lembro de um episódio muito interessante quando estava na 7ª série, no ano de 1976 e com 12 anos, a chegada de uma nova aluna na sala, proveniente de Angola (África), uma moça branca, alta, e com um sotaque estranho, pois bem, era a fuga da guerra que marcava a retirada dos portugueses do território conquistado. Ficava fascinada com as estórias, em especial aquelas que se referiam à fuga deixando todos os bens e pertences para trás.... talvez tenha sido meu primeiro contado com uma realidade tão longínqua....
Eu nunca soube ou imaginei onde a Geografia me levaria, mas eu sabia que me permitiria mudar de vida e mudar a minha vida!
Me lembro da dedicação aos estudos, da seriedade com que sempre me lancei aos conteúdos de cada uma das disciplinas que cursei na graduação. Me lembro dos finais de semana estudando para as provas; da realização de trabalhos individuais ou em grupo, das leituras, da curiosidade pelo novo universo que se descortinava em minha vida.
Cursei as seguintes disciplinas, cujos programas ainda guardo comigo e me permitiram transcrever seus títulos e responsáveis. Rever os nomes das disciplinas, evidencia as mudanças e as permanências havidas na definição do currículo do curso de Geografia ao longo de décadas.
No ano de 1981: História Econômica Geral e do Brasil, com Dióres Santos Abreu; Geografia Física, com João Afonso Zavatini; Fundamentos de Petrografia, Geologia e Pedologia I, com José Martin Suarez, mais conhecido como Pepe; Elementos de Matemática, com Roberto Bernardo de Azevedo; Economia I, com Marcos Kazuharu Funada; Cartografia e Topografia I, com Adalberto Leister; Antropologia, com Ruth Kunzli; Análise Estatística, com Antonio Assis de Carvalho Filho; Geografia Humana I, com Eliseu Savério Sposito; Educação Física, com Mário Artoni, e Sociologia I, com Marília Gomes Campos Libório.
No segundo ano de faculdade, 1982, cursei: Psicologia da Educação, com Antonia Marini, História Econômica Geral e do Brasil II, com Jayro Gonçalvez de Melo e Maria de Lourdes Ferreira Lins; Fundamentos de Petrografia, Geologia e Pedologia II, com José Martin Suarez; Etnologia e Etnografia do Brasil, com Ruth Kunzli; Estudos de Problemas Brasileiros, com Maria de Lourdes Ferreira Lins; Climatologia I, com Hideo Sudo; Cartografia e Topografia II, com Adalberto Leister, Aerofotogrametria, com Lúcio Muratori de Alencastro Graça e Raul Audi e Geografia Regional: organização do espaço I, com João Paulo.
Em 1983, foram cursadas as seguintes disciplinas: Geomorfologia I, com Marília Barros de Aguiar; Geografia do Brasil I, com Armando Pereira Antonio; Didática, com Josefa Aparecida Gonçalves Grígoli; Biogeografia, com Messias Modesto dos Passos; Geografia Regional: organização do espaço II, com José Ferrari Leite e Geografia Urbana, com Maria Encarnação Beltrão Sposito.
Em 1984 foram: Sociologia II, com José Fernando Martins Bonilha; Fotointerpretação, com Maria Heloisa Borges e José Milton Arana; Prática de Ensino, com Maria Ignes Sillos Santos; Metodologia em Geografia, com Augusto Litholdo; Geografia do Brasil II, com Fernando Carlos Fonseca Salgado; Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º e 2º Graus, com Tsutaka Watanabe; Conservação Ambiental, com Valdemir Gambale; Geografia Humana II, com Olimpio Beleza Martins; Geografia da Circulação e dos Transportes, com Fátima Rotundo da Silveira; Economia II, com Tomás Rafael Cruz Cáceres; Planejamento Regional, com Antonio Rocha Penteado; Introdução do Planejamento, com Yoshie Ussami; Geografia Rural, com Miguel Gimenez Benites e Geografia Regional: estudo de caso, com Armando Garms.
Me lembro da felicidade quando descobri que havia trabalho de campo em Geografia, para desespero de minha mãe, sempre avessa às viagens...
Entrei em um curso cujo conteúdo desconhecia, minha aproximação com essa disciplina no ensino básico não foi tão agradável a ponto de desejar me aprofundar nela.... Práticas de decorar textos, temas e pontos... a mais pura manifestação da Geografia Clássica ou Tradicional. Mas me lembro de um trabalho aplicado da disciplina por volta da 5ª série, ministrada pela profa. Suria Abucarma: mapear os usos do solo numa importante rua central de Presidente Prudente, a Tenente Nicolau Maffei. Fiz o trabalho, mas desconhecia seu propósito... hoje sei o que significa e o que ela queria nos mostrar com esse levantamento.
Quando comecei a graduação, o interesse pelos lugares distantes me tomou de assalto! Me lembro de escrever para embaixadas e consulados solicitando materiais sobre os diversos países, recebi muita coisa da Itália, Holanda, Estados Unidos, Alemanha, Suíça, França, dentre outros. Um fascínio pelas imagens, paisagens, culturas, me tomava e o desejo de conhecer o mundo se fortalecia.
No primeiro trabalho de campo de Geologia, promovido pelo prof. Pepe (José Martins Soares) em 1981, o destino foi a Serra da Fartura em São Paulo, o segundo, da mesma disciplina, foi para Curitiba e Paranaguá (1981)! Como poderia imaginar que viveria em Curitiba por mais de 30 anos! As surpresas da vida....
Viajei muito na época da graduação, tanto em razão dos trabalhos de campo, quanto de minha atuação na AGB – Associação dos Geógrafos Brasileiros, seção local de Presidente Prudente que, a partir dos novos ares advindos com as mudanças no início dos anos de 1980, permitia a participação de alunos como filiados, bem como nas diretorias locais. Dessa época me lembro de viagens para participar das gestões coletivas, ou seja, uma nova forma de discutir e deliberar sobre os rumos da entidade, resultante das novidades da democracia que começava a se insinuar no país, ao mesmo tempo em que a Geografia se direcionava à uma leitura crítica do espaço, alterando sua trajetória tradicional e quantitativa precedente.
Também comecei a participar de eventos em outras cidades, me lembro de uma longa viagem de micro-ônibus entre Presidente Prudente e Porto Alegre (cerca de 1.300 km), por ocasião do V Encontro Nacional de Geógrafos em 1982 e de um trabalho de campo para o Pantanal e Corumbá destino inesquecível: parte da viagem de ônibus e parte no famoso trem que cruzava o Pantanal, pela estrada de ferro Noroeste do Brasil. Viajei muito, conheci pessoas e lugares, ampliei meus horizontes. Uma frustração: não ter participado das atividades do Campus avançado que a Unesp mantinha em Humaitá no Amazonas, ainda não estive nessa porção da Amazônia... mas estou cada dia mais perto!
Fui uma aluna aplicada, ativa, interessada, questionadora...o que me causou alguns dissabores com certos professores. Uma coisa que nunca fiz foi me envolver na política estudantil observada a partir da atuação em centro acadêmico e semelhantes, não sei explicar a razão. Contudo, fui representante discente em várias instâncias e momentos da minha vida como aluna (integrei a Comissão especial para elaboração de anteprojeto dos regulamentos dos Cursos de Pós-Graduação em Geografia da UNESP, campus de Rio Claro no ano de 1985, e fui representante discente junto ao Conselho do curso de Pós-graduação em Geografia da mesma instituição no ano de 1986), depois também tive várias representações como professora, mas com a política estudantil e sindical nunca me envolvi. Como representante discente na pós-graduação, participei ativamente das discussões que ocorriam em torno da criação de uma entidade específica ligada à pós-graduação, mais tarde surgiria a ANPEGE – Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia, criada em 1993.
No final do ano de 1982, o Prof. Eliseu Sposito me chamou em sua sala e me indagou sobre meu interesse em elaborar um projeto para submissão ao CNPQ com vistas à uma bolsa de iniciação científica. Obviamente eu não fazia ideia do que era isso, mas, prontamente concordei. De modo a testar o meu real interesse, estabeleceu um cronograma de leituras e discussão de um livro, cujo título me foge à lembrança, mas era algo como “Evolução da geografia humana” (4) uma edição em espanhol, que cuidadosamente lia de modo a apresentar minha compreensão ao professor em encontros periódicos de discussão.
Outras leituras se sucederam até que conseguimos avançar na formulação de um projeto de Iniciação Científica a ser submetido ao CNPQ, importante lembrar que àquela época, o funcionamento da agência era distinto de hoje, não havia cota para professor, mas projetos aprovados individualmente no mérito. Foi um desafio, mas no ano de 1983, comecei a ser bolsista do CNPQ! Com conta no banco do Brasil e direito a talão de cheque! Isso precedeu a emergência do cartão de crédito, eram outros tempos!
O projeto intitulava-se “A aplicação do capital local no setor secundário em Presidente Prudente” e tinha por objetivo entender o processo de industrialização daquela cidade. Foi desafiador, mas também empolgante: realizava com muito entusiasmo as entrevistas em campo, conheci todas as poucas indústrias da cidade – registre-se que esse nunca foi o forte da economia prudentina. Uma situação particular deve ser lembrada: o prof. Eliseu ainda não era mestre e, portanto, precisou acionar o prof. Olímpio Beleza Martins, já doutor, para que fosse o solicitante oficial da bolsa. Assim seguimos renovando com sucesso a bolsa de IC até a conclusão de minha graduação no final do ano de 1984.
Dois registros importantes dessa fase: i) o primeiro trabalho apresentado num evento nacional e ii) o primeiro artigo publicado em periódico científico.
