"Donos do lugar": a territorialidade quilombola do Sapę do Norte-ES
Item
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Título
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"Donos do lugar": a territorialidade quilombola do Sapę do Norte-ES
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lista