FRANCISCO DE ASSIS MENDONÇA

Item

Título
FRANCISCO DE ASSIS MENDONÇA
Nome Completo
FRANCISCO DE ASSIS MENDONÇA
Nascimento
03 de Outubro de 1960
História de Vida
FRANCISCO MENDONÇA – BIOGRAFIA COMENTADA

“A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que não se misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data.”
Guimarães Rosa.

Tomo as palavras do João Guimarães Rosa, de sabedoria ímpar, para construir esta biografia comentada. Ainda que tenha tentado conta-la “seguido e alinhavado” (epígrafe), não consegui... Daí, por vezes, o texto é um vaivém danado (!), o que, talvez, não o deixe cair na “rasa importância”. Até porquê, falar de nossa própria história é sempre um desafio enorme! A memória é algo seletivo e involuntário... ao expor detalhes de nossa experiência nos colocamos naquela condição perigosa de esquecer fatos, lugares, momentos e pessoas, e de dar destaque ao que, por motivos diversos, lembramos neste momento e esquecemos em outro. Mas, efetivamente, não é possível retomar toda a trajetória da vida na elaboração de um documento como este... o que apresentamos a seguir é o que foi possível e, neste momento, conseguimos recuperar como parte dessa sala de nossa memória! Nesses duros e extenuantes tempos de acirramento da pandemia da COVID-19 e insanidade profunda no governo do país, o texto a seguir é o que resulta de nossas possibilidades presentes!

DETALHES BIOGRÁFICOS E CONTEXTO HISTÓRICO
Nasci no dia 3 de outubro de 1960, no domingo da eleição que levou Jânio Quadros à presidência do Brasil, no Hospital dos Ferroviários da cidade de Araguari, Minas Gerais. O Brasil vivia um ensaio de democracia, era o ano da inauguração de Brasília (meses antes do meu nascimento) e num período de otimismo e alegria no país! O legado de Juscelino Kubitschek inspirava os brasileiros a acreditar que o país realmente entrava na modernidade e que tinha um futuro promissor.
Sou originário de uma família de pessoas muito simples e humildes; papai era analfabeto, trabalhou em serviços gerais no campo e, na maior parte de sua vida adulta, na Rede Ferroviária Federal; minha mãe tinha o ensino primário completo, era dona de casa e costureira.
Sou gêmeo com uma irmã, sendo os últimos filhos de uma família numerosa, fato comum no interior do Brasil até meados do século passado; somávamos nove irmãos, seis homens e três mulheres.
Nas proximidades de meu nascimento minha família foi morar na cidade de Anhanguera, a primeira cidadezinha no estado de Goiás para quem sai do Triangulo Mineiro em direção norte.
Minha família é tipicamente brasileira, do interior do país, local onde a união das três raças que compõem a miscigenação brasileira encontrou sua mais evidente expressão; meus ascendentes são negros, indígenas e brancos... todos de gênese relativamente desconhecida quanto ao local, donde árvores genealógicas sem raízes conhecidas. Essa genuinidade brasileira é algo que muito me orgulha!
Meus pais eram extremamente religiosos, praticantes do cristianismo católico e nunca se envolveram em questões políticas, mesmo tendo vivenciado a ditadura varguista quando jovens, e a ditadura militar após meu nascimento.
Vivi uma infância muito feliz em Anhanguera, uma vida muito ligada à natureza, numa casa de uma família numerosa na qual todos trabalhavam de alguma maneira. Aos meninos era atribuída a responsabilidade pela manutenção alimentar da casa, então plantávamos, à meia, arroz, feijão, milho, amendoim, etc; e também trabalhávamos na colheita de algodão, sendo pagos pelo trabalho. Isto desde muito cedo, lembro-me de aos sete anos de idade já trabalhar com meus irmãos na roça, uma parte do dia, na outra frequentava a escola. Aos 11 anos, já na cidade grande, vendendo salgados nos pontos de ônibus ou trabalhando de ajudante em mercearia, ajudava na renda da casa, responsabilidade que aprendíamos desde a tenra idade. Aos 14 anos tive meu primeiro registro de trabalho CLT, 8 horas de trabalho por dia, e passei a estudar à noite, tendo concluído no ano seguinte o ensino de primeiro grau (1975).
Me considero um “minerano paranaense”; nasci em Minas Gerais, morei até a juventude em Goiás, de onde saí aos 24 anos para o Paraná, onde vivo. Como a maioria das famílias pobres do mundo rural brasileiro de meados do século passado, ou das cidades pequenas, a minha migrou para a cidade grande, Goiânia, em 1969, e fomos morar numa pequena casa da periferia pobre da cidade. Chegamos em Goiânia no momento em que o homem pisava na lua pela primeira vez, acontecimento que me marcou profundamente (tenho vivas na memória as imagens em preto e branco transmitidas pela televisão), foi algo incrível! Outro fato inesquecível foi a transmissão da Copa do Mundo/1970, no México, quando o país, muito festivo, vivenciava a ditadura militar, que nos obrigava, criança que éramos, a cantar os vários hinos militares em todas as atividades da escola, a ter aulas de Educação Moral e Cívica e OSPB – Organização Social e Política do Brasil, além da obrigatoriedade da Educação Física. O ano de 1972 foi pródigo a este respeito, nele o Brasil comemorava o Sesquicentenário da Independência, toda a cultuação do patriotismo, civismo e militarismo foi exacerbada!
Em 1985 fui aprovado em concurso público para professor na Universidade Estadual de Londrina e me mudei para esta cidade; ali reside até janeiro de 1996 e, ao mesmo tempo em que atuava como professor universitário, cursei o mestrado e o doutorado na Universidade de São Paulo. Vencia os 500 quilômetros entre Londrina e São Paulo nas viagens noturnas de ônibus, passava dois ou três dias na capital paulista em aulas, seminários e colóquios, e regressava para ministrar aulas na UEL.
No segundo semestre de 1991 fui aprovado em concurso público na Universidade Federal de Santa Catarina, mas não assumi a vaga. Todavia, em 1995 consegui aprovação, em primeiro lugar, no concurso público para professor na Universidade Federal do Paraná, mudei com minha pequena família para Curitiba, e assumi o cargo no início de 1996, onde moro desde então.
A escolha da geografia como curso superior foi algo completamente casual! Como tive que trabalhar para me sustentar desde muito cedo, dado a perda dos meus pais ainda criança, e da consequente diáspora familiar, não me restava muito tempo para estudar.
Assim, mesmo com as dificuldades cotidianas e o fato de estudar em uma escola de periferia, alimentei o sonho de estudar medicina, que era, de fato, uma tentativa de realizar o desejo de minha mãe. Os últimos anos de vida dela foram marcados por problemas de saúde, embora ela era ainda relativamente jovem (50 anos), sonhava que um filho pudesse ajudá-la a amenizar o sofrimento; este sonho dela recaiu sobre mim, posto que era o único que cultivava o gosto pelos estudos. Assim, meu primeiro vestibular realizado no início de 1979 foi para o curso de medicina; obviamente não passei dentre os 110 primeiros classificados para as vagas disponibilizadas pela UFG; todavia, eu havia tido uma muito boa classificação, o que me levou a tentar seguir algumas disciplinas de maneira livre da universidade, mas não foi possível dar consequência a esse intento. O curso sendo em horário integral nos exigia muito tempo de dedicação aos estudos e eu não tinha como deixar de trabalhar, o que me fez desistir da medicina logo nos primeiros meses; abandonei a universidade e os estudos.
Eu já trabalhava na Ford, recebia um salário um pouco melhor que a fase anterior e, devido à frustração com a condição de vida, me entreguei às festas e aventuras da juventude. No segundo semestre de 1979, por muita insistência da irmã mais velha, que desde quando eu era bebê foi a minha segunda-mãe, voltei a estudar e a tentar o ingresso na universidade. Ela tinha concluído o ensino médio e sabia da importância de uma formação no ensino superior, sobretudo tinha a clareza da importância da formação superior para a definição profissional via formação universitária.
Me inscrevi no vestibular de 1980 na UFG. Estando na fila e sem saber qual curso escolher, disse a mim mesmo fazer a opção pelo mesmo curso que a pessoa que estava na minha frente na fila fizesse; ao chegar minha vez diante do guichê olhei, de soslaio, para a ficha que estava sendo marcada pelo candidato à frente, ele marcou o curso de geografia!
Sem saber ao certo o que fazer decidi cumprir a minha auto promessa e marquei também geografia; fui aprovado no vestibular com uma muito boa classificação que foi motivo de muita alegria, ainda que eu não soubesse nada da possibilidade de atuação profissional.