O primeiro trabalho apresentado em evento foi no ano de 1984, por ocasião do 4º Congresso Brasileiro de Geógrafos, realizado pela AGB (de 14 a 21 de julho de 1984, na USP), justamente em comemoração aos seus 50 anos de fundação. Eu, uma jovem de exatos 20 anos, participando de um evento histórico. O detalhe: chego à USP e encontro uma colega de militância da AGB, ela, com a programação em punho me diz algo como “não se preocupe, vai dar certo”, eu sem entender, pergunto o porquê do comentário. Para minha surpresa meu singelo trabalho originário de uma pesquisa de iniciação científica estava escalado para ser apresentado num dos maiores auditórios do evento (na Escola Politécnica da USP) em razão de estar alocado numa sessão temática que discutia a economia. Sim, meu tema era a industrialização em Presidente Prudente. Mas isso não era tudo: na mesma mesa que eu, simplesmente estava um dos mais festejados nomes da Geografia brasileira àquele momento: o prof. Rui Moreira, éramos dois na mesa! Rui tratava do tema da “subsunção formal e subsunção real” no capitalismo... naquele momento não fazia ideia do que se tratava.... Num auditório lotado, com pessoas sentadas no chão, um debate ferrenho se seguiu e, dentre os arguidores, nada menos que Prof. Milton Santos.... Por delicadeza, algumas questões foram dirigidas a mim. Penso que esse excesso de democracia na organização das mesas poderia ter me custado caro, em termos da instalação de um grande trauma na minha primeira vez... Contudo, isso não ocorreu, acho até que isso me impulsionou, percebendo que havia uma possibilidade concreta de aproximação entre pessoas de diferentes níveis de formação. Isso me proporcionou uma lição: o cuidado com a preservação das pessoas em seus níveis de formação. Muitos anos depois, conheci uma geógrafa que me disse “nunca vou me esquecer de você, naquela mesa, naquele congresso”. Foi assim minha primeira apresentação, e muitas outras vieram na sequência.
Não tenho o registro de todos os eventos dos quais participei, mas voltarei a esse tema oportunamente.
O primeiro artigo publicado foi:
FREITAS, Olga L. C. de Capital e força do trabalho no setor secundário em Presidente Prudente. Caderno Prudentino de Geografia. Presidente Prudente: AGB, n. 8, 1986, p. 15-32. Edição disponível on line em: http://revista.fct.unesp.br/index.php/cpg/article/view/6255/4788
Recolho essas referências de um exemplar da publicação original que guardo comigo e revela um outro tempo e uma outra lógica dos periódicos em nosso país. Registro que participei do nascimento do Caderno Prudentino de Geografia, porque fazia parte da AGB como segunda tesoureira na gestão de 1982 (a primeira edição foi em 1981) e porque era eu quem juntava a capa padrão às páginas mimeografadas e fazia a encadernação da referida publicação, com um grampeador manual. Assim era nos velhos tempos...
No inverno de 1983, tive uma experiência muito relevante, fiz estágio voluntário na EMPLASA – Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo S.A., tendo estagiado junto à Superintendência do Sistema Cartográfico Metropolitano. Na ocasião, a empresa preparava um Atlas da Região Metropolitana de São Paulo e eu fui designada para estagiar na preparação dos rascunhos de diversos mapas e no teste do uso de cores nos mesmos, trabalho manual, que precedeu às técnicas computadorizadas atuais. Trabalhei sob a supervisão de uma renomada geógrafa dos tempos da Geografia Tradicional: profa. Nice Lecocq Müller. Foi uma experiência muito proveitosa e me despertou o interesse pela formação técnica em geografia, expressa pelo bacharelado.
Importante registrar que nessa época eram intensos os debates em torno da regulamentação da profissão de Geógrafo, o que ocorreu por meio da Lei Federal 6.664, de 26 de junho de 1979.
3. A PÓS-GRADUAÇÃO, UM PERCURSO DE DESAFIOS E APRENDIZADOS
Finalizada a graduação, decidi sair de Presidente Prudente, mesmo porque àquela época não havia sido implantado ainda o programa de pós-graduação, o que só viria a ocorrer no ano de 1987. Tinha alguns destinos possíveis: USP e UNESP de Rio Claro, além de uma remota possibilidade da UFRJ.
Fiz o processo seletivo em Rio Claro e fui aprovada. Meu tema era a indústria e a orientadora Profa. Silvia Selingardi Sampaio. Contudo, o desejo de cursar a USP e de morar em São Paulo me levou também a me submeter ao processo seletivo daquela instituição. Depois de aprovada na prova de línguas, fui para a entrevista com a orientadora indicada, de quem ouço que as vagas daquele ano estavam comprometidas, mas eu poderia aguardar as do próximo. Agradeci e voltei para Rio Claro, onde uma bolsa estava garantida em razão de meu desempenho no processo seletivo.
Resolvi interagir com a USP de outra forma, cursei no ano de 1985 a disciplina ofertada pelo recém retornado ao Brasil, Prof. Milton Santos, eram cerca de 8 alunos na sala, eu e Glaúcio Marafon (UERJ), nos deslocávamos de trem toda semana para as aulas. A disciplina intitulava-se “A reorganização do espaço geográfico na fase histórica atual”, cursada no segundo semestre de 1985.
Milhares de lembranças me voltam à memória, mas uma em especial me marcou muito. Professor Milton tinha por prática iniciar os trabalhos de um novo semestre letivo com os alunos do semestre anterior apresentando seus trabalhos. Foi assim que na primeira aula do semestre seguinte, retornei a São Paulo para apresentar o trabalho de conclusão de curso que tratava da relação entre distância absoluta e relativa no estado de São Paulo partindo do tempo de deslocamento por trem ou rodovia. A ideia era: o longe pode estar conectado por vias eficientes que o tornam perto e o perto pode estar longe em razão das deficiências do transporte. Após minha exposição uma aluna da nova turma me indaga porque eu não fiz isso ou aquilo, poderia ter inserido essa ou outra coisa, deveria ter ido por outro caminho.... ao que o Prof. Milton intervém e com a solenidade natural de sua pessoa diz “nós não viemos aqui para dizer o que Olga deveria ter feito, nós viemos aqui para discutir o que Olga fez”, lição que carrego comigo desde então! Obrigada professor por sua generosidade (lembro que eu tinha apenas 21 anos nessa época).
Outra lembrança desse período diz respeito às leituras indicadas pelo Prof. Milton Santos, dentre elas, um pequeno livro editado pelas Edições Progresso de Moscou, em português de Portugal, que discorria sobre os modos de produção ao longo da história. Tratava-se do exato momento da renovação da Geografia brasileira em direção ao marxismo. Jamais tinha sido iniciada nas leituras sobre modo de produção e sequer sabia o que isso significava. Porém, como aluna aplicada que sempre fui, tomei a providência de comprar o livro (que guardo até hoje) e de estudar detidamente o tema. Foi o que me salvou, pois na aula subsequente, prof. Milton me escalou para discorrer sobre o tema lido!
No mestrado, fui orientada pela Profa. Dra. Silvia Selingardi Sampaio, que me ensinou muito, em especial sobre postura, método, disciplina, pontualidade e rigor. O trabalho orientado foi intitulado “A industrialização recente do município de Limeira em face do contexto industrial paulista” e o título obtido em 1989, rigorosamente dentro dos prazos previstos à época: 4 anos. A defesa ocorreu no dia 19 de dezembro de 1989 e a banca foi constituída pela Profa. Yoshiya Nakagawara Ferreira (UEL) e pelo Prof. Jurgen Richard Langenbuch (UNESP – Rio Claro).
Passagem que merece registro: fui bolsista CNPQ e pleiteei uma bolsa da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), notoriamente a instituição que melhor remunerava as bolsas àquela época. Feliz por ter sido aprovada num processo rigoroso de seleção de bolsistas, declinei da bolsa CNPQ. Para minha surpresa, pelas contingências daquele momento histórico e político, talvez aquele ano de 1987 tenha sido o único na história da FAPESP que o valor das bolsas tenha sido inferior a qualquer outra agência no país. E eu era bolsista!!!
No mestrado encontrei as condições de ampliar minha participação em eventos e quero aqui ressaltar outra primeira vez que foi muito importante: minha participação, como ouvinte, no 1º Encontro de Geógrafos da América Latina – EGAL (5 a 10 de abril de 1987), realizado em um hotel escola na cidade de Águas de São Pedro, eu e minha grande amiga e colega de geografia Vilma Lúcia Macagnan Carvalho (atualmente diretora do IGC-UFMG), íamos de manhã e voltávamos a noite de ônibus, pois nossa condição financeira não nos permitia arcar com as diárias daquele hotel. Era um evento pequeno, todas as mesas redondas e apresentações de trabalho ocorriam num mesmo auditório, todos os inscritos participavam de tudo, não havia a grandeza dos eventos atuais e o seccionamento dos espaços de discussão.
No ano de 2019, depois de algumas outras edições que participei, estive em Quito no Equador participando, com apresentação e trabalho, do XVII EGAL, portanto, vivi essa história.
Quero destacar, ainda, minha presença em dois outros primeiros eventos: o I Simpósio Nacional de Geografia Urbana, realizado na USP entre 20 e 23 de novembro de 1989 e o I Encontro Nacional de Pós-Graduação em Geografia, realizado em São Paulo entre os dias 16 e 18 de dezembro de 1984. Sobre ambos, registro que meu orientado de Iniciação Científica Luiz Felipe Élicker e eu tivemos trabalho apresentado no XVI SIMPURB, que foi realizado em Vitória (ES) entre os dias 14 e 17 de novembro de 2019, e ainda que entre os dias 2 e 6 de setembro de 2019, integrei a coordenação do GT 41 Metrópole e Região, no interior da programação do XIII Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, realizado na USP.
Constatar que estive nas primeiras edições de eventos tão relevantes para a Geografia brasileira e latino-americana, permite refletir sobre o período de renovação dessa área do conhecimento, ocorrido a partir dos anos de 1980.
Não foi apenas a diversificação e a especialização dos eventos que teve início nesse período (anos de 1980), esse também foi um tempo de nascimento de um mercado editorial nacional sobre os temas da Geografia. Como não lembrar que minha formação se deu por meio da leitura de muitos textos clássicos e de autores, em sua maioria, franceses? Como não mencionar que Pierre George estava à frente da maioria dos títulos que trabalhávamos no curso de graduação?
Para todas as especialidades da geografia humana, lá estava um livro de Pierre George a nos fornecer uma vasta coleção de informações, bem como apontar caminhos para a reflexão.
A inserção desse autor no mercado editorial brasileiro, foi uma extensão de sua presença no mercado editorial francês, facilitado pela publicação por meio da PUF - Presses Universitaires de France, que publicava uma coleção de grande importância na divulgação de temas das ciências humanas que se intitulava Que sais-je? (literalmente: que sei eu?), traduzida para o português como Coleção Saber Atual e publicada pela DIFEL (Difusão Européia do Livro – hoje Bertrand Brasil). Ainda hoje tenho vários exemplares dessa época, livros em formato pequeno que assumiu as cores branco e verde como padrão, inconfundível...
Assim, para além da qualidade e variedade do conteúdo de seus livros, parte de sua influência foi razão direta de um acanhado mercado editorial nacional, com poucos títulos de geógrafos/as brasileiros/as, fato que só se alteraria após final dos anos de 1980 e que nos permite hoje ler e indicar aos alunos que leiam uma grande variedade de autores/as nacionais e livros a preços acessíveis.
Temos hoje, uma produção geográfica de alta qualidade produzida no e a partir da realidade brasileira, fato que mudou certamente a grande dependência que havia em relação à geografia francesa.
Para se ter uma ideia da vasta obra de Pierre George, basta citar alguns dos títulos mais conhecidos de seus livros, a grande maioria publicado entre 1950 e 1970 e disponível em língua portuguesa: Geografia Industrial do Mundo (1963); Geografia Agrícola do Mundo (1965); Geografia da União Soviética (1961); A Geografia Ativa (1968); Geografia urbana (1961); Geografia econômica (1961); A Geografia do Consumo (1971); Geografia agrícola do mundo (1975); A ação do homem (1971); Os métodos da Geografia (1972); O meio ambiente (1973); Sociedades em Mudança. Introdução a uma Geografia Social do Mundo Moderno (1982).
Me lembro que, em meados dos anos de 1980, surgiu no Brasil uma editora que inovaria a produção editorial da Geografia brasileira, tratou-se da Editora Contexto, por meio da Coleção Repensando a Geografia. Vários autores brasileiros foram convidados a publicar textos que, como o nome sugere, promoviam um repensar dos caminhos dessa área do conhecimento no Brasil. Os livros de capa marrom e padronizada, com número pequeno de páginas, favoreciam a leitura e a aquisição, tendo em vista os altos preços dos livros à época.
Guardo até hoje diversos volumes em suas edições originais, acompanhei, portanto, o surgimento dessa novidade, que se revelou de suma importância na popularização e divulgação científica.
Passados 6 anos do término de meu mestrado e já atuando no Departamento de Geografia da UFPR, era hora de retomar meus estudos e realizar o doutorado. Decidi conhecer mais profundamente a USP, e lá realizar meu doutorado. Numa primeira tentativa no ano de 1995 não fui selecionada, retornei dois anos depois (1997) e então obtive a aprovação numa das vagas disponibilizadas pela Profa. Dra. Sandra Lencioni.
Foram anos difíceis: filhos pequenos, viagem de ônibus, recém-empossada num cargo administrativo junto à Pró Reitoria de Graduação (PROGRAD) da UFPR. Mas seguimos, com comprometimento de meu marido à época e de minha mãe que se mudou para Curitiba após o falecimento de meu pai.
Minha rotina de viagem implicava em sair de Curitiba com o ônibus das 6 h da manhã, assistir aulas no período da tarde e retornar no ônibus das 19 h, embarcando no Butantã por volta das 20 h. Dia seguinte, compromissos na PROGRAD. Assim foi por pouco mais de um ano, até o final da gestão de reitor do Prof. Dr. José Henrique de Faria (1998), após o que obtive licença integral para realizar meu doutorado.
O tema de minha tese de doutorado ainda fazia referência à indústria, mas inseria uma outra dimensão que muito me encantou desde então: a metrópole.
Curitiba estava fervilhando em termos de sua inserção na mídia e no marketing urbano. Um processo importante de implantação de indústrias se verificava, com ênfase nas montadoras de veículos: Renault, Audi-VW e Chrysler. Uma nova oportunidade de pesquisa se anunciava e nela investi minhas forças intelectuais. Esse momento resultou em frutos saborosos, voltarei a eles em breve.
Minha tese, intitulada “A nova territorialidade da indústria e o aglomerado metropolitano de Curitiba”, foi defendida em 21 de dezembro de 2001. A banca foi composta pelos professores: Dra. Silvia Selingardi Sampaio (UNESP – Rio Claro); Dr. Eliseu Saverio Sposito (UNESP – Presidente Prudente); Dra. Silvia Maria Pereira de Araújo (UFPR) e Dr. Francisco Capuano Scarlato (USP).
Aprendi muito nesse tempo, conheci pessoas, ampliei amizades e relações. A competência de Sandra foi fundamental na consolidação dessa nova etapa. Os colóquios de orientação nos permitiam expor nossos temas e, ao mesmo tempo, sair deles, interagindo com os demais colegas.
A ampliação das leituras, os debates, os eventos, tudo convergiu para a solidez da formação nesse nível. Para além do trabalho, estabeleci com Sandra uma amizade que nutro com muito carinho e admiração.
Enfim, o título de doutora me lançaria a outras demandas, como é esperado, e em seguida o trabalho se avolumou, em especial pelo fato de que a área de Geografia Humana era extremamente frágil no Departamento de Geografia da UFPR.
4. O PERCURSO PROFISSIONAL E A CARREIRA DOCENTE
Minha primeira experiência formal em sala de aula ocorreu de outubro a novembro de 1983, quando atuei como professora substituta na EESG Monsenhor Sarrion, em Presidente Prudente (SP). Quando adentro a sala, em substituição a uma professora em licença saúde, me deparo com um jovem sentado na última fileira e se esquivando de meu olhar, para minha surpresa eu seria professora de um vizinho e amigo de brincadeiras de infância. O acanhamento foi dele....
Duas outras experiências foram importantes: a da Faculdade Miguel Mofarrej em Ourinhos (SP), para onde viajava desde Rio Claro para ministrar 4 aulas na sexta-feira a noite e depois retornava (cerca de 250 km entre ambas as cidades), no ano de 1985 e aquela que me levou a passar dois dias por semana em Jaú na FAFIJA, entre os anos de 1986 e 1987, trabalhando com duas disciplinas na graduação em Geografia e algumas turmas no segundo grau, hoje ensino médio. Dessa experiência, resultou pela primeira vez uma homenagem na formatura, quando fui patronesse da turma de formandos do ano de 1988.
Contudo, posso dizer que começo efetivamente minha carreira profissional com a aprovação no concurso público para o departamento de Geociências da Universidade Estadual de Londrina, no ano de 1987. Ainda era mestranda, num tempo em que a titulação era ainda rara. Fui aprovada em primeiro lugar e me mudei para Londrina.
Trabalhei com várias disciplinas, mas minha prioridade era finalizar meu mestrado, de interesse pessoal e institucional. Fiz muitos/as amigos/as, em especial Francisco Mendonça, colega de departamento lá e cá!
Em, 1990, após a defesa de meu mestrado e por questões de ordem pessoal já mencionadas, me exonerei da UEL e me mudei para Curitiba.
Passei a trabalhar no Colégio Dom Bosco, lecionando para 7ª e 8ª séries. Foram anos difíceis e de muita insatisfação profissional. Passei a elaborar o material didático de Geografia do colégio, uma boa experiência.
No ano de 1991, fiz meu segundo concurso público, para o departamento de Geociências da UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa, a área era cartografia temática! Passei em primeiro lugar e por lá fiquei pouco mais de um semestre por não encontrar o ambiente de trabalho que desejava.
No ano de 1992 submeto-me ao meu terceiro concurso público, dessa vez para o departamento de Geografia da UFPR - Universidade Federal do Paraná. Novamente fui aprovada em primeiro lugar. A partir daí começa o capítulo mais duradouro de minha vida profissional.
Fui nomeada por meio do Termo de Posse n. 347/92 do Processo n. 36837/92-38, no dia 15 de dezembro de 1992 para o cargo de Professor do Grupo Magistério Superior, classe Assistente, Nível I, lotada no Departamento de Geografia, Setor de Tecnologia, em regime de 20 horas semanais e com o salário de Cr$ 1.224.602,11 (hum milhão, duzentos e vinte e quatro mil, seiscentos e dois cruzeiros e onze centavos). No dia 16 de fevereiro de 1993, solicitei a mudança no regime de trabalho e passei a ser Dedicação Exclusiva.
Em novembro de 2019, fui promovida, após defesa de Memorial da Carreira Docente, à Professora Titular do Departamento de Geografia da UFPR. Desde meu ingresso como Professora Assistente, galguei todos os níveis de progressão até encontrar-me hoje, no ápice da carreira.
Voltando ao início dessa caminhada, em 1993 me foram atribuídas as seguintes disciplinas na graduação: Geografia da Atividade Industrial, objeto do concurso que realizei, além de Geografia Física Básica para o curso de Ciências Sociais e Cartografia Temática. No ano de 1994 ministrei, além de Geografia Industrial, Fundamentos de Geografia e Orientação à Pesquisa geográfica.
A oferta da disciplina de Geografia Física Básica me inseriu no curso de Ciências Sociais, onde participei do primeiro grupo de pesquisas formalizado, o GEAS – Grupo de Estudos Agricultura e Sociedade, coordenado pela Profa. Roseli Santos. Lá conheci também a Profa. Ângela Damasceno Duarte, com quem viria a trabalhar anos mais tarde no Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Também integrei o Colegiado do Curso de Ciências Sociais.
Trabalhei com várias disciplinas na graduação, mas desde o ano de 2001, é a Geografia Urbana que tenho sob minha responsabilidade, além de períodos ministrando Geografia Industrial e mais recentemente, uma optativa denominada Urbanização e Metropolização.
O departamento de Geografia contava com poucos titulados no momento de meu ingresso. Nos anos de 1990 um vigoroso processo de titulação foi posto em marcha, sob a batuta do competente e saudoso Prof. Naldy Emerson Canali. O desafio era titular os docentes e construir uma proposta de pós-graduação. Devo registrar o entusiasmo de alguns colegas, em especial: Francisco Mendonça (que ingressou na UFPR no ano de 1996), Chisato Oka Fiori, Ines Moresco Danni Oliveira, ambas hoje aposentadas, Sylvio Fausto Gil Filho, dentre outros.
Nos anos seguintes ao meu ingresso, tive várias inserções em atividades de representação, tanto na PROEC – Pró Reitoria de Extensão e Cultura, como na PROGRAD – Pró Reitoria de Graduação, essa última resultou na criação do Programa Prolicen na UFPR, sob minha coordenação no ano de 1995 e posteriormente no cargo administrativo de Coordenadora Central dos Cursos de Graduação da UFPR (1996 – 1998).
Concluído o mandato junto à PROGRAD, me afastei para o doutorado e retornei no ano de 2000, ainda sem concluir a tese, o que ocorreu em dezembro de 2001. Nessa altura, o Mestrado em Geografia já havia sido implantado (o início foi em 1998), meu envolvimento com o grupo era tamanho que no mês seguinte à minha titulação, já era a nova coordenadora do Mestrado, função que exerci por dois mandatos, desde o dia 24 de janeiro de 2002, exatos um mês de minha defesa de doutorado. E assim, minha vida acelerou...