Matriculei-me curso de geografia da UFMG em março de 1980, todavia sem poder frequentar o curso que funcionava no período matutino! Sob o conselho da secretária do departamento de Geografia para não desistir, inscrevi-me em disciplinas ofertadas à noite junto com alunos de outros cursos; naqueles anos os cursos de graduação tinham um primeiro ano de disciplinas comuns. Assim, cursei as disciplinas de língua portuguesa, introdução à filosofia, à sociologia, organização do trabalho intelectual e EPB, que era uma disciplina de época, um resquício da ditadura militar; aquele início de 1980 foi o momento de me apaixonar pelos estudos universitários, pela profundidade que se dava ao conhecimento, especialmente a disciplina de língua e literatura brasileira, ministrada pelo inesquecível professor João Hernandes Ferreira. Ele nos seduziu para a língua e literatura brasileira, nos maravilhou com a leitura de João Guimarães Rosa, de Graciliano Ramos, de Machado de Assis, de Jorge Amado e de tantos outros... foi uma imersão sem volta! Eu, que já vinha de uma paixão pela literatura, através da leitura escolhida à esmo ao longo da adolescência e do inicio da juventude encontrava, na universidade, a possibilidade de dar vazão a um prazer que não podia dividir com os amigos e colegas do mesmo contexto social anterior!
As disciplinas do curso de geografia só fui mesmo iniciar no segundo semestre de 1980, e ainda assim só pude cursar duas ou três; tive que matar muitas aulas e também muitas manhãs no trabalho. Como eu trabalhava na inspeção final de carros novos da Ford tinha que fazer os testes de quilometragem inicial e, com a cumplicidade do motorista responsável pelos testes, saltava do veículo próximo à universidade e ia assistir a partes das aulas; boa parte de meus colegas acha que eu era muito rico, pois viam-me saltar de um Galaxie ou de um Landau novinho, com motorista, na frente da sala de aulas!!! Perdi várias aulas de campo, boa parte dos conteúdos das disciplinas e conclui o segundo semestre com notas apenas passáveis... aliás, meu histórico de graduação é medíocre!
Durante o ano de 1981 consegui alterar minha função e o horário de trabalho na concessionária Ford; passei a entrar no trabalho às 13h e sair às 19h quando assumi a seção de garantia de peças de automóveis da empresa. Ganhei uma bolsa para cursar inglês num concurso de rádio e fiz o meu primeiro ano de introdução nesta língua, tendo uma aula no início da noite no meio da semana e outra no sábado à tarde. Todavia, por ser o único funcionário, dentre mais de uma centena, que gozava da possibilidade de um horário especial, os conflitos não demoraram a aparecer, pois outros funcionários reclamavam a mesma regalia à direção geral. Colocado contra a parede tive que decidir, no início de 1982, entre o trabalho e os estudos... a esta altura a geografia, a universidade, e o movimento político já haviam me conquistado; deixei o trabalho e arrisquei-me na aventura de levar uma vida sem nenhuma garantia do sustento do cotidiano!
Algo que me despertava bastante a atenção era o fato de começar a entender os problemas brasileiros no âmbito da conjuntura política de então. Para um jovem da classe baixa, forjado a lutar diariamente por casa e comida, a dimensão política era algo muito distante e fora dos pensamentos e preocupações do momento; minha vida tinha sido muito marcada por uma forte ligação ao catolicismo e à igreja, por influência de meus pais, especialmente da minha mãe, mas a universidade começou abrir meus olhos, algumas disciplinas me mostravam um outro Brasil, especialmente aquelas da geografia humana, a língua e literatura brasileira e a filosofia da ciência. No plano político, nosso envolvimento com o Centro Acadêmico da Geografia, do qual fiz parte da direção, e da AGB-Seção Goiânia, foi fundamental para alavancar nossa curiosidade e nossa atuação no movimento estudantil; várias de nossas manifestações públicas contra a ditadura e em defesa de mais recursos para a educação, com enterros simbólicos do então Ministro da Educação e passeatas pela cidade, por exemplo, davam vazão à nossa luta inicial por justiça social e democracia no país.
O curso de geografia da UFG, naquele início de anos 1980, era um curso padrão, creio que era como a grande parte dos cursos das universidades periféricas do Brasil, ou seja, era um curso muito marcado por um viés de cunho positivista, de uma geografia decorativa e com parte dos professores com débil formação; estes não tinham, em geral, nenhuma perspectiva de desenvolver com seus alunos o senso crítico e a formação da cidadania no país que, naquele momento, estava sob uma forte ditadura militar. Parte de meus professores deixaram muito a desejar ante os olhos de jovens curiosos e interessados na mudança do país; entretanto, e paradoxalmente, tive a ventura de ter encontrado alguns professores que fizeram a diferença em nossa formação. Com esses outros professores pudemos iniciar a militância política, tanto na geografia como na sociedade e foi, sem sombra de dúvidas, com a ajuda deles que o mundo se abriu aos nossos olhos e que pudemos desenvolver uma trajetória ligando a geografia à política, à sociedade, ao meio ambiente e à justiça social. Dentre estes inesquecíveis mestres destaco os professores Horieste Gomes, Valter Casseti, Elza Stacciarini, Clyce Louyse, Tércia Cavalcante, Estela Correa e Maria Helena.
O movimento estudantil do qual participávamos foi a porta de entrada para a militância política via PCB – Partido Comunista Brasileiro, ao qual estivemos vinculados por aproximadamente três anos. O movimento “Diretas Já”, um dos mais importantes para o resgate da democracia no Brasil, envolveu-nos de tal maneira que nosso cotidiano se fez com atividades permanentes no seio desta magnífica peça histórica de nosso país. A defesa da justiça social, da liberdade e da democracia e, evidentemente da melhoria da educação, estavam na nossa pauta de luta e, para além desses temas, nós nos vinculamos a uma temática que marcou, desde então, minha carreira, que é a luta em defesa do meio ambiente. Essa pauta teve origem a partir dos grandes debates que nós organizamos na universidade e fora dela, em movimentos em defesa da ecologia, contra o projeto Carajás, contra o projeto Jari, contra a Transamazônica, contra a degradação da Amazônia e do Cerrado, etc. Para nós, jovens militantes e estudantes, ao promover este tipo de desenvolvimento, o governo do país atuava de maneira entreguista e condenava o futuro do país ao atraso e ao caos!
Ainda nesse período de graduação devo destacar nossa participação na AGB-Associação Nacional dos Geógrafos Brasileiros - Seção Goiânia, através da qual pude fazer várias viagens, participar de muitas reuniões de gestão coletiva, inúmeros congressos e conhecer melhor a geografia brasileira que, naquele momento, inaugurava o movimento da Geografia Crítica. Conheci e atuei junto a muitos dos importantes geógrafos brasileiros daquele momento, dos quais cito Orlando Valverde, Ariovaldo Umbelino, Rui Moreira, Carlos Walter, José Borzachielo, Milton Santos, Aziz Ab’Saber, Berta Becker, Manuel Correa de Andrade, Antonio Carlos Robert Moraes, e muitos outros. Sob a influência deles pude afirmar minha convicção de ter escolhido um campo do conhecimento de grande relevância social, e que me dava muito prazer ao me revelar a complexidade do mundo no qual estamos imersos.
Mudei-me para Londrina em 1985, quando ingressei na Universidade Estadual como professor universitário, e de lá me mudei para Curitiba em janeiro de 1996, cidade onde resido desde então. Em Londrina nasceu Sabina, minha primeira filha e, em Rennes/França, durante o doutorado sanduiche, nasceu Anaiz; em 2011 Liza nasceu em Curitiba e, em 2020 recebemos o Caio... Estes são meus quatro filhos, um presente do universo em minha vida, que muito alegram meus dias junto à Márcia, minha companheira.
Os anos vividos em Londrina, em Rennes, em Londres, em Paris e em Curitiba foram todos muito movimentados; embora nunca mais tenha me vinculado a nenhum partido politico sempre militei junto aos partidos de esquerda, e optei por fazer uma militância em defesa da educação e da ciência, especialmente aproveitando o momento da redemocratização e de desenvolvimento que o país passou a vivenciar após a década de 1990. Assumi a liderança de instituições no Brasil e no exterior, na academia e fora dela, como se verá nos detalhes destes últimos trinta anos comentados à frente.

PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES PARA A GEOGRAFIA BRASILEIRA.
Datas e locais de constituição da carreira na geografia.

Cursei a graduação em geografia entre os anos de 1980 e 1983, ou seja, nos extertores da ditadura militar no Brasil. Goiânia, localizada a aproximadamente 200 quilômetros de Brasília, era fortemente influenciada pelo contexto da ditadura, pois ela se situação no arco da área de “controle” do governo central. Talvez por isto tenhamos vivido ali certas ações de repressão que certamente já não aconteciam nas demais cidades brasileiras; nossas manifestações estudantis eram muito vigiadas, reprimidas, e estávamos sempre sob a mira dos militares.
Durante o curso de graduação em geografia na UFG conclui também uma formação relacionada à filosofia da ciência, tendo como temática central o marxismo histórico e dialético, um curso que funcionava aos sábados e que teve duração de dois anos, ofertado pelo CEFEG - Centro de Estudos Filosóficos e Econômicos de Goiás. Este curso foi fundamental para nosso aprofundamento no conhecimento da história das sociedades e na compreensão da luta de classes como motor da história; foi a base para nossa tomada de consciência mais firme acerca de nossa condição social, bem como da necessária atuação dos movimentos sociais no processo histórico.
Iniciei na profissão de professor ao mesmo tempo que realizava o curso de graduação. Nossa primeira experiência foi no ensino fundamental e médio; iniciei na profissão no ano de 1982 em escolas particulares de Goiânia, nos Colégio Galáxia e Colégio Carlos Chagas em 1982, por convite dos amigos Sérgio Camargo e João de Castro, respectivamente e, no Colégio Agostiniano N. Sra. de Fátima, em 1984, por processo seletivo. Em fevereiro de 1985 fui aprovado no concurso para professor substituto no Departamento de Geociências da Universidade estadual de Londrina, onde assumi uma vaga na cadeira de Geografia física e, naquele mesmo ano, em novembro, fui aprovado em primeiro lugar no concurso público para efetivar essa vaga.
Em fevereiro de 1986 ingressei no curso de mestrado em Geografia Física da Universidade de São Paulo, e o concluiu em junho de 1990, sob orientação do professor José Bueno Conti; minha dissertação teve por título A evolução socioeconômica do Norte Novíssimo de Paranavaí e os impactos ambientais - Desertificação? Na banca de defesa as professoras Dirce Suertegaray e Ana Maria Marangoni, além do orientador. Para cursar o mestrado, já sendo professor universitário e não gozando de licença para estudos, tive que fazer viagens noturnas semanais entre Londrina e São Paulo, um trecho de aproximadamente 500 quilômetros; viajava nas noites de segundas ou terça-feira assistia aulas e realizava outras atividades, e voltava para o trabalho na noite seguinte. Neste período fui contemplado com uma bolsa de estudos do CNPQ para realizar um estágio na Universidade da alta Bretanha, em Rennes/França, sob orientação do professor Robert Barriou; o estágio tinha por tema a aplicação de imagens de satélite aos estudos da Geografia. Nesta estada na França aprendemos a língua francesa e pudemos manter uma rica interlocução com o professor Jean Dresch, aposentado da Université Sorbonne, de Paris; a contribuição dele foi fundamental para desenvolver minha dissertação, e nossas reuniões aconteciam na casa dele num bairro próximo ao Cartier Latin, onde eu era sempre muito bem recebido.
Em 1991 fomos admitidos para realizar o curso de doutorado, também sob orientação do professor José Bueno Conti (5), na USP (2), agora sobre o tema clima e planejamento urbano. Defendi, em maio de 1995, uma tese que versava sobre a abordagem conceitual, teórica e metodológica do tema, avançando em novas abordagens, ao mesmo tempo que as exercitando no estudo de caso de uma cidade de porte médio, a cidade de Londrina/PR. Durante a realização do doutorado voltamos à França, a convite dos colegas do laboratório COSTEL – Climat et Occupation du Sol par Teledetection - na equipe do professor Barriou e, desta feita tivemos também a orientação do professor Jean Mounier, um renomado geógrafo da climatologia e que era reitor da Université Rennes II. A tese teve por título Clima e planejamento urbano de cidades de porte médio e pequeno: Proposição metodológica e sua aplicação à cidade de Londrina/PR, e a banca de defesa foi composta pelos professores Yahoyia Nakagawara, Joaquim Guedes, Magda Lombardo, Augusto Titarelli e pelo orientador.
Em 1999 nos submetemos ao concurso para Professor Titular na Universidade Federal do Paraná; tivemos então que elaborar uma tese, um dos critérios daqueles concursos da época, além das provas escrita, de currículo, de memorial e da aula. A tese que elaboramos teve como título “Clima e criminalidade – Ensaio analítico da correlação entre a temperatura do ar e a violência humana”, e a banca do concurso foi composta pelos professores: Riad Salamuni/UFPR, José Popp/UFPR, Helmut Troppmair/UNESP, Sueli Del Grossi/UFU e Roberto Cassol/UFSM. Esse concurso constituiu um passo importante na consolidação de nossa carreira e, a tese, uma abertura para a abordagem da análise em Geografia da Saúde, que nos interessava já desde o doutorado.
No ano de 2002 fomos convidados para atuar como professor na Université de Sorbonne Paris I, no Institut de Geographie, onde passamos alguns meses ministrando aulas, desenvolvendo pesquisas e cooperação internacional, bem como fortalecendo parcerias já iniciadas anos anteriores. Em 2004 e 2005 realizamos atividades de pós-doutorado e de professor visitante em universidades francesas e inglesas; voltamos à Rennes como professor convidado, onde trabalhamos com o professor Vincent Dubreuil e, na London School of Hygine and Tropical Medecine (9) com a professora Carolyn Stephens. Retornamos à Sorbonne, por alguns meses, e dessa feita nosso trabalho foi realizado com o professor Frederic Bertrand; ele, como os demais, tornaram-se nossos amigos para a vida. Foi também nesta estadia de Paris que estabelecemos uma relação de amizade e importantes debates com o professor Michel Maffesoli, cujo tema de interesse era o desenvolvimento do Brasil, aproveitando o boom do governo Lula e a meteórica projeção do Brasil como uma potencia no mundo de então! O Seminário que organizamos na Sorbonne, em maio de 2005, intitulado “Le Brésil: Geopolitique et environnement actuels”, no Amphi De Martonne – Institut de Géographie, havia tido um sucesso fenomenal, fato que ensejou debates e publicações que se seguiram. Ainda naquela maravilhosa estadia pudemos dividi-la com o mestre Carlos Augusto F. Monteiro (7) que veio morar conosco no apartamento da Rue des Ecoles, e nos ensinar tantas coisas sobre a arte, a cultura, a ciência e a vida!
Em 2014 realizamos um estágio pós-doutoral na Universidad de Chile, em Santiago, onde pudemos trabalhar com o professor Hugo Romero, um colega e amigo de longa data! Esta estadia nos permitiu aproximar um pouco mais da realidade da geografia na América Latina, ao mesmo tempo que aprofundar nossas análises acerca da relação entre o clima urbano e o planejamento de cidades na contemporaneidade. Os meses vividos no Chile coincidiram com parte dos anos de intensas manifestações estudantis e da sociedade em defesa da democracia e da justiça social, especialmente do acesso gratuito à universidade pública. Os intensos conflitos que eram travados entre estudantes e parte da população contra as forças do governo reavivaram a expectativa de dias melhores naquele país, então visto como sucesso econômico, mas com gravíssimos problemas sociais! No Brasil, desde o ano anterior, a jovem e imatura democracia já registrava graves problemas de sua manutenção e consolidação!