Ao final de meu segundo mandato à frente da Coordenação, iniciei o projeto de criação do doutorado, que só foi implantado anos depois, em 2006.
No ano de 2013 assumi novamente a coordenação do agora Programa de Pós-Graduação em Geografia (Mestrado e Doutorado), até o ano de 2015.
Durante uma das minhas gestões à frente do PPGGEO, tivemos aprovado um MINTER - Mestrado Interinstitucional (2005), cuja turma foi ofertada em União da Vitória, na Faculdade de Filosofia, mantida pelo estado do Paraná. Foi uma experiência muito produtiva, contribuímos com a formação de profissionais qualificados que ocupavam postos de docente na própria instituição, em áreas distintas.
Em fevereiro de 1996 assumi a Coordenação do Projeto Licenciar, junto à PROGRAD, importante registrar que tal Programa, originalmente vinculado ao MEC foi extinto e decidimos mantê-lo internamente na UFPR, fizemos - sob o comando do Pró-reitor de Graduação, Prof. Euclides Marchi -, um programa próprio da UFPR, com expressiva alocação do que passamos a denominar de “bolsa de licenciatura”, existente até hoje. Fui membro do Comitê Gestor do PROLICEN, junto à Pró Reitoria de Graduação da UFPR, no ano de 1995. Em 1997, integrei a Comissão para análise da proposta de organização do Concurso Vestibular da UFPR. Participei, em 1998, da Comissão responsável por criar o programa institucional de alocação de vagas docentes.
No âmbito do Programa das Licenciaturas – PROLICEN, participei da criação do “Caderno de Licenciatura” no ano de 1994, publicação que veiculava os resultados dos projetos desenvolvidos pelo programa.
Na década de 2000 integrei o Comitê Gestor do Programa de Fomento da Pós-Graduação – PROF/CAPES, do qual a UFPR experimentalmente fazia parte. Além disso, integrei também diversas Comissões de Estágio Probatório ao longo do tempo, inclusive de vários colegas atuais e alguns já aposentados do departamento de Geografia.
No campo da extensão, minhas atividades foram de menor expressão, mas merecem registro. Além das representações junto ao Comitê Assessor de Extensão da PROEC entre os anos de 1993 e 1995, fui vice coordenadora do Projeto de Extensão “Diagnóstico socioambiental das Ilhas das Baías de Guaraqueçaba e Laranjeiras”, integrante do Programa “Desenvolvimento Sustentável em Guaraqueçaba”, nos anos de 2001 e 2002.
Esse projeto mobilizou diversos professores do departamento, e também alunos bolsistas de extensão, e foi coordenado pela Profa. Inês Moresco Danni-Oliveira. Realizamos diversos trabalhos de campo nas ilhas mencionadas e tivemos contato muito próximo com a realidade social dos moradores.
Minha participação no Comitê Assessor de Extensão me rendeu também alguns artigos publicados sobre a temática da extensão, na revista denominada “Cadernos de Extensão”, publicada desde outubro de 1995 pela PROEC-UFPR.
Atuei e participei ativamente da oferta de vários cursos de extensão, os mais relevantes foram aqueles ministrados junto ao CEPAT – Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores e junto à Escola de formação Política Milton Santos e Lorenzo Milani, no CEFÚRIA – Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo. Isso em meados dos anos de 2000.
Na última década as atividades de extensão foram frequentes, mas nunca mais oficializadas no âmbito da PROEC. Foram atividades que favoreceram o contato direto com a sociedade, sem a mediação institucional. Talvez isso se justifique pelos vários mecanismos que dificultam o registro das atividades.
5. FORMAÇÃO DE PESSOAS: O PONTO ALTO DA CARREIRA DOCENTE
Sem dúvida a atividade mais importante de toda a carreira docente é a formação de pessoas. Pessoas são formadas não só por meio de conteúdos, leituras, aulas, textos escritos, mas, sobretudo, por exemplos, postura, diálogo, incentivo.
Assim, atuei na formação de pessoas, que, para além de suas especialidades, são, em primeiro lugar cidadãos/cidadãs, com compromissos sociais no mundo em que vivem.
Foram vários níveis de formação: graduação, especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado, além das participações em bancas, momento particular da formação acadêmica.
A parte mais simples de nosso trabalho na universidade são as horas em sala de aula, momentos coletivos de reunião que, obviamente, são antecedidos de preparação, leituras, etc. Simples no sentido da objetividade de um conteúdo previamente definido por um currículo, com ementa, objetivos e bibliografia.
A parte difícil, trabalhosa e demandadora de tempo é a formação individualizada, que se faz por meio das orientações, de diferentes modalidades: IC, TCC, dissertação e tese. Assim como as bancas: horas de leitura criteriosa, seguida da exposição pública das considerações.
Minha participação no Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento - MADE, se deu entre os anos de 2004 e 2008, foi um tempo de muita aprendizagem coletiva, tendo em vista a forma como as atividades eram estruturadas. Porém, a intensa demanda de tal programa, me levou a me afastar do mesmo formalmente, embora ao longo do tempo tenha tido inserções pontuais.
Minha primeira orientação de doutorado ocorreu no MADE no ano de 2007, Rosirene Martins Lima, geógrafa, egressa do mestrado em Geografia e professora na UEMA – Universidade Estadual do Maranhão, realizou no MADE seu doutorado sob minha orientação, cuja tese foi intitulada “Conflitos ambientais urbanos: o lugar enquanto categoria de análise no processo de intervenção pública”.
No PPU – Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano, participei desde a construção da proposta e tenho me dedicado a contribuir com o fortalecimento do programa. Tem sido anos de muito trabalho, mas também de muita amizade, solidariedade e alegria.
Meus/minhas ex-orientandos/orientandas, atuam em diversos locais do país, em áreas distintas, para além do ensino. Muitos/as já formam pessoas e exercem funções de liderança em suas respectivas instituições. Com alguns mantenho contato, outros tomaram atalhos diversos e nos perdemos.
Em nível de mestrado tive uma primeira orientação que, de fato, não poderia ter, pois ainda não estava com o doutorado concluído. Assim, orientei Adriana Rita Tremarin, mas oficialmente seu orientador foi Francisco Mendonça, o trabalho intitulou-se: “Análise do processo de ocupação do setor estrutural norte de Curitiba no contexto do planejamento urbano” e a defesa ocorreu em 2001. Adriana realizou uma pesquisa muito importante sobre a verticalização nos setores estruturais de Curitiba. Sua dissertação é um registro importante de um processo que se acelerou nos anos recentes, e como tal, permite retomar comparativamente o processo, tendo em vista o detalhado trabalho de campo realizado por Adriana, que mapeou os usos do solo nos respectivos setores estruturais.
No ano de 2002, tive o prazer de ter minha primeira orientanda de Iniciação Científica, Mônika Christina Portella Garcia, premiada como primeira colocada na Banca n. 34 do Setor de Ciências da Terra no EVINCI. Desde então, tenho orientado regularmente um ou dois alunos de IC por ano, alguns desenvolveram suas atividades de modo voluntário, o que tem sido frequente, após a mudança da política de concessão de bolsas aos docentes na UFPR, normalmente limitada a uma bolsa por docente.
A maioria dos meus/minhas orientandos/as prosseguiu na formação em nível de mestrado e, alguns, também já são doutores/as, cumprindo, dessa maneira, com o que se espera da iniciação científica: despertar o jovem para a pesquisa e produção do conhecimento.
Três modalidades de orientação de outra natureza foram relevantes ao longo de minha carreira. A primeira referiu-se as orientações do programa PDE - Programa de Desenvolvimento da Educação – SEED/PR do governo do Estado do Paraná, por meio do qual, professores eram dispensados de parte de sua carga didática para cumprir um conjunto de atividades na universidade, incluindo o desenvolvimento de um projeto de ensino a ser aplicado na escola. Foi um tipo diferente de capacitação e me permitiu a aproximação mais direta com a realidade escolar, por meio dos professores que orientei.
Outra modalidade, constituiu-se numa bolsa ofertada aos alunos de graduação e que já não existe mais, denominava-se “bolsa trabalho”, por meio da qual os alunos cumpriam certa carga horária de atividades e recebiam uma retribuição financeira por isso. Sempre tive por prática envolver esses alunos nas atividades de pesquisa. Muitos migraram, depois, para a iniciação científica.
Importante também foram as bolsas de Licenciatura, que me permitiram desenvolver projetos relevantes, como aquele que se dedicava a divulgar o Curso de Geografia em escolas do segundo grau com vistas a demostrar aos alunos as potencialidades desse curso. Intitulava-se “Promoção e divulgação do Curso de Geografia junto ao ensino de 1º e 2º graus em Curitiba - Feira Geográfica itinerante” e, com a participação ativa de um grupo de alunos da graduação, percorríamos diversas escolas. Não tenho o registro de todos/as os/as alunos/as que estiveram integrados a esse projeto, mas alguns nomes me recordo: Cássia Dias Teixeira, Herlon de Oliveira Andrade, Marco Aurélio Rodrigues, Maria Cristina Borges da Silva, Helen Simone França, no ano de 1996.
Minha primeira experiência como membro de banca de mestrado ocorreu no ano de 2002, por ocasião do bem-sucedido projeto sobre as indústrias automobilísticas, onde, sob orientação da Profa. Benilde Motim, o candidato Cesar Sanson, apresentou sua dissertação “O feitiço da organização: novas relações de trabalho - um estudo de caso”, junto ao Mestrado em Sociologia da Universidade Federal do Paraná.
A maioria dos meus/minhas orientandos/as prosseguiu na formação em nível de mestrado e, alguns, também já são doutores/as, cumprindo, dessa maneira, com o que se espera da iniciação científica: despertar o jovem para a pesquisa e produção do conhecimento.
Três modalidades de orientação de outra natureza foram relevantes ao longo de minha carreira. A primeira referiu-se as orientações do programa PDE - Programa de Desenvolvimento da Educação – SEED/PR do governo do Estado do Paraná, por meio do qual, professores eram dispensados de parte de sua carga didática para cumprir um conjunto de atividades na universidade, incluindo o desenvolvimento de um projeto de ensino a ser aplicado na escola. Foi um tipo diferente de capacitação e me permitiu a aproximação mais direta com a realidade escolar, por meio dos professores que orientei.
Outra modalidade, constituiu-se numa bolsa ofertada aos alunos de graduação e que já não existe mais, denominava-se “bolsa trabalho”, por meio da qual os alunos cumpriam certa carga horária de atividades e recebiam uma retribuição financeira por isso. Sempre tive por prática envolver esses alunos nas atividades de pesquisa. Muitos migraram, depois, para a iniciação científica.