PESQUISAS EXPRESSIVAS REALIZADAS QUE MARCARAM O PERFIL ACADÊMICO
Nos quase 40 anos de pesquisas em Geografia pude desenvolver um conjunto de temáticas que me interessaram e que me envolveram profundamente. Vou destacar aqui algumas delas, certamente esquecerei de outras, mas vou dar luz às que mais se destacaram:
- A temática ambiental ou abordagem ambiental na Geografia é sem sombra de dúvidas a temática a qual me liguei desde o início da formação na graduação. É sobre ela que tenho trabalhado ao longo de toda a minha carreira. Eu situaria que os primeiros estudos nesta temática foram realizados em disciplinas na graduação, em trabalhos acadêmicos e, ao mesmo tempo, atuando junto a movimentos ambientalistas que, naquele momento dos anos 1980, em Goiânia e Brasília, no Brasil Central, animavam a nossa atuação. Creio também que o interesse por esta temática tenha uma raiz na minha primeira infância, no baixo vale do rio Paranaíba onde se situa a cidade de Anhanguera e onde, desde muito pequeno, me fascinava os banhos nos córregos, as enchentes do rio, o prazer do cheiro de terra molhada de chuva, o plantar e o colher nos solos argilosos, a beleza dos flamboyants e dos pores do sol, enfim, tanta coisa linda da natureza!
-A primeira pesquisa de cunho acadêmico que realizei foi no âmbito da Geografia Humana, aplicando as concepções teóricas de Milton Santos no estudo da economia urbana. Juntamente com dois colegas, Cesar e Sirlane, fizemos um estudo orientado pela professora Clyce Louise que versou sobre a gênese e a dinâmica do comércio ambulante em Goiânia. Essa pesquisa foi essencialmente ancorada em levantamentos primários de campo e retratou a gênese do comércio ambulante na área central da cidade, especialmente no eixo monumental da avenida Goiás, a principal avenida da cidade; ela atestava a degradação das condições de vida urbana e de trabalho, sua precarização, ao mesmo tempo que evidenciava a complexização da vida urbana nas cidades brasileiras do início dos anos 80. Essa pesquisa nos rendeu uma importante premiação; nossa monografia foi classificada em primeiro lugar no concurso organizado pelo INDUR - Instituto de Desenvolvimento Urbano e Regional de Goiás - por ocasião do aniversário dos 50 anos da cidade de Goiânia! Foi meu primeiro grande estímulo para desenvolver pesquisa doravante!
-No final da minha graduação tive a oportunidade de exercitar as meus conhecimentos em Geografia, especialmente a parte ligada aos estudos da Geografia Física, e usando da fotointerpretação. Pude atuar, a convite, para desenvolver uma consultoria num grupo de antropólogos e historiadores liderados pelas antropólogas Renate Viertler/USP e Irmie Wurst/PUC-GO, num trabalho que versou sobre o mapeamento dos sítios arqueológicos da área dos índios Boróro, tribo indígena que ocupou uma grande área no Brasil Central. O que estava na base daquela pesquisa era o fato de que, naqueles anos 1970 e 1980, o índice de suicídio, alcoolismo e prostituição, com elevada taxa de homicídios entre os indígenas, era muito elevada; a pesquisa buscava então, ao recuperar traços da história deles, ajudar na redução dos graves problemas identificados.
-Dando continuidade a meus interesses em trabalhar com indígenas pude desenvolver, juntamente à antropóloga Kimie Tomasino, dessa feita já trabalhando na UEL e como autor da pesquisa, um estudo sobre a degradação ambiental e a qualidade de vida dos índios Kaingang, no Norte do Paraná, especialmente da reserva indígena do Apucaraninha. O objetivo deste estudo era levantar subsídios para auxiliar nas lutas em defesa dos indígenas e de suas terras, posto que havia interesses escusos de tornar a área um espaço de exploração turística, algo que ameaçava a integridade cultural e a vida daquele povo.
-A temática e questão ambiental estiveram no cerne de minha dissertação de mestrado, que versou sobre a análise acerca da interação entre a exploração econômica - produção cafeeira - e a degradação ambiental generalizada no Noroeste do estado do Estado do Paraná. Esse processo foi por nós analisado sob a perspectiva da desertificação ecológica, tendo como premissa uma construção conceitual internacional para a abordagem da desertificação, e também do meu próprio orientador, professor José Bueno Conti, para o caso da desertificação ecológica. Na dissertação pudemos colocar em evidência uma abordagem acerca da apropriação das riquezas naturais no âmbito do sistema capitalista de produção e, portanto, da sua degradação e dilapidação, associadas à introdução de um novo cultivo de exportação, sem respeitar os limites da Natureza. O estudo colocou em evidência toda uma análise da formação natural daquela paisagem e, ao mesmo tempo, mostrou como a lógica da expansão agrícola, urbana e viária inconsequente gerava uma profunda degradação ambiental que, em última instância, se manifestava na perda de população e na redução da produção econômica regional.
-No doutorado dei sequência a essa perspectiva da análise ambiental integrada, a partir da qual a relação, ou interação, Geografia Física e Geografia Humana, foi a perspectiva de análise que já vínhamos desenvolvendo na Geografia. Nossa tese de doutorado teve como problemática de pesquisa a formação do clima urbano em cidade de porte médio e pequeno, visando o planejamento e a gestão urbana como caminhos para garantir qualidade de vida na cidade. O estudo focou o campo térmico urbano como derivado da interação entre a sociedade e a natureza nos espaços de aglomeração humana, tratando da questão do conforto ambiental no âmbito das Ilhas de Calor Urbano. A tese trouxe não só avanços no campo teórico e conceitual do clima urbano, mas também no aspecto metodológico e técnico e propôs, ao final, sugestões para o planejamento urbano, notadamente dando ênfase à importância das áreas verdes na cidade, como um dos elementos controladores da qualidade ambiental urbana. A realização da tese de doutorado nos permitiu delinear um pouco mais amiúde nosso campo de interesses na pesquisa geográfica, que passou a ser, desde então, o estudo da cidade tomando o clima urbano como central nas analises da problemática socioambiental urbana. Nosso pensamento sempre esteve marcado pela preocupação com a justiça social e, obviamente, o estudo da cidade dos países não desenvolvidos, especialmente do Brasil, sempre pautou a questão da exclusão e da segregação sócioespacial como condições fundamentais para se entender a lógica da produção e da reprodução dos espaços urbanos no contexto destes países. Além do campo térmico do clima urbano, e passando a estuda-lo em cidades grandes e regiões metropolitanas nos últimos vinte anos, inserimos também o enfoque sobre o problema das inundações urbanas e da poluição do ar nas cidades.
-Para elaborar a tese para o concurso de Professor Titular pude escolher uma temática que me acompanhava de longa data e para a qual não pude dar muita atenção, mas que estava presente tanto durante o mestrado quanto o doutorado. Voltando um pouco mais no tempo, percebo que ela estava presente desde a minha juventude, tendo aparecido no primeiro vestibular que fiz quando acalentava o sonho de cursar medicina. A questão da saúde humana me tomou de cheio quando fui pensar no tema de estudo para elaboração desta tese; assim, liguei os conhecimentos no campo da Climatologia, da Climatologia Médica e da Geografia Saúde, e pude associá-los com algo que me chamava muito a atenção nos anos 90, que é aa violência urbana. A partir dos anos 1980 e 90 ela passou a ser um dos temas de maior preocupação da humanidade; infelizmente essa problemática tem se intensificado sobremaneira nas últimas décadas, especialmente nos países não desenvolvidos. Nossa questão de pesquisa se colocava da seguinte maneira: Será que a Violência humana resulta somente das condições sociais / psicológicas? Não haveria nenhuma influência do meio ambiente e das condições ambientais na ocorrência da violência humana? para responder a essas questões nós fizemos um levantamento histórico a partir de bibliografias de referência, e constatamos que era um tema que estava evidente desde longa data; pudemos então relacionar a violência humana com as condições urbanas, com as condições de vida na cidade, e fizemos então uma análise da interação entre o clima urbano, o planejamento da cidade e a violência urbana.
-a elaboração da tese do titular então constituiu-se na retomava de um campo de estudos que, no Brasil, tinha sido é relativamente desenvolvido por médicos sanitaristas na primeira metade do século XX e que tinha sido enfraquecida na segunda metade deste século. Nosso estudo, desenvolvido no campo da Geografia Médica e da Saúde, foi sequenciado pela aplicação de toda uma base conceitual, teórica e metodológica que havíamos adquirido por ocasião da elaboração do doutorado e da tese de titular. Assim, encaminhamos nosso olhar para uma problemática que tomou vulto a partir dos anos 1990 e que, nas últimas duas décadas tem sido de altíssimo interesse da sociedade e dos governos do Brasil e do mundo, que é a questão das doenças transmissíveis ou negligenciadas (conforme a terminologia da OMS). Dentre as doenças nosso maior interesse tem sido pela dengue, doença que fez várias importantíssimas epidemias nos últimos no Brasil nos últimos vinte anos, e para a qual não há um controle clínico e nem tampouco da transmissão. Ela é uma doença que demanda atuação de vários profissionais, dentre eles os geógrafos, porque as condições de reprodução do vetor e de transmissão do vírus sofrem influencias diretas das condições ecológicas e geográficas das cidades. A dengue é, portanto, um grande problema social, econômico, político e cultural, concebido e abordado no campo da saúde pública, sendo o tema sobre o qual temos desenvolvido pesquisas nos últimos vinte anos. Além das importantíssimas epidemias que foram registradas no Brasil nossa questão para desenvolver esta pesquisa se relaciona sobretudo ao fato de que as mudanças climáticas globais, e o aquecimento climático global, constituem elementos propiciadores à intensificação da doença e sua expansão geográfica para áreas que hoje são indenes à doença; dentre estas estão as áreas subtropicais e temperadas do mundo, além das regiões de altitude mais elevada. Nossa principal preocupação ao estudar esta doença é que ela depende fortemente do meio geográfico para sua ocorrência, tanto do ponto de vista da condição ecológica (fatores e elementos da geografia física) das cidades, quanto das condições sociais, econômicas, políticas e culturais da urbe, que concorrem para o espraiamento e intensificação dela em países como o Brasil.
-Quero ressaltar que a temática das mudanças climáticas globais e suas repercussões regionais e locais tem estado no centro de nossas pesquisas nos últimos, aproximadamente, vinte e cinco anos, através projetos de pesquisa que envolvem, na maioria das vezes, o ambiente urbano. Nesse particular ressalto o interesse dos estudos pela qualidade e condições de vida na cidade enfocados sob a perspectiva do tripé riscos, vulnerabilidades e resiliência das áreas urbanas. Ressalto que, no âmbito de nossas reflexões aparece, muito nitidamente, o interesse pelo enfoque deste tripé, que está na ordem do dia de nossas pesquisas.
-Ah, last but not least… não posso deixar de mencionar nosso interesse e dedicação aos estudos no campo da epistemologia da geografia, especialmente porque ministro aulas deste tema, como disciplina, desde o final dos anos 1990! (Várias de nossas publicações resultam deste campo de reflexões). Aqui ressalta nossa curiosidade intelectual, as leituras e debates no campo filosofia, a ousadia de tentar conhecer um pouco mais acerca desta fabulosa aventura que é a produção consciente e consequente do conhecimento científico e vernacular! Trata-se de um grande desafio no qual, quanto mais avançamos mais temos a convicção da necessidade de que mais ainda falta para avançar!

PARCERIAS DE PESQUISA AO LONGO DA CARREIRA.
As parcerias de pesquisa que estabelecemos ao longo de nossa carreira podem ser concebidas de duas maneiras, aquelas estabelecidas no plano pessoal, ou seja, com colegas com os quais desenvolvemos nossas pesquisas e, também, aquelas de ordem institucional, ou seja, a ligação institucional é que permitiu a interação entre nossas atividades e aquelas de outros colegas através da interação e institucional. Corro um grande e perigoso risco de não mencionar todas as pessoas e todas as situações com as quais tive a felicidade interagir ao longo desses mais de quarenta anos de atividades no campo da Geografia e do Meio Ambiente e Desenvolvimento, mas vou pontuar algumas na expectativa de ser perdoado por aquelas que não mencionar; a lista é longa, devo admitir.