Importante também foram as bolsas de Licenciatura, que me permitiram desenvolver projetos relevantes, como aquele que se dedicava a divulgar o Curso de Geografia em escolas do segundo grau com vistas a demostrar aos alunos as potencialidades desse curso. Intitulava-se “Promoção e divulgação do Curso de Geografia junto ao ensino de 1º e 2º graus em Curitiba - Feira Geográfica itinerante” e, com a participação ativa de um grupo de alunos da graduação, percorríamos diversas escolas. Não tenho o registro de todos/as os/as alunos/as que estiveram integrados a esse projeto, mas alguns nomes me recordo: Cássia Dias Teixeira, Herlon de Oliveira Andrade, Marco Aurélio Rodrigues, Maria Cristina Borges da Silva, Helen Simone França, no ano de 1996.
Minha primeira experiência como membro de banca de mestrado ocorreu no ano de 2002, por ocasião do bem-sucedido projeto sobre as indústrias automobilísticas, onde, sob orientação da Profa. Benilde Motim, o candidato Cesar Sanson, apresentou sua dissertação “O feitiço da organização: novas relações de trabalho - um estudo de caso”, junto ao Mestrado em Sociologia da Universidade Federal do Paraná.
A maioria dos meus/minhas orientandos/as prosseguiu na formação em nível de mestrado e, alguns, também já são doutores/as, cumprindo, dessa maneira, com o que se espera da iniciação científica: despertar o jovem para a pesquisa e produção do conhecimento.
Três modalidades de orientação de outra natureza foram relevantes ao longo de minha carreira. A primeira referiu-se as orientações do programa PDE - Programa de Desenvolvimento da Educação – SEED/PR do governo do Estado do Paraná, por meio do qual, professores eram dispensados de parte de sua carga didática para cumprir um conjunto de atividades na universidade, incluindo o desenvolvimento de um projeto de ensino a ser aplicado na escola. Foi um tipo diferente de capacitação e me permitiu a aproximação mais direta com a realidade escolar, por meio dos professores que orientei.
Outra modalidade, constituiu-se numa bolsa ofertada aos alunos de graduação e que já não existe mais, denominava-se “bolsa trabalho”, por meio da qual os alunos cumpriam certa carga horária de atividades e recebiam uma retribuição financeira por isso. Sempre tive por prática envolver esses alunos nas atividades de pesquisa. Muitos migraram, depois, para a iniciação científica.
Importante também foram as bolsas de Licenciatura, que me permitiram desenvolver projetos relevantes, como aquele que se dedicava a divulgar o Curso de Geografia em escolas do segundo grau com vistas a demostrar aos alunos as potencialidades desse curso. Intitulava-se “Promoção e divulgação do Curso de Geografia junto ao ensino de 1º e 2º graus em Curitiba - Feira Geográfica itinerante” e, com a participação ativa de um grupo de alunos da graduação, percorríamos diversas escolas. Não tenho o registro de todos/as os/as alunos/as que estiveram integrados a esse projeto, mas alguns nomes me recordo: Cássia Dias Teixeira, Herlon de Oliveira Andrade, Marco Aurélio Rodrigues, Maria Cristina Borges da Silva, Helen Simone França, no ano de 1996.
Minha primeira experiência como membro de banca de mestrado ocorreu no ano de 2002, por ocasião do bem-sucedido projeto sobre as indústrias automobilísticas, onde, sob orientação da Profa. Benilde Motim, o candidato Cesar Sanson, apresentou sua dissertação “O feitiço da organização: novas relações de trabalho - um estudo de caso”, junto ao Mestrado em Sociologia da Universidade Federal do Paraná.
As bancas permitem uma relação mais direta com a formação, como destacado anteriormente, por vezes são momentos tensos, a depender do trabalho apresentado. Situações de reprovação não foram comuns, mas ocorreram... Participei de mais de trinta bancas de mestrado desde o ano de 2002, em diferentes áreas do conhecimento e em diferentes instituições.
Dentre as mais de duas dezenas de participações em bancas de doutorado, registro a primeira, de modo especial, ocorrida em 2003, porque foi na instituição onde me doutorei – USP-, e defendida por um contemporâneo de doutorado, em cuja banca estava também a Profa. Ana Clara Torres Ribeiro da UFRJ, além de Odete Seabra e Francisco Capuano Scarlato, a orientação esteve a cargo de Sandra Lencioni. Tratou-se da banca de Floriano José Godinho de Oliveira (UERJ), que desenvolveu a tese “Reestruturação produtiva e regionalização da economia no território fluminense”.
Uma das faces mais gratificantes de meu trabalho ao longo de tantos anos, tem sido a relação com meus alunos e alunas. A relação de respeito e o exercício da autoridade do argumento, como enfatiza Pedro Demo (5) , resultou em vários momentos em que fui homenageada nas solenidades de formatura, em muitos tive que discursar, o que permitiu dirigir-me a uma plateia formada por familiares e amigos/as dos/as formandos/as, pessoas com as quais nunca interagimos, a não ser no dia em que os alunos/as deixam a instituição. É sempre uma grande responsabilidade. Nessas ocasiões sou sempre levada a pensar em quem são os/as alunos/as, de onde vieram, no que acreditam, de que contextos familiares são resultados, as vezes apenas nesse momento de contato descortina-se a explicação para certas atitudes, até então incompreendidas....
6. A PESQUISA E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
Meu primeiro projeto de pesquisa registrado na UFPR intitulou-se “Análise da evolução temporo-espacial da atividade industrial no Estado do Paraná”, no ano de 1993 e sob o número 093003180 no BANPESQ – Banco de Pesquisa da UFPR.
Nessa época, participava de dois grupos de pesquisa: GEAS – Grupo de Estudos Agricultura e Sociedade, com pesquisadores dos departamentos de Economia, Ciências Sociais, Antropologia e Geografia e do Grupo de Pesquisa em História Urbana, com pesquisadores dos departamentos de História, Arquitetura e Urbanismo, Antropologia, Ciências Sociais e Geografia. Observa-se a interação que já caracterizava minhas relações de pesquisa.
A primeira experiência de pesquisa coletiva, ocorreu no âmbito do departamento de Geografia, por ocasião do projeto integrado que tratava de diversas dimensões de ocupação na Bacia do Alto Iguaçu, na Região Metropolitana de Curitiba (1996-2000). Foi uma tentativa exitosa de fazer a articulação dos professores do departamento de Geografia em suas várias áreas de trabalho, convergindo para o que resultou, na sequência, no projeto de criação do curso de mestrado.
Contudo, foi após a finalização de meu doutorado que encontrei – como esperado - as condições de me dedicar com autonomia à pesquisa. Nesse trajeto, alguns encontros devem ser registrados. O primeiro deles ocorreu em torno da discussão da implantação da indústria automobilística no Paraná: Profa. Silvia Araújo e Profa. Benilde Motim, ambas do departamento de Ciências Sociais. Juntas criamos um grande grupo de discussão do então recente processo de implantação das montadoras no Paraná, com desdobramentos muito relevantes e positivos em termos de qualificação de recursos humanos, publicação de livros e capítulos e financiamento de pesquisa.
Esse tema nos proporcionou um primeiro financiamento de pesquisa pelo CNPQ e pela Fundação Araucária entre os anos de 2003 e 2006, com o projeto “Indústria automobilística no Paraná: relações de trabalho e novas territorialidades”.
Em seguida, no ano de 2005, fui contemplada com uma Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPQ com o projeto “Território e territorialidades da indústria automobilística no Paraná”, desenvolvido entre 2005 e 2008, bem como, a concessão de bolsa para realização de estágio de pós-doutorado na Universidade de Paris I (2007-2008), para desenvolver e aprofundar o tema da indústria automobilística, com ênfase na Renault.
Outro projeto que me projetou a redes muito férteis de trabalho, foi o de cooperação com a Argentina, iniciado no âmbito das minhas atividades junto ao Comitê de Desenvolvimento Regional da AUGM (Associação das Universidades do Grupo de Montevideo), prosperou em direção à uma cooperação financiada pela CAPES no Brasil e pelo MinCyT na Argentina, dedicado a compreender as metrópoles secundárias em ambos os países, intitulou-se “Para além das metrópoles globais: análise comparada das dinâmicas metropolitanas em metrópoles secundárias no Brasil (Curitiba) e na Argentina (São Miguel de Tucumán)”. A cooperação segue, agora amparada pelo Programa de Internacionalização PrInt, financiado pela CAPES, em projeto por mim coordenado.
Uma vasta produção bibliográfica e de relações de trabalho foi desenvolvida, contatos que favoreceram a ampliação dos horizontes de muitos alunos e alunas da pós-graduação. Esse projeto interagiu com o Doutorado em Arquitetura da Universidade Nacional de Tucumán, ampliando suas perspectivas temáticas.
No âmbito das redes de cooperação e pesquisa, sem dúvida a experiência junto ao INCT-Observatório das Metrópoles deve ser ressaltada. Se trata de uma ampla rede nacional de pesquisa, que permitiu a interação com pesquisadores de diversas instituições no país, além de ter representado, por certo tempo, uma fonte de recursos perene para pesquisa e, em especial, para publicações.
Essa experiência de pesquisa foi e continua sendo desafiadora, na medida em que, se tratou de construir uma agenda de pesquisa que permitisse a interlocução com diversos pesquisadores de diferentes lugares do país e de distintas áreas de formação, debruçados sobre a temática urbano/metropolitana.
Além de minha participação ativa como pesquisadora da Linha 1, intitulada atualmente, “Metropolização e o desenvolvimento urbano: dinâmicas, escalas e estratégias”, integrei, durante os anos de 2009 e 2012, o Comitê Gestor do INCT-OM e atuei como Coordenadora do Núcleo Curitiba, entre os anos de 2008 e 2019. Na configuração inicial do projeto, coordenei a Linha 1 em conjunto com a geógrafa Rosa Moura e, atualmente, coordenamos, também em conjunto, o projeto “Organização do espaço urbano-metropolitano e construção de parâmetros de análise das dinâmicas de metropolização”. Tentamos, desse modo, favorecer uma leitura do território desde as metrópoles e, em especial, como as mesmas participam do processo de metropolização em curso no país, com ênfase nas suas especificidades regionais.