-Para desenvolver a pesquisa do doutorado tive a felicidade de contar com este que acabou me influenciando sobremaneira na estruturação de minhas idéias, e de grande parte da minha produção intelectual e científica, o professor Carlos Augusto Figueiredo Monteiro. Sua influência se evidencia em grande parte das minhas escolhas temáticas e de um certo delineamento do meu pensamento, a partir das discussões que travamos e das incríveis e riquíssimas contribuições que ele me passou, a partir da sua própria trajetória científica e de sua experiência de mundo. Nós não desenvolvemos nenhum projeto e nenhuma pesquisa juntos, em particular se considerarmos o padrão científico e acadêmico de pesquisa científica, mas esta foi a mais longa, intensa e importante parceria que pude estabelecer ao longo de minha carreira, especialmente para a integrada, holística e aberta abordagem ambiental na Geografia e na interdisciplinaridade.
-A primeira grande influência que recebi no período da graduação foi do professor Horiestes Gomes (6) e do professor Walter Casseti; ambos foram fundamentais para delinear aquilo que pude vir a desenvolver posteriormente, a abordagem ambiental numa perspectiva de complexidade. A parceria com o Prof Horieste se dava tanto no plano da academia e na atuação à frente da AGB-Seção Goiânia, quanto da militância política, sendo que a inspiração pela Geografia Física veio do Prof Casseti; a Profa Elza completou a tríade despertando-me para o interesse da cartografia e aerofotogeografia. Foi também na graduação que tive os meus primeiros parceiros de pesquisa ao elaborar a monografia sobre os comércio ambulante em Goiânia, já mencionados anteriormente.
-Da mesma maneira como anteriormente citado, dentre minhas primeiras parcerias ressalto o trabalho sobre os indígenas, que elaborei em parceria com as antropológicas Irme Wurst e Kimie Tomazino.
-Por um considerável período pude desenvolver meus estudos recebendo a colaboração de um querido professor da Université de Haute Bretgne, na França, o professor Robert Barriou, que muito me ensinou sobre a aplicação da cartografia automática e das imagens de satélites aos estudos ambientais. Na mesma universidade tive também a colaboração do Prof Jean Mounier e, desde os anos 1990 do amigo e colega Vincent Dubreuil; com este último temos desenvolvido tanto pesquisas no campo da climatologia quanto a atuação à frente de instituições como a AIC – Association International de Climatologie. Ainda na França destacaria as parcerias com os colegas da Université de Sorbonne/Institut de Géographie (8), os professores Frederic Bertrand e André Fischer; juntos desenvolvemos interessantes pesquisas, organização de eventos, publicações e a fundação do Programa de Pós-graduação em Geografia da UFPR.
-Ainda no que concerne às parcerias com colegas do exterior, nos últimos dez anos pude estreitar a colaboração e parceria de pesquisa em Climatologia, tanto quanto a análise de situações de risco e vulnerabilidade ao clima e sua relação com as doenças transmissíveis, com colegas do Canadá (o Prof Guillaume Fortin – Université de Moncton) e da Itália (Profa Simona Frattiani – Universitá de Turin). Uma das mais importantes parcerias internacionais que estabeleci é aquela com o professor Hugo Romero (Universidad de Chile, em Santiago) com quem tenho desenvolvido estudos envolvendo a Geografia, a Geografia Física e a Climatologia urbana no contexto da América Latina.
-Estabeleci ricas e profícuas parcerias nos últimos trinta anos especialmente relacionadas à temática e problemática socioambiental urbana, em projetos que desenvolvemos vinculados ao Programa de Meio Ambiente e Desenvolvimento da Universidade Federal do Paraná. Trata se de um programa é interdisciplinar no âmbito do qual coordenei por aproximadamente vinte anos a linha de pesquisa relacionada ao ambiente urbano; destaco as parcerias com vários arquitetos, dentre eles a professora Iara Vicentini, a professora Cristina de Araújo Lima e o professor Clovis Ultramari; nesse mesmo grupo de pesquisa destaca-se a parceria bastante intensa com a professora Myrian Del Vecchio de Lima, da área de comunicação.
-Durante o período que estivemos vinculados à Universidade Estadual de Londrina pudemos estabelecer parcerias muito importantes no Departamento de Geociências; em primeiro lugar destaco a professora Nilza Freres Stipp, quando do desenvolvimento do projeto de pesquisa relacionado à degradação ambiental do Rio Tibagi, que envolveu vários colegas da UEL e de outras instituições. Na mesma universidade lembro dos professores Omar Neto Fernandes de Barros e Mirian Vizintin; juntos criamos o laboratório de sensoriamento remoto no final início dos 90 laboratório.
-Tive uma intensa e longa parceria de pesquisa com uma colega do Departamento de Geografia da UFPR e com a qual produzimos pesquisas e atividades de ensino, e publicamos um dos mais importantes livros de minha carreira, a professora Inês Moresco Dani-Oliveira. Juntos criamos o LABOCLIMA - Laboratório de Climatologia da UFPR que desde o final dos anos 90 desenvolve pesquisas variadas em Climatologia, mas com um enfoque central sobre o clima urbano. Na última década e ligado à este laboratório minha parceria se faz com o professor Wilson Flávio Feltrim Roseghini, que dá continuidade às pesquisas outrora elaboradas em parceria com a professora Inês Moresco.
-As pesquisas relacionadas à dengue que temos desenvolvido nos últimos vinte anos anos permitiram desenvolver um conjunto de parcerias, tanto no Brasil quanto no exterior. No campo da saúde pública, no Brasil, cito a Médica Angela Maron (SESA/PR) e o professor Lineu Souza (UFPR), o professor Ulisses Confalonieri (FIOCRUZ), e o professor Daniel Canavese (UFRGS – Saúde Pública). Ainda no nosso país e no âmbito da Geografia da dengue, colegas de inúmeras universidades e institutos de pesquisa também têm desenvolvido conosco pesquisas relacionadas à dengue: Érica Collishonn (UFPEL), Gustavo Armani (IG/SP), Antônio Carlos Oscar Júnior (UERJ), Vicentina Anunciação (UFMS), Ercília Steinke, Valdir Steinke e Hellen Gurgel (UNB), Ranyere Nóbrega (UFPE), Maria Elisa Zanella (UFC), Jose Aquino Junior e Zulimar Márita (UFMA) e Reinaldo Souza (INPA).
-Outras parcerias que temos desenvolvido em nossa trajetória científico e intelectual são aquelas com os professores Márcia Carvalho, Cláudio Bragueto, Fabio Cesar Alves da Cunha e Deise Fabiana Ely (UEL), Gislaine Luis (UFG), Josefa Eliane, Márcia Eliane, Rosemeri Melo e Jailton Costa (UFS), Adriano Figueiró (UFSM), José Candido Stevaux (UEM), Vitor Borsato (FECILCAM), Olga C. de Freitas, Sylvio Fausto Gil Filho, Irani Santos, Salete Kozel, Dimas Floriani, Angela Damasceno (UFPR), dentre outros.
-Ainda nas parcerias internacionais há que se destacar aquela que durou cerca de uma década com o IRI - International Research Institut on Climate and Society, da Columbia University, através do professor Pietro Ceccato. No campo da abordagem da saúde humana, especialmente para o caso das doenças transmissíveis, estabeleci um conjunto de parcerias tais com: Caroline Steffens (London School of Hygine and Tropical Medicine / Inglaterra), Paul Ritter (Institu Pasteur / Paris), Murielle Laffaye e Cecile Vignoles (CNES/França) e Mário Lanfre (CONAE / Argentina). Outras parcerias de trabalhos mais recentes são essas que temos estabelecido com colegas da Universidade de Lisboa, donde destaco a professora Maria João Alcoforado e o professor Antonio Manuel Lopes, ambas no campo da Climatologia urbana.
-Um projeto de envergadura Internacional, o Smart Cities, permitiu uma interação via projeto de pesquisa e aplicação ao planejamento urbano a partir de 2014, entre uma vasta equipe da cidade de Curitiba e um grupo de pesquisa do SMHI - Swedish Meteorological and Hydric Ressources Institut - da cidade de Estocolmo. Desenvolvemos o PARCUR – Programa de Qualidade do Ar da Cidade de Curitiba – no qual pude coordenar a parte brasileira, envolvendo a Prefeitura de Curitiba e várias instituições municipais e estaduais, tendo a coordenação internacional do Prof Lars Guidahen.
-Devo destacar também uma longa parceria no âmbito da discussão de idéias e na organização institucional em defesa da Geografia Latino-americana, meu querido e saudoso professor José Manuel Mateus Rodrigues, da Universidad de Havana / Cuba, e a professora Teresa Reina Trujillo da Universidad Autônoma do México. Nesta mesma perspectiva, mas na dimensão Ibero-americana, os professores Lúcio Costa e Antonio Vieira, da Universidade de Coimbra e do Minho, respectivamente.

ARTIGOS E LIVROS MARCANTES DA CARREIRA
Vejo como muito difícil destacar artigos mais marcantes nessa em minha biografia, especialmente porque ao longo de uma carreira de mais de quarenta anos e de intensa produção intelectual e científica, pudemos veicular nossas idéias em quase uma centena de textos publicados em periódicos nacionais e internacionais. Assim, declino da indicação dos artigos aqui, mas indico aos interessados uma consulta em nosso CV-Lattes, estão quase todos ali (sou meio desatento com a inserção de todas as publicações no Lattes, assumo). Vou ater-me à citação de minhas publicações na forma de livros, e tecer alguns comentários sobre os mesmos:

-Geografia Física: Ciência Humana? foi o primeiro livro que publiquei, em 1989, como resultado das reflexões que tomavam minha mente e os questionamentos acerca da abordagem ambiental na Geografia, especialmente pelo fato de haver naquele período uma explícita “rusga” entre Geografia Física e Geografia Humana. O livro fez um rápido sucesso e encontra muita repercussão até os dias de hoje, fato que nos deixa bastante contentes! Esse livro foi publicado devido à atuação do professor José Borzachielo da Silva, o querido Zé da Silva, que apresentou o rascunho ao diretor da Editora Contexto, que imediatamente o publicou.
-Geografia e meio ambiente, foi o segundo livro, publicado também pela Editora Contexto, no início do ano de 1993. Trata se de um livro muito objetivo e sintético, e que sintetizava um conjunto de discussões e temas relacionados à questão ambiental. Esse tema tomou muita importância no Brasil no final dos anos 1980 e início de 1990 como inerente ao contexto da realização da Conferência do Rio 92 ou Eco 92.
-Clima e criminalidade - Um ensaio acerca da relação entre a temperatura do ar e a violência humana; esse livro resultou de minha tese de professor titular na UFPR, foi publicado pela editora da UFPR no ano de 2001. Interessantíssimos e acirrados debates na Geografia brasileira no começo da penúltima década foram decorrentes do título do livro, pois a leitura rápida e armada do mesmo levava a imaginar que eu fazia uma defesa do determinismo natural como perspectiva da violência humana! Ledo engano; o livro na verdade coloca em questão o fato de que, como colocado anteriormente, o meio ambiente influencia o comportamento humano e, portanto a violência humana.
-Elementos de epistemologia da Geografia contemporânea foi também um livro publicado pela editora da Universidade Federal do Paraná, em 2000, organizado e publicado em coautoria com a colega Salete Kozel. Essa obra sintetiza as discussões desenvolvidas num seminário nacional bastante denso que organizamos por ocasião da implantação do curso de pós-graduação / mestrado em Geografia da Universidade Federal do Paraná.
-Impactos socioambientais urbanos, foi um outro livro publicado em 2004 também pela editora da Universidade Federal do Paraná. Trata-se de uma coletânea por nós organizada e que resultava do seminário nacional sobre impactos socioambientais urbanos, que realizamos na cidade de Curitiba naquele ano. Palestrantes convidados do Brasil e do exterior contribuíram com textos de suas autorias para a montagem deste livro que alcançou um sucesso bastante expressivo logo da sua primeira edição.
-Clima urbano, publicado pela Editora Contexto em 2004, foi uma obra que tive o prazer de organizar juntamente com meu querido professor Carlos Augusto Figueiredo Monteiro. Assinamos conjuntamente a autoria e organização deste livro, que reúne tanto uma síntese da sua contribuição teórica a respeito do SCU - Sistema Clima Urbano - quanto quatro exemplos de aplicação dessa teoria e metodologia em cidades importantes do Brasil (Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba e Londrina).
-Climatologia - Noções básicas e climas do Brasil organizei juntamente com a professora Inês Moresco Danni-Oliveira, se constitui num livro de referência ou livro básico para os estudos de Climatologia no Brasil. Publicamos esse livro pela primeira vez no ano de 2007 pela Editora Oficina de Textos, visando não somente atualizar conceituações, métodos e técnicas em Climatologia mas, sobretudo, colocar em evidência a dinâmica atmosférica da América do Sul e do Brasil, bem como os principais tipos climáticos do país, além de exemplos das várias temáticas da Climatologia geográfica.
-Espaço e tempo: Complexidade e desafios do pensar e do fazer geográfico é uma coletânea resultante do encontro da ANPEGE - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Geografia, que organizei em Curitiba no final de minha gestão como presidente desta associação, em 2009; organizei este livro em parceria com as professoras Márcia da Silva e Cecília Lowen-Sahr, que dividiam a direção da ANPEGE comigo na gestão 2007 a 2009.
-Riscos climáticos – Vulnerabilidade e resiliência associados, é também uma outra coletânea, desta feita publicada pela Editora Paco Editorial, de Jundiaí / São Paulo, e que agrupa textos de colegas do Brasil e do exterior ; esse livro foi publicado em 2014.
-Os climas do Sul - Em tempos de mudanças globais, é uma coletânea publicada sobre nossa organização e agrupa um conjunto de textos resultantes de pesquisas de meus ex-orientandos de mestrado e doutorado sobre os climas do sul do Brasil, publicado pela Paco Editorial no ano de 2014 .
-A construção da Climatologia geográfica no Brasil, publicamos pela Editora Alínea, de Campinas, sob autoria dos professores Carlos Augusto Figueiredo Monteiro, João Zavattini, João Lima Santana Neto e minha. Trata-se de uma obra síntese da contribuição do professor Monteiro no qual há um resgate de suas construções teóricas, conceituais, metodológicas e técnicas acerca da climatologia geográfica. Neste livro organizei o capítulo 3 relativo à Climatologia Urbana. O livro foi publicado também na versão inglesa dado ser um dos objetivos nossos de que a obra do professor Monteiro pudesse ser melhor conhecida no exterior;
-Meio ambiente e sustentabilidade, publicamos em 2019, numa parceria com a Mariana Andreotti, minha orientanda de doutorado, e no qual pudemos atualizar e ampliar toda a abordagem da questão ambiental contemporânea. Predomina uma visão crítica acerca do desenvolvimento sustentável, e foi publicado pela editora Intersaberes, de Curitiba.
-A cidade e os problemas socioambientais urbanos - Uma perspectiva interdisciplinar, é uma coletânea que publicamos em coautoria com a professora Myrian del Vecchio de Lima, pela Editora da UFPR no ano de 2019 (impresso) e 2020 (e-Book). Esta obra reúne mais de vinte textos oriundos de dissertações de mestrado e teses de doutorado defendidas no âmbito do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR.
-A dengue no Brasil - Uma perspectiva geográfica, é uma grande obra que encontra-se em vias de publicação pela CRV Editora, de Curitiba. Trata-se também de uma coletânea com doze textos relativos aos problemas relacionados à ocorrência e epidemias da dengue do Brasil. A obra sintetiza pesquisas realizadas entre os anos de 2014 a 2019 em dez capitais brasileiras sobre o problema da dengue: Manaus, São Luis, Fortaleza, Recife, Brasília, Campo Grande, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Os capítulos são resultantes de uma grande pesquisa levada à cabo sob nossa coordenação.
-No ano 2004 publicamos também a obra Cidade, ambiente e desenvolvimento-abordagem interdisciplinar da problemática socioambiental urbana, pela Editora da Universidade Federal do Paraná, e que sintetizou tanto uma concepção interdisciplinar dos estudos sobre a cidade, quanto os marcos teóricos, metodológicos, técnicos e a aplicação dessas perspectivas no estudo de problemas da RMC - Região Metropolitana de Curitiba.
-Ainda na Editora Oficina de Textos criamos a Coleção Básicos em Geografia, que foi inaugurada com nosso livro “Climatologia – Noções básicas e aplicações brasileiras”; ele foi sequenciado pelo livro do nosso colega Adriano Figueiró “Biogeografia”, e “Geomorfologia fluvial”, de autoria do José Cândido Stevaux e Edgardo Latrubesse... a coleção está se tornando mais rica com novos livros que estão sendo organizados.
-Gostaria também de registrar que foi de nossa lavra a criação da Revista RAÉ GA - O espaço geográfico em análise, em parceria com o professor Silvio Fausto Gil Filho, vinculada ao Programa de Pós-graduação em Geografia da UFPR, em 1997; a Revista da ANPEGE, quando fizemos parte da diretoria da entidade no ano de 2003, juntamente com as professoras Gerusa Duarte/UFSC e Marlene Colessanti/UFU e, por fim, da Revista Humboldt, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, juntamente com o professor Antonio Carlos Oscar Junior, agora no início de 2021.

AVANÇOS TEÓRICOS E CONTROVÉRSIAS
-A unicidade do pensamento geográfico: A dualidade e dicotomia da Geografia Moderna constitui um dos temas clássicos e perenes do debate da Geografia enquanto campo do conhecimento científico. Essa característica nos despertou a atenção desde o início de nossa formação pelo fato de que desde muito cedo já tínhamos dificuldade em entender e trabalhar a Geografia Física distante ou dissociada da Geografia Humana. E essa diferenciação entre os dois ramos da Geografia tornou-se realmente algo limitante para o nosso trabalho à medida optamos por trabalhar sobre os problemas ambientais como temática de estudos e pesquisas. Essa preocupação fazia parte do momento histórico no qual a Geografia Crítica se construia e se consolidava no Brasil, ou seja, nos anos 1980; obviamente que as discussões eram muito acirradas no âmbito AGB - Associação dos Geógrafos Brasileiros – mas foi, sobretudo, dentro deste fórum que pudemos travar grandes debates e consolidar nossa concepção da unicidade do pensamento geográfico, fato que resultou no nosso primeiro livro já citado anteriormente. Mais uma vez é importante deixar claro que nossa concepção é aquela que entende que a Geografia é um campo de conhecimento dual, portanto uma ciência de caráter dualista, mas que a dicotomia se coloca como aquela na qual os dois ramos são levados à uma condição de concorrência, fato que foi muito enfatizado no âmbito da Geografia Crítica brasileira.
-Clima urbano / paisagens intraurbanas: por ocasião do desenvolvimento de minha tese de doutorado, quando já havia decidido trabalhar com o clima urbano e sua aplicação ao planejamento da cidade, visando contribuir para a qualidade e as condições de vida urbana, entendi que era preciso avançar um pouco mais nas perspectivas teóricas e metodológicas do estudo do clima urbano. Nesse sentido e apropriando-me das construções conceituais e teórico-metodológicas já difundidas pelo professor Monteiro (Brasil) e pelo arquiteto Tim Oke (exterior), pude avançar um pouco mais no campo teórico- conceitual e metodológico desse campo de estudos. Coloquei como perspectiva para se estudar o clima urbano o necessário mapeamento detalhado da cidade, que denominamos paisagens interurbanas, considerando que a variação do albedo em função das distintas superfícies da cidade é que gera ou dá origem ao campo térmico urbano e, em última instância, à ilha de calor urbana. Propusemos, então, um mapeamento detalhado do sítio urbano (hipsometria, declividade, orientação de vertentes, direção e velocidade de ventos predominantes) e da cidade (uso e ocupação do solo, morfologia e funções) como perspectiva elementar para o estudo do clima da cidade, o que poderia ser comprovado posteriormente, ou não, com as medidas de temperatura do ar a 1,50 m em situações distintas do tecido urbano. Comprovamos essa perspectiva de que as paisagens intraurbanas correspondem a diferentes áreas delimitadas conforme as condições térmicas da cidade. Ademais, foi com esta tese que pudemos dar vazão à aplicação das imagens de satélites aos estudos dos climas urbanos no Brasil, tendo sido a segunda tese no país com este enfoque, ou seja, com aplicação de imagens de satélite em estudos de detalhes.
-Clima e violência humana: a relação entre o clima e a violência humana nas cidades acabou se constituindo numa abordagem totalmente inovadora quando se estuda e se propõe a melhoria da qualidade de vida na cidade. Nossa tese de professor titular, como comentado anteriormente, sobre a influência das condições ambientais e climáticas na vida das pessoas, especialmente no comportamento humano, constituiu-se numa intensa controvérsia no momento de sua divulgação. A leitura rápida, muito apressada e superficial daqueles que se deixaram levar apenas pelo título levou ao desenvolvimento de acirrados debates, especialmente no âmbito da AGB, pois que muitos acreditaram que o título da obra estivesse fazendo ou propondo renascer o determinismo ambiental na Geografia brasileira. Nesse estudo o que fizemos foi exatamente comprovar que as condições térmicas influenciam o organismo e o comportamento humano. As condições climáticas se somam a outros elementos e fatores de cunho antropológico ou cultural, no sentido de reforçar a complexidade da vida daquelas pessoas que se encontram em situações de vida extremamente difíceis. Dito de outra forma, as temperaturas muito elevadas realmente influenciam mais aquelas pessoas que sem moradia, sem condições de boa alimentação, sem escolas, sem respeitabilidade, etc. e que, vivendo à margem da sociedade, tem muito mais propensão à prática de ações violentas do que aquelas pessoas que vivem em boas condições de vida. Enfim, pudemos comprovar que as condições ambientais/climáticas também influenciam no acirramento da violência na contemporaneidade.
-Analise integrada de bacias hidrográficas: Em meados dos anos 90 o tema da escassez das águas doces no planeta tornou-se dos mais importantes na pauta de discussões internacionais, seja de pautas ligadas ao meio ambiente propriamente dito, seja na academia, seja no âmbito da esfera política em função da escassez desse recurso. Tendo em conta esse problema, que evidencia por si só uma decorrência das nada saudáveis relações estabelecidas entre a sociedade e a natureza, e também porque é um problema que tem uma dimensão espacial muito eloquente, tornou-se muito importante dedicarmos a tratar do mesmo em parceria com colegas do Brasil e do exterior, tanto no âmbito da Geografia como de algumas áreas correlatas a esta temática. Considerando a dimensão regional desta problemática no estado do Paraná, desenvolvemos um primeiro projeto de pesquisa voltado ao diagnóstico e conflitos socioambientais da gestão das águas da bacia hidrográfica do Tibagi, tendo como coordenadora a professora Nilza Aparecida Freres Stipp, com quem mantivemos uma rica parceria de pesquisa por mais de vinte anos. A partir da proposta metodológica de gestão de análise de bacias hidrográficas do Professor Pedro Hidalgo, construímos uma metodologia específica para diagnóstico e análise ambiental de microbacias hidrográficas. A escolha da escala da microbacia se deveu, sobretudo pelo fato de termos identificado muito rapidamente que, para o envolvimento dos cidadãos no processo de recuperação da degradação ambiental, era preciso falar com eles numa linguagem de uma realidade por eles vivenciada; constatamos que é na escala da microbacia que a maior parte dos homens tem noção espacial e, portanto, da sua responsabilidade ambiental. Essa proposta foi aplicada em inúmeros estudos de casos no Brasil. Ao vincular-me à Universidade Federal do Paraná elaborei um projeto de pesquisa integrado que envolveu todo o departamento de Geografia; uma idéia de pesquisa integrada, sob nossa coordenação, e que tinha como objeto de estudo a bacia hidrográfica do alto Iguaçu. Desenvolvemos esse projeto por aproximadamente uma década, até que outros colegas especialistas no tema dos recursos hídricos foram contratados, o que nos permitiu dedicar nossa atenção aos temas que já faziam parte de nossas perspectivas.
-Geografia Socioambiental: Dando continuidade às nossas preocupações acerca da unidade do pensamento geográfico, e colocando no centro dessas preocupações a abordagem dos problemas ambientais, tivemos a condição de desenvolver nossa reflexão tendo recebido influências consideráveis por ocasião dos debates ocorridos no início da década de 1990. No livro “Geografia e meio ambiente” periodizamos a abordagem ambiental da Geografia em dois grandes momentos, aquele em que a abordagem ambiental tinha um caráter eminentemente descritivo dos elementos da paisagem, de forma isolada, que teria durado até por volta dos anos 1960 e 1970. Após esse período e dando vazão ao clamor social generalizado dos movimentos ambientalistas, assumia um caráter neopositivista, a Geografia, especialmente Geografia Física, passava a tratar do meio ambiente de uma maneira um tanto mais interativa, dando vazão ao caráter de conhecimento aplicado; essa característica passou a envolver elementos do meio social aos elementos do meio natural, e caracterizou o período que vai dos anos 60 / 70 até o início dos anos 1990. Todavia os grandes debates internacionais levados a cabo desde o final dos anos 60, com os resultados da reunião do Clube de Roma, da conferência de Estocolmo, da construção do desenvolvimento sustentável e da conferência do Rio, ou Eco 92, tornou-se praticamente impossível falar de meio ambiente sem envolver as questões sociais, especialmente nos países não desenvolvidos. Ou seja, falar de meio ambiente sem tratar da questão do desenvolvimento, das questões ligadas à injustiça social e da pobreza, era tratar da problemática ambiental de forma parcial ou que escamoteava sua real dimensão social. Num tal contexto tornou-se evidente que a problemática ambiental é, no fundo e na verdade, uma problemática de característica ou de ordem eminentemente social... que o problema da degradação da natureza não é um problema para a natureza em si, mas sim um problema eminentemente da sociedade, e daí a origem ou desenvolvimento no campo da Geografia do que temos chamado de Geografia Socioambiental. Obviamente que o termo já era recorrente em outros campos do conhecimento, como por exemplo, na sociologia, na economia, na antropologia e na ciência política, mas na Geografia era novidade; embora aparecesse como tema em vários documentos e discursos ele não encontrava ainda uma construção conceitual. Foi assim que, no final dos anos 1990, publicamos o primeiro texto na revista Terra livre da AGB intitulado Geografia socioambiental, no qual tecemos os primeiros elementos para delinear as particularidades desta abordagem no campo da Geografia. As influências vieram tanto de abordagens no seio desta ciência que não empregavam o termo, como de outros campos e autores como Michel Serres, Ignacy Sachs, Bruno Latour, Enri Acselrad, Enrique Leff, etc.
- S.A.U. – Sistema Socio-Ambiental Urbano: No final dos anos 90 o PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - publicou um guia metodológico para a elaboração de estudos visando subsidiar ações para garantir a qualidade ambiental das cidades latino-americanas; estas cidades se apresentavam fortemente marcadas por degradação social e ambiental de toda ordem. Neste momento ainda não tínhamos na Geografia uma perspectiva integradora e com perspectiva crítica que pudesse embasar o desenvolvimento de estudos abrangentes sobre os problemas socioambientais urbanos. Cientes da grande contribuição do SCU - Sistema Clima Urbano (Monteiro, 1976) propusemos dar um salto e ir além, posto que tanto o clima quanto a vegetação, os solos, as águas, etc., assim como as diferentes formas de poluição, a qualidade das águas e sua escassez, a violência e a pobreza humana, etc. formam um todo complexo e desafiador à gestão das cidades. Considerando também a perspectiva de compreensão da cidade a partir de uma Geografia unitária ou integrada, construímos uma proposta conceitual e metodológica para o estudo dos problemas socioambientais urbanos e a denominamos S.A.U. – Sistema (sócio) Ambiental Urbano, e que auxiliou na elaboração de inúmeros estudos de caso nos últimos vinte anos.
-Problemática socioambiental urbana: Foi no âmbito do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Meio Ambiente e Desenvolvimento que coordenamos a linha de pesquisa relacionada ao ambiente urbano, e na qual desenvolvemos e construímos a abordagem dos problemas da interação entre sociedade e natureza nas cidades na perspectiva da problemática socioambiental urbana. Por um bom período os resultados desses estudos foram debatidos nos fóruns da ANPPAS e da ANPEGE, primeiramente dentro do GT-Geografia Urbana e, posteriormente, após 2009, dentro do próprio GT-Problemática Socioambiental Urbana, que criamos para aglutinar os numerosos e diversificados trabalhos produzidos no âmbito dessa temática.
-Riscos híbridos: Os riscos constitui um dos temas mais importantes de estudos e gestão ambiental das últimas décadas. Não se trata de uma abordagem nova dado que sempre estiveram presentes nas preocupações dos pesquisadores e dos gestores urbanos e rurais. Todavia, após os anos 1980, com a intensificação da degradação ambiental e o avanço tecnológico no contexto do processo de industrialização avançado, e da urbanização desenfreada, os perigos e ameaças à sociedade tomaram intenso vulto. Após a publicação do livro de Ulrick Beck (Sociedade de Risco), tanto a ciência quanto os gestores públicos em todo o mundo, intensificaram suas preocupações e a criação de políticas públicas e intervenções visando não somente o conhecimento da formação de situações de perigosas, mas, sobretudo no desenvolvimento de estratégias de prevenção à ocorrência dos mesmos. Os riscos não causam impactos de maneira homogênea em toda a população onde ocorrem, eles se distribuem diferentemente no espaço e no tempo e, por isso mesmo, demandam atenção particular; à eles se associam diretamente as vulnerabilidades e a resiliência como dinâmicas necessárias à sua compreensão e gestão. Mesmo considerando-se suas três clássicas categorias, ou seja, os riscos naturais, os riscos sociais e os riscos tecnológicos, nossa compreensão é de que um não ocorre de maneira dissociada dos demais. Eles tão eminentemente associados uns aos outros, até porque somente são considerados risco por impactarem as sociedades humanas, o que os torna um construto social. Se considerarmos mais ainda o fato de que risco é sempre uma relação entre um elemento ou fenômeno desencadeador e a sociedade exposta a ele, necessariamente deveremos compreender que não existe risco para a natureza e nem tampouco para tecnologia; os riscos são sociais. Dessa maneira, é a sua repercussão sobre a sociedade que vai torná-lo um risco e, evidentemente, quando associado a uma condição de altíssima vulnerabilidade social e a riscos tecnológicos, eles se tornam muito mais impactantes e mais importantes. É exatamente essa condição que nos leva a entender os riscos como processos eminentemente híbridos.
-Alternatividades em saúde: Os limites ou a parcialidade dá concepção científica moderna a respeito da realidade estão presentes nas reflexões de filósofos da ciência e de epistemólogos nos últimos cerca de cem anos. Mais do que isso, a compreensão de que a perspectiva científica não existe isoladamente do contexto sociocultural no qual ela se produz é que nos leva a pensar que a ciência desenvolvida nas academias da América Latina e da África é fortemente determinada pela noção e concepção de mundo eurocêntrica. Essa leitura da realidade colocou em segundo plano, ou subestimou, ao longo de toda a sua história, os saberes populares ou saberes autóctones/vernaculares produzidos na longa experiência milenar de vida das populações autóctones, como por exemplo, os indígenas no Brasil e os nativos de África. Há um importante movimento que toma corpo na América Latina e parte da África mais recentemente, o saber decolonial e pós-colonial, sobre o qual temos nos debruçado na última década para tentar compreender e avançar um pouco no entendimento destas outras ontologias. No campo da Geografia da Saúde temos tentado evidenciar o conhecimento de populações que lidam com a saúde humana, ou que trabalham a saúde humana, a partir do das próprias tradições e dos cuidados não ocidentais com o corpo humano. De maneira muito específica temos orientado pesquisas acerca do papel das benzedeiras, dos terreiros de candomblé, de raizeiros, das garrafeiras, dos centros espíritas, etc. no trato dos males humanos. Tem sido uma instigante e revolucionária experiência, uma verdadeira ruptura epistemológica!
-Geografia plural: Como Sequência de nossa perspectiva de ação e defesa de uma Geografia unitária, no sentido de que é um campo do conhecimento de caráter dualista, e juntando nossa perspectiva de abordagem da problemática socioambiental, concebemos o objeto de estudo da Geografia como um conhecimento complexo. Essa complexidade é revestida de uma riquíssima heterogeneidade na atualidade, especialmente nos últimos vinte anos aproximadamente; neste contexto não há nenhuma hegemonia de um ou outro campo ou temática, nem tampouco de uma perspectiva ideológica ou tecnológica se sobressaindo ante às demais. A geografia brasileira e internacional tem evidenciado uma muito rica diversidade de temáticas de estudos de problemáticas de interesse da sociedade, e emprega concepções teórico-metodológicas e técnicas as mais variadas, sem que haja uma hegemonia de um campo ou outro. Nós entendemos que este é o momento de uma rica fruição do pensamento geográfico e que, portanto, deve continuar assim, porque nos parece ser a saída possível e promissora ao presente e ao futuro da Geografia.