No Observatório, a interlocução com pesquisadores e pesquisadoras de diferentes áreas do conhecimento e de diferentes instituições, oportunizou momentos ímpares de reflexão acadêmica e de ganhos pessoais. Destaco como de grande relevância tanto no âmbito da pesquisa quanto da extensão, o desenvolvimento do projeto “Megaeventos e espaço: análise e acompanhamento das transformações metropolitanas decorrentes da realização da Copa do Mundo de 2014 em Curitiba (PR)”. Oriundo de uma demanda do Observatório das Metrópoles, tal projeto teve como desafio, acompanhar e compreender as transformações decorrentes dos megaeventos esportivos, tanto nas 12 cidades-sedes dos jogos da Copa de 2014, como também no Rio de Janeiro, por ocasião das Olimpíadas de 2016. Recebeu financiamento da FINEPE.
Esse projeto permitiu uma inserção social jamais alcançada com os demais projetos, dada sua temática e os vários questionamentos dela decorrentes. Apoiamos movimentos sociais, interagimos com organizações de diferentes níveis, oferecemos diversas interpretações para a mídia local, nacional e internacional. Me lembro de compor uma mesa redonda com uma grande atleta brasileira, Ana Moser (vôlei), por ocasião de um evento promovido pelo Instituto Esporte e Educação, no âmbito do projeto Cidades da Copa idealizado pelo referido instituto, coordenado pela atleta, no ano de 2013.
Da mesma forma, algumas entrevistas à imprensa internacional merecem destaque: Brazilian officials are giving up on some unfinished World Cup projects publicada no prestigiado jornal americano The Washington Post em matéria assinada pelo repórter Dom Phillips, na edição de 7 de maio de 2014; The World Cup in Brazil. The half-time verdict. Publicada no jornal inglês The Economist, em matéria de 27 de junho de 2014 e Grands stades en quête d’urbanité. Publicado num Dossiê da revista francesa Revue Urbanisme n. 393, em 10 de abril de 2014.
Livros, capítulos, artigos e um boletim mensal de acompanhamento das ações relativas à Copa, foram um importante legado desse projeto. O Boletim Copa em Discussão, foi a maneira que encontramos de divulgar as ações, as atividades e de circular informação qualificada sobre o processo de realização da Copa em Curitiba. Foi uma experiência importante, tendo como responsável, a então bolsista, Patrícia Baliski.
Nesse percurso, inserções mais pontuais em projetos de grande envergadura devem ser lembradas, tal qual aquela que resultou na minha participação na equipe de pesquisadores do Projeto Temático, financiado pela FAPESP e coordenado pelo Prof. Eliseu Sposito, intitulado “O mapa da indústria no início do século XXI. Diferentes paradigmas para a leitura territorial das dinâmicas econômicas no Estado de São Paulo", entre os anos de 2006-2011.
Recentemente, fui lançada a um novo desafio profissional, coordenar um dos projetos da UFPR, desenvolvidos no âmbito do Programa de Internacionalização da Capes, a saber “Capes/PrInt - Espaço, sociedade e desenvolvimento: desafios contemporâneos”. Nele as redes se ampliaram, tanto dentro da UFPR, na interação direta com outros cinco programas de pós-graduação, quanto com os desdobramentos internacionais dos membros do grupo.
Seu desafio é compreender processos contemporâneos que nos alcançam em face da temática do espaço e da sociedade, mediados pelas perspectivas de desenvolvimento. Retoma-se a cooperação com a Universidade Nacional de Tucumán na Argentina, partindo-se do pressuposto de que desde o Sul, temos uma inserção diferenciada nos processos em curso no mundo contemporâneo e olhar realidades similares a nossa pode favorecer o reconhecimento de “onde estamos” no contexto das discussões sobre desenvolvimento. Ainda em setembro de 2019, realizei uma Missão de trabalho em Tucumán, que se pautou no estabelecimento de uma agenda de trabalho e que favoreceu a troca de experiências em face do momento político que vivem ambos os países. Também uma agenda de pesquisa foi elaborada, com objetivo de potencializar as leituras de nossas respectivas realidades.
Uma das características que posso identificar olhando minhas pesquisas em conjunto, é seu caráter comparado. Tal característica é estruturante no meu projeto atual de pesquisa, intitulado “Convergências e distanciamentos na estruturação das metrópoles brasileiras: Curitiba e Belém”. Se trata de um desdobramento de duas preocupações anteriores: uma com a pesquisa comparada, como afirmado anteriormente, outra com a compreensão do papel das metrópoles brasileiras, desde seus contextos distintos no território nacional. Assim, esse projeto é, de certa forma, um desdobramento da cooperação com Tucumán e de minha inserção no Observatório das Metrópoles.
Posso afirmar que descobrir a Amazônia foi transformador em minha vida, tanto pessoal quanto profissionalmente. Conhecer o Brasil profundo, me trouxe inúmeras indagações sobre a formação de nosso país: sociedade, cultura, natureza e, em especial, sobre a natureza constitutiva e diferenciada do espaço geográfico.
Compreender como se conformam metrópoles em face de tais singularidades tem sido um desafio de pesquisa. Nela tenho inserido alunos de diversos níveis, permitindo que persigamos uma visão de realidade nacional que ultrapasse as fronteiras do “sul maravilha” e confronte a diversidade que nos caracteriza enquanto país.
Além dessas principais pesquisas, me envolvi em várias outras, seja em função das demandas de orientação, seja em função da interação com outros pesquisadores em suas trajetórias de pesquisa.
Uma dessas interações ocorreu entre os anos de 2002 e 2008, quando passei a integrar a equipe de um grande projeto de pesquisa sobre a assistência social no estado do Paraná, intitulado “Descentralização Político-Jurídico-Administrativa da LOAS - reconstrução de conceitos ou manutenção de saberes e práticas” e com o qual contribui especificamente desenvolvendo o tema “O processo de regionalização do estado do Paraná: relação entre história, economia, política, sociedade e cultura e a implementação da política de assistência social”. Nele, pensávamos a regionalização desde a assistência social como contribuição da Geografia, mas a equipe contou com diversos profissionais de várias áreas do conhecimento. A coordenadora da pesquisa era a Profa. Odaria Battini, da PUCPR e um dos principais produtos da pesquisa foi a produção do Atlas da Assistência Social no Paraná.
Ainda no âmbito das atividades de pesquisa, criei em 2009 o Grupo de Estudos sobre Dinâmicas Metropolitanas – GEDiMe, que tem como vice-líder a Profa. Madianita Nunes da Silva.
O GEDiMe, congrega pesquisadores e estudantes de pós-graduação e graduação de diferentes áreas do conhecimento e de diferentes instituições, que visam discutir as dinâmicas metropolitanas, com especial ênfase naquelas que se desenvolvem em Curitiba e aglomerado metropolitano. A linha de investigação do Grupo é norteada teoricamente, pelas inúmeras e recentes proposições que buscam qualificar o urbano/metropolitano e sua expressão espacial. Metodologicamente, cada pesquisador e ou estudante, desenvolve sua pesquisa sobre um dos setores/atividades selecionados para análise, respectivamente: centros empresariais, edifícios corporativos e novas implantações industriais; shoppings centers e hipermercados; hotéis, ambientes para conferências e feiras; parques temáticos e complexos cinematográficos; edifícios de alto padrão e condomínios fechados; ocupações irregulares; além dos fluxos como os do deslocamento pendular e dos transportes coletivos.
As linhas de pesquisa do GEDiMe são: Espaços de moradia e dinâmica metropolitana; Indústria, equipamentos de comércio e serviços e extensão metropolitana; Metropolização e megaeventos; Redes, fluxos e dinâmica metropolitana.
Integro, ainda como pesquisadora, o Grupo de Pesquisa Geografia Regional e Produção do Espaço - GERPE, criado em 2018 e sediado na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – UNIFESSPA e liderado pelo Prof. Eudes Leopoldo de Souza.
O Grupo possui três linhas de pesquisa, a saber: Dinâmicas regionais do desenvolvimento; Metropolização, urbanização e regionalização, e Regionalismos e contradições do planejamento regional. Meus interesses estão na segunda linha, dedicada a discutir a metropolização.
Como decorrência das atividades de pesquisa, fui coordenadora do único laboratório de pesquisa na área de Geografia Humana do Departamento de Geografia, o LAGHUR – Laboratório de Geografia Humana e Regional, cuja materialização se deu quando da primeira visita da CAPES ao recém-criado Programa de Pós-Graduação em Geografia (por volta de 1999), momento em que, pela ausência completa de espaço físico nas precárias dependências do Departamento, o banheiro feminino foi transformado em laboratório.
Quando o departamento ampliou suas instalações, transferindo-se para o novo edifício João José Bigarella (2013), resultante, dentre outros, dos esforços da então diretora do Setor de Ciências da Terra, Profa. Chisato Oka Fiori, tivemos a possibilidade de criar novos laboratórios, momento em que propus a criação do LaDiMe – Laboratório de Dinâmicas Metropolitanas, que ainda coordeno, tendo o Prof. Danilo Volochko como vice coordenador e responsável por várias pesquisas em seu interior.
7. PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA
Se a formação de pessoas pode ser considerada a atividade mais importante de toda a carreira docente, a produção bibliográfica pode ser considerada o capítulo mais sólido dessa mesma carreira. O que está escrito, está registrado, tem longa duração e revela a contribuição original do pesquisador em face dos seus temas de investigação.
Observar os títulos dos artigos, capítulos, trabalhos produzidos, é reconhecer a trajetória, a diversidade de temas que me motivaram para pesquisa, ora em razão de meus interesses e objetos próprios de pesquisa, ora por encampar temas trazidos pelos orientandos em seus processos de amadurecimento.
Assim, as redes de pesquisa e os temas de meu interesse podem ser encontrados nos títulos dos textos que escrevi ao longo do tempo.
No final de ano de 2019, finalizei a organização de um dossiê para o Cadernos Metrópole (PUCSP), intitulado “Metropolização: dinâmicas, escalas e estratégias”, composto por 13 textos relacionados à temática e que integram o volume 22, n. 47 da referida publicação, publicada em janeiro de 2020.
Em 2020, forçada pelo distanciamento imposto pela pandemia da covid 19, consegui avançar em vários projetos de artigos, que deverão repercutir em publicações futuras.
Os principais projetos de pesquisa que desenvolvi/participei, resultaram em livros, em especial aqueles relacionados à temática da indústria automobilística, à cooperação com a Argentina e aqueles desenvolvidos no interior do INCT/Observatório das Metrópoles. Trabalho coletivo, árduo, mas de grande satisfação quando concluído.
Diversos capítulos de livros também registram o percurso da pesquisa e dos temas ao longo do tempo. A metrópole, a indústria, a região metropolitana, os megaeventos, estão entre os principais temas tratados.
A relação completa dos artigos e livros publicados pode ser consultada na Plataforma Lattes, especificamente no link: http://lattes.cnpq.br/9800077863356518
8. ATIVIDADES TÉCNICAS
Além das atividades de pesquisa, produção do conhecimento, elaboração de textos e formação de recursos humanos, uma outra dimensão da vida acadêmica deve ser destacada. Se trata da participação em atividades técnicas, entendidas como de assessoria e consultoria, além da inserção nos diversos processos de avaliação por pares.
Por vezes, tais atividades não são devidamente valoradas nos processos de avaliação, mas são demandadoras de muito esforço intelectual, uma vez que parte delas relaciona-se a avaliação por pares. Assim, avaliar um texto para publicação ou um projeto para uma agência de fomento, são atividades que demandam alto grau de dedicação, além da necessária discrição.
Contudo, não posso deixar de registrar aqui, a minha primeira experiência com avaliação de projetos como consultora ad hoc junto ao CNPQ no início dos anos de 2000, sem mencionar o projeto, posso apenas afirmar que foi proposto por uma pessoa que muito admiro profissional e pessoalmente, com competência acadêmica ímpar. Difícil começo...
No campo da participação em atividades de avaliação de cursos, tenho que ressaltar duas experiências principais: minha participação no Comitê de Área de Geografia da CAPES, por dois triênios (um deles não completo) e a avaliação de uma Unidade de Pesquisa na Universidade de Artois, na cidade de Arras, no norte da França.
A experiência de participar da Comissão da Área de Geografia na CAPES me permitiu conhecer os meandros do processo avaliativo e as dificuldades dele decorrente. A passagem da condição de professora-pesquisadora para a de representante oficial da agência de avaliação é reveladora de conflitos, ou seja, a condição de professora-pesquisadora fica em segundo plano, sobreposta pela representação e uma instituição em cuja política e definições internas nada ou muito pouco podemos interferir. Por ocasião de minha primeira experiência, fiquei pouco mais de um ano, tendo em vista minha saída do país para a realização do pós-doutorado. O ano era 2006 e a coordenadora da área era a Profa. Dra. Dirce Suetergaray (UFRGS), com quem trabalhei em diversas visitas aos programas, em meio a uma das maiores crises aéreas pelas quais o país passou. Ao estresse da avaliação, somou-se o dos deslocamentos.
Em 2008 retorno à Comissão, dessa vez sob coordenação do Prof. Dr. José Borzachielo da Silva (UFC), cumprindo o triênio 2008-2010 e participando ativamente de todas as etapas do processo de avaliação.
Nas visitas que fiz pelos diversos programas de pós-graduação nos pontos mais distantes do país, sempre me inquietou as diferenças regionais e o esforço de cada programa em superar sua condição anterior, contudo, nós que tínhamos a visão de todos os programas do Brasil, sabíamos que mesmo com todo o esforço demostrado e efetivado, a condição do programa não tinha se alterado no conjunto. Difícil mobilizar esforços em realidades tão diversas e com condições assimétricas de recursos, infraestrutura, etc. Por outro lado, num país com as dimensões do nosso, é preciso que sejam estabelecidos critérios capazes de equiparar as formações em cada canto do território.
Por duas outras ocasiões fui convidada a voltar à Comissão, mas penso que quanto maior a diversidade de pessoas envolvidas com essa dinâmica, maior qualidade se agrega ao processo, e mais se conhece sobre suas características próprias.
Ainda no campo da avaliação da pós-graduação, tive uma experiência espetacular em dezembro de 2008. Fui convidada para atuar como avaliadora externa de uma Unidade de Pesquisa localizada na Universidade de Artois, no norte da França, tratou-se da EA 2468 - DYRT - Dynamique des réseaux et des territoires. Tal processo de avaliação foi conduzido pela AERES - Agence d'évaluation de la recherche et de l'enseignement supérieur da França.
A composição da Comissão de avaliação foi a seguinte: Presidente, Jean-Christophe GAY (Université de Nice-Sophia Antipolis), experts: Olga FIRKOWSKI (Université fédérale du Parana – Curitiba - Brésil), Bernard VALLADAS (Université de Limoges) e Colette VALLAT (Université Paris 10); expert representante do comitê de avaliação de pessoal (CNU, CoNRS, CSS INSERM, representante INRA, INRIA, IRD): Jean-Paul Amat (CNU) e um observador, delegado científico da AERES, Yvette VEYRET.
Um dos coordenadores da agência, Gabriel Dupuy, foi meu supervisor de pós-doutorado e foi o responsável por minha indicação. Na França, não há programas de pós-graduação na concepção que temos no Brasil, assim, doutorandos estão alocados em Unidades de Pesquisa que são avaliadas periodicamente com vistas a continuidade do credenciamento para doutorado e dos recursos dispensados.
A avaliação consistia na leitura prévia de vários documentos enviados pela respectiva Unidade de Pesquisa, ao que se seguia a visita e posterior avaliação de um dossiê conclusivo. A visita ocorreu no dia 10 de dezembro de 2008, um dia frio de muita neve em Paris e minha mala não foi embarcada no mesmo vôo que eu.... mas essa história é para outra oportunidade....
Ainda no âmbito dos trabalhos técnicos, tive uma larga experiência de avaliação junto ao PNLD – Programa Nacional do Livro Didático, do MEC/FNDE. Minha primeira participação se deu como avaliadora e ocorreu no ano de 2005, quando tal foi coordenado pela Unesp de Presidente Prudente.
Se tratou talvez do trabalho de maior complexidade que executei na minha vida profissional, o que pode parecer estranho para quem nunca teve envolvimento com essa dimensão de uma política pública ou talvez para quem não tenha assumido tal tarefa com a seriedade e compromisso com a qual eu assumi.
Ao todo, participei de sete edições do PNLD, de fases distintas do ensino básico e com posições diferentes na equipe: nos anos de 2005 (UNESP – Pres. Prudente), 2008 (UNESP – Pres. Prudente), 2011 (UFRGS) e 2013 (UFU) atuei como avaliadora e, em 2013, por um curto lapso de tempo também como coordenadora adjunta, fazendo a leitura e avaliação das fichas de avaliação dos livros. Nos anos de 2011 e 2014 atuei como coordenadora da área de Geografia, assumindo, junto com o coordenador técnico, Prof. Eliseu Sposito, a responsabilidade por todo o processo, bem como com a Profa. Inês Moresco Dani-Oliveira que atuou como coordenadora institucional em 2011 e com o Prof. Tony Moreira Sampaio, que teve tal função no ano de 2014.
Sem dúvida foi uma experiência densa, em todos os sentidos possíveis: na relação com o MEC, na relação com as instâncias superiores da UFPR, na relação com a equipe de adjuntos e coordenadores e na relação com os avaliadores.
Impossível descrever a carga de trabalho e de responsabilidade que envolviam tal atividade, ao que se somava o fato de que tal atividade era sigilosa, portanto, merecedora de cuidados com a divulgação do material, com os lugares das reuniões, com o fluxo de arquivos, etc.
Como meu envolvimento foi grande com esse processo, em 2018 tive a curiosidade de saber como seria o encaminhamento do PNLD sob uma nova fase da vida nacional, em especial pelo fato de que as universidades foram paulatinamente retiradas da coordenação do processo, assumindo o próprio MEC tal atribuição.
Assim, me candidatei a ser avaliadora, processo ocorrido totalmente a distância pelo site do MEC. Avaliei uma coleção, jamais conheci que eram os coordenadores imediatos e que avaliavam a minha avaliação. Um poderoso e complexo sistema on line foi desenvolvido e nele inseríamos nossas avaliações. Perdeu-se, assim, o momento rico de discussão de cada obra, para confrontar prós e contras da decisão de cada coleção. O avaliador passou a ser um mero tarefeiro tendo externalizada para postos superiores as decisões, sem qualquer retorno ou participação ampliada. Uma lástima.... Muito provavelmente esse é mais um capítulo fechado em minha carreira.
Avaliar tem sido uma atividade recorrente em minha vida profissional. Assim, além de avaliar textos, programas de pós-graduação, artigos submetidos a eventos, também tive a oportunidade de compor juris de premiação de trabalhos de conclusão da pós-graduação stricto sensu. Assim, por diversas vezes integrei juris de melhor dissertação e de melhor tese, tanto no âmbito da ANPUR, quanto da ANPEGE e também da Capes.
No ano de 2020, novo desafio se apresentou nesse campo de trabalho: fui designada pelo CNPQ, para integrar o Comitê de Assessoramento Arquitetura, Demografia, Geografia, Turismo e Planejamento Urbano e Regional, na qualidade de representante da Área de Geografia Humana. O processo de escolha dos representantes se dá pela votação dos pares, pesquisadores PQ 1 do CNPQ, além de um voto da associação da área. Para minha surpresa, meu nome foi indicado e assumo essa função até junho de 2023, tendo como colega de representação a Profa. Dra. Doralice Sátyro Maia (UFPB).
Refletindo sobre minha inserção nas discussões acerca do planejamento urbano, em especial numa cidade como Curitiba, reconhecida por suas inciativas aplicadas nesse campo, algumas observações devem ser registradas.
Em primeiro lugar posso afirmar que tive êxito na inserção da Geografia no universo da discussão crítica do planejamento urbano em Curitiba. Pensar a cidade e opinar sobre ela tem sido marcas de meu trabalho, atuar muito próximo aos arquitetos e urbanistas me proporcionou diálogos importantes ao longo do tempo e, em especial, me permitiu ter participação ativa na formação desses profissionais, tendo em vista a formação em nível de pós-graduação (mestrado e doutorado) com a qual contribui, haja vista que tive diversos/as orientandos/as provenientes dessa área do conhecimento.
Contudo, um acontecimento sobre o qual raramente comentei, penso que deve ser registrado nesse momento: se tratou de um convite que recebi no ano de 2006, para assumir a Diretoria de Planejamento do IPPUC – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba. Poucos convites me deixaram tão honrada como esse, contudo, declinei, por algumas razões que explicito.