PRINCIPAIS CONTROVÉRSIAS, CRÍTICAS E EMBATES SOBRE A PRODUÇÃO CIENTÍFICA REALIZADA
Vou destacar apenas três de nossas construções intelectuais que foram motivos de controvérsias, críticas e embates no campo da geografia...

-A ideia de unicidade do pensamento geográfico, que defendo desde sempre, talvez seja aquela de maior expressão no que diz respeito à controvérsias, críticas e embates que tenho vivenciado ao longo da minha carreira. Interessante observar que não é uma nova questão nem tampouco uma ideia minha, mas devo reconhecer que fui um dos geógrafos a promover sua retomada com vigor e aprofundar seu conhecimento e desenvolvimento. E, ao mesmo tempo, defendê-la no momento em que a Geografia Crítica brasileira era hegemônica, posto que esse tipo de discussão ou temática não estava colocado na ordem do dia, era considerado algo superado dado a hegemonia da Geografia Humana naquele contexto. Como já coloquei em outras partes deste documento, essa é uma temática muito cara para mim, refletindo-se até mesmo quando fui presidente da ANPEGE, em 2009, quando promovi a unificação da Geografia Física e da Geografia Humana numa mesma Câmera do CNPq; muitos acharam que era uma ação deliberada e pessoal minha, poucos se lembram de que a junção numa mesma câmara havia sido deliberada na assembleia da ANPEGE, em Fortaleza, no ano de 2005. Até o ano de 2010 os dois ramos da Geografia estavam separados e situados dentro de distintas áreas do CNPq; a Geografia Física na Geociências e Geografia Humana na Sociais Aplicadas. Por conta disto, nos anos de 2008 a 2011, sofri severas críticas, embates e posturas realmente assustadores de colegas contrários à unicidade do pensamento geográfico; todavia, passados mais de dez anos dessa história a situação parece estar apaziguada e funcionando muito bem, tendo a Geografia Física e a Geografia Humana dentro da subárea de Geografia como parte da grande área de Ciências Sociais Aplicadas no CNPq.
-Outra importante controvérsia no contexto da qual recebi muitas críticas, e certamente embates longos, intensos e, por vezes, exagerados, é aquela ligada ao tema de minha tese de professor titular, tratando do clima e criminalidade a partir de um ensaio sobre a temperatura do ar como elemento importante na ocorrência da violência humana. Já pude comentar em outra parte deste documento a grande controvérsia vivenciada no início da penúltima década, mas gostaria de destacar que ela oportunizou-me estender o debate para fora da Geografia, aparecendo em reportagens de revistas importantes no cenário nacional e mesmo da grande mídia televisiva comercial no Brasil; em março de 2001 o tema recebeu cinco minutos de exposição num programa de domingo à noite, certamente com interesses de escamotear a então decadência do sistema penitenciário no país, mas conseguimos impor a visão crítica e não deixar que a posição determinista favorável ao governo predominasse.
-A proposta de abordagem e concepção da Geografia socioambiental é o outro tema revestido de consideráveis controvérsias e críticas, e que também decorreu em debates importantes. Uma parcela dos geógrafos brasileiros não dá importância a essa proposta por não considerá-la relevante, alguns até achando que é um sinônimo falar em Geografia Ambiental ou Geografia Socioambiental, e outros até se apoiarem em outras matrizes da abordagem da relação entre a sociedade a natureza. Alguns até advogam que a abordagem deles é a única e verdadeira abordagem socioambiental na Geografia. Não tenho muito a dizer sobre essas posições, respeito o que cada um constrói e nunca arroguei a posição de ser o detentor da verdade, e nem de haver uma única maneira de conceber a Geografia Socioambiental. Entretanto, e para além de controvérsias muitas vezes pueris e jogos de poder ilusórios, sou extremamente contente de observar e constatar que nossa proposta acabou se tornando uma referência no Brasil como um todo, posto que possibilita uma interessante, segura e desafiadora abordagem geográfica da realidade. Ela não se constitui numa imposição de leitura geográfica da relação sociedade – natureza, é uma possibilidade, dentre tantas outras no âmbito da Geografia Plural e da ciência aberta e criativa!

ELEMENTOS MARCANTES QUE ENTRELAÇAM SUA VIDA PESSOAL E INTELECTUAL.
Para não me delongar mais no texto gostaria de destacar algumas homenagens e honrarias que marcaram minha trajetória profissional:
. Medalhas de Reconhecimento pela contribuição ao desenvolvimento da ciência recebidas das Universidad de Havana/Cuba (2000) e da Universidad del Zulia/Venezuela (2003).
. Professor Visitante na Université Sorbonne/França 2002 e 2005.
. Professor Visitante na Université de Haute Bretagne/Rennes 2/França – 2004.
. Medalha de honra ao Mérito / UFG (Universidade Federal de Goiás) – 2014.
. Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UFPR (Universidade Federal do Paraná) – Desde 2017.
. Professor Visitante - PPGEO / Programa de Pós-graduação em Geografia. UERJ /. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2020/...

REFLEXÃO LIVRE EM TORNO DE ELEMENTOS SUBJETIVOS QUE DIRECIONARAM AS ESCOLHAS PESSOAIS E INTELECTUAIS.
Penso ser importante dar destaque à nossa atuação institucional desenvolvida desde o momento de nossa formação inicial em Geografia na UFG, e que se intensificou em outras instituições no Brasil e no exterior ao longo de nossa trajetória:

. Centro Acadêmico de Geografia / UFG (Universidade Federal de Goiás) : 1982 – Membro da direção.
. AGB/Goiânia (Associação dos Geógrafos Brasileiros): Tesoureiro 1982/1983 – Vice-diretor/ 1984.
. AGB/Londrina: Diretor 1986.
. Dep Geociências/UEL (Universidade Estadual de Londrina) – Chefe 1989/1991.
. PPGEO/UFPR(Programa de Pós-graduação em Geografia) – Fundador e coordenador 1998/2003 e 2005/2007.
. CAPES/Comitê de Avaliação da Área de Geografia – 1999/2002.
. PPGMADE/UFPR (Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Meio Ambiente e Desenvolvimento) – Coordenador 2002/2004.
. ANPPAS (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Ambiente e Sociedade) - Membro da Direção 2004/2006.
. ANPEGE (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Geografia) – Presidente 2007/2009.
. AIC (Association Internacional de Climatologie) – Conselho Administrativo 2003/2006, 2012/2015, Presidente 2015/2018.
. UGI (União Geográfica Internacional) – CoC (Comissão de Climatologia): Membro 2012/2021.
. CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) – Membro do Conselho Técnico Científico – 2020/...
Eventos organizados:
- Semana de Geografia / UEL – 1990.
- Encontro Nacional de Estudos Sobre Meio Ambiente / ENESMA – UEL/1991.
- Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada / SBGFA – UFPR/1997.
- Simpósio Brasileiro de Climatologia / SBCG – UFPR/2002 e 2014.
- Seminário Nacional de Impactos Socioambientais Urbanos / SENISA-URB – UFPR/2004.
- Encontro Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Geografia / ENANPEGE – UFPR/2009.
Tenho que destacar também a atuação na condição de orientador principal de mais de 100 (cem) Mestres e Doutores, tanto de estudantes vinculados à Geografia quanto no campo do Meio Ambiente e Desenvolvimento, e de inúmeros pós-doutores. Com eles pude avançar muitíssimo na construção de nosso pensamento, e a eles sou muito grato!