Em primeiro lugar pelo fato de que estava imersa num projeto de envergadura que era minha saída do país para realizar o pós-doutorado, projeto que envolvia uma enorme logística preparativa, em razão de suas especificidades em termos profissionais e familiares; em segundo lugar porque tal atividade se daria já no decurso de cerca de dois anos da gestão municipal, ou seja, não se tratava de iniciar um novo projeto, mas de envolvimento em um projeto em curso, muito embora a presidência do IPPUC estava sendo alterada nesse momento e dela recebi o convite; em terceiro lugar e não menos relevante, isso certamente resultaria em embates cotidianos pesados em razão do fato de eu ser originária da Geografia, e não pertencer ao grupo predominante de arquitetos urbanistas do instituto.
Avaliei os prós e os contras e resolvi seguir com meus projetos de mais longo prazo, fato do qual nunca tive arrependimento. Ponderei que o custo pessoal seria demasiado em face dos prováveis ganhos de visibilidade dos/as geógrafos/as no processo de planejamento. Nem imagino como teria sido se a decisão fosse outra...
Duas outras experiências no campo aplicado da atuação do geógrafo merecem também registro: uma participação na equipe de elaboração do Estudo da Rede Urbana da Bahia, encomendado pelo governo do estado da Bahia e desenvolvido pelo escritório Vertrag Planejamento Urbano no ano de 2009. Esse envolvimento me trouxe um conjunto muito relevante de aprendizados e de contatos.
Do ponto de vista dos aprendizados, foi a partir dessa atuação que refleti muito sobre a vida na universidade e a aplicação daquilo com que trabalhamos na perspectiva conceitual. O tema principal de minha atuação foi relacionado ao processo de criação de regiões metropolitanas na Bahia, ou seja, havia a intenção de proposição de outras regiões metropolitanas para o estado, além de Salvador. Nessas discussões, muito refleti sobre a noção de “pureza conceitual”, ou seja, sobre minha visão do processo de proposição de regiões metropolitanas observando o conceito de metrópole e a escala nacional. Assim, embora apenas Salvador concentrasse os papeis normalmente atribuídos à metrópole, o estado da Bahia desejava criar outras regiões metropolitanas que pudessem atender às demandas de políticas públicas internas ao estado, ou seja, numa visão restrita ao território baiano.
A “pureza conceitual” significava tomar o conceito acima de tudo, o que pode não ser adequado quando o trabalho é aplicado à uma realidade específica, assim, desde a atuação técnica são necessárias concessões... é preciso alterar o olhar em busca das demandas da realidade o que pode significar uma flexibilidade teórica pelo bem da ação.
Outra experiência que deve ser registrada foi aquela ocorrida no ano de 2016 por ocasião de um convite para atuar na equipe que havia ganho a licitação para a formulação do Plano Diretor de Campo Grande no Mato Grosso do Sul. Os trabalhos foram conduzidos pela URBTEC – Planejamento, Engenharia, Consultoria. Também nessa ocasião, fui acionada para tratar da viabilidade de implantação da região metropolitana de Campo Grande, o que não se mostrou adequado, conforme conclusões do estudo.
Contudo, tive a oportunidade de participar de várias etapas de construção de um plano diretor, inclusive das audiências públicas, foi uma experiência enriquecedora, mas também difícil, novamente pela possibilidade de confrontar a teoria e a prática, cuja conciliação nem sempre é completamente possível.
Ainda na área técnica, outra experiência que me parece relevante apontar, foi aquela de analisar a candidatura de revistas ao SciELO - Scientific Electronic Library Online, nos anos de 2012 e de 2020. Isso me permitiu conhecer mais detidamente os critérios utilizados pelos indexadores de revistas de modo a conceder ou não sua chancela a um periódico.
Por fim, no que tange às atividades técnicas, registro minha participação na diretoria de entidades técnico-científicas. Integrei a diretoria da ANPUR – Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Planejamento Urbano, gestão 2017-2019, cuja presidência esteve a cargo do Prof. Dr. Eduardo Nobre da FAU-USP. Antes, havia sido membro do Conselho Fiscal dessa mesma associação na gestão 2015-2017, sob a presidência do Prof. Dr. Rodrigo Ferreira Simões
UFMG/CEDEPLAR, seguido pelo Prof. Dr. Geraldo Magela Costa UFMG/IGC, assim como fui do Conselho Executivo da ANPEGE – Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia, na gestão 2014-2015, sob presidência do Prof. Dr. Eliseu Sposito.
No campo das atividades técnicas, tenho atuado como membro de corpo editorial e/ou como revisora de diversos periódicos de diferentes lugares do Brasil: Revista Oculum Ensaios (PUCCAMP); Mercator (Fortaleza); Editora Letra Capital; Revista Geografar (UFPR); Geo UERJ; Revista do Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Londrina; Revista Interuniversitaria de Estudios Territoriales (Saanta Fé – Argentina); RAEGA - O espaço geográfico em análise; Terra Livre; Revista de Economia (Curitiba); Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais (ANPUR); Urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (PUCPR); Revista Brasileira de Pós-Graduação; Revista Paranaense de Desenvolvimento (IPARDES); Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFPR); Cadernos Metrópole (PUCSP); Revista de Ciências Humanas (UFSC); Boletim de Geografia da UEM; Caderno Prudentino de Geografia; Geografia. Ensino & Pesquisa (UFSM); Geosul (UFSC).
Quanto aos Comitês de Assessoramento e assessoria no campo da avaliação de projetos, destacam-se: CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; Fundação Araucária; Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); SCIELO - SciELO - Scientific Electronic Library Online; AERES - Agence d'Evaluation de la Recherche et d´Enseignement Supérieur (França); Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo; Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo; Fundação Universidade Regional de Blumenau; Agencia Nacional de Promoção Cientifica y Tecnologica – Argentina; Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco.
9. DOIS PONTOS E NÃO UM PONTO FINAL
Esse olhar sobre minha trajetória permitiu reconhecer a passagem do tempo, mostra o quanto percorri, o quanto corri, o quanto o tempo passou ligeiro. Desde a maturidade da vida profissional, posso avaliar com mais calma para onde pretendo ir.
Dos sonhos profissionais iniciais, não sei se restou algum por realizar...
Tenho uma vasta relação de alunos/as bem-sucedidos/as, excelentes profissionais, alguns meus colegas na atualidade, outros espalhados por longínquas terras daqui e de além mar.
Assumi muito cedo a profissão, tive que provar, a cada dia, que minha pouca idade não era sinônimo de falta de compromisso ou competência. Brinquei pouco na juventude, trabalhei duro e não me arrependo.
Vivi as mudanças na Geografia ao longo das últimas quatro décadas. Estive imersa na transição de paradigmas, coisa que só agora vejo com clareza. Comecei com a Geografia Tradicional e seus estilos de aprendizado no ensino básico, entrei na faculdade na transição entre Geografia Quantitativa e Geografia Crítica. Percorri pelos caminhos da Crítica e suas transformações nos últimos anos, anunciando as preocupações com o que se denominou de “virada cultural”. Vivenciei a emergência de novas temáticas e novas especialidades da Geografia. Fui aluna de renomados/as professores/as que muito me ensinaram sobre a ciência e sobre a vida.
Vivi as mudanças na UFPR, desde os primórdios da democratização na escolha da reitoria, até os retrocessos que se avizinham atualmente, impostos pelo Governo Federal. No departamento de Geografia, vivi a transição de um departamento desprestigiado no interior do Setor de Tecnologia para um departamento ativo e produtivo no interior do Setor de Ciências da Terra.
Vivi as mudanças no Departamento de Geografia e em especial na área de Geografia Humana, de posição secundária no plano local e nacional, sem produção relevante (com pontuais exceções), para uma área vibrante, com pessoas atuando em diversos níveis da vida acadêmica e profissional, pelo país e pelo mundo.
Vivi a ampliação dos espaços físicos da Geografia na UFPR, de um mero corredor escuro à três andares num prédio moderno e espaçoso, possível pelos investimentos na educação e ensino superior dos governos progressistas recentes.
Agora espero fechar projetos, concluir orientações e desbravar novos horizontes!
Sigo com minhas orientações na pós-graduação, com as disciplinas ofertadas na graduação e na pós-graduação (Geografia e Planejamento Urbano), redigindo textos, participando de bancas, coordenando projetos, como o CAPES-PrInt, contribuindo com avaliações diversas, sendo a representação da Área de Geografia Humana no CNPq a mais recente, participando de eventos e motivando meus orientandos/as a participar.
Sou uma entusiasta de novos projetos! Esse texto permite constatar os caminhos que percorri e foram muitos, sou sensível aos novos desafios!
Posso afirmar que transitei por todos os meandros da vida acadêmica, da graduação à pós-graduação, da pesquisa à extensão, de comissões localizadas à coordenação de curso. Interagi com a sociedade de modo geral, seja pelos projetos, seja pelos conselhos dos quais participei. Conquistei reconhecimento pelas minhas posturas, dentro e fora da UFPR.
Pretendo permanecer em atividade na UFPR por mais algum tempo, embora desde fevereiro de 2018 já reúna as condições de me aposentar. Meu desejo é fechar um ciclo. Gostaria de atuar em outra instituição que demanda esforços de consolidação. Aprendi muito e sei que poderia contribuir com o avanço de outros. Talvez me dedicar ao trabalho técnico, ligado a projetos aplicados no âmbito de minhas temáticas de trabalho.
Não é um ponto final, mais dois pontos, abertos ao futuro e às novas experiência, pois a vida continua, embora o momento atual seja de cautela, preocupação e resistência em face de lutas que imaginávamos já terem sido vencidas!
NOTAS
1- A referida sessão pública contou com a participação dos/as seguintes professores/as: Prof. Dr. Clóvis Ultramari (PUCPR); Prof. Dr. Eliseu Saverio Sposito (UNESP-Pres. Prudente); Prof. Dr. Francisco de Assis Mendonça (Presidente da banca-UFPR); Profa. Dra. Maria do Livramento Clementino (UFRN); Prof. Dr. Saint Clair Cordeiro da Trindade Junior (UFPA) e Prof. Dr. Sylvio Fausto Gil Filho (UFPR).
2 Maria Goretti da Costa Tavares, professora da Faculdade de Geografia da UFPA-Belém/PA.
3 Naquela época, o primário correspondia ao atual ensino fundamental 1, o ginásio ao ensino fundamental 2 e o colegial ao ensino médio.
4 Tudo indica que se tratou do livro de CLAVAL, P. Evolución de la geografía humana. Barcelona: Oikostau, 1974.
5 DEMO, Pedro Cuidado metodológico: signo crucial da qualidade. Sociedade e Estado. Brasília, v. 17, n. 2, jul/dez 2002, p. 349-373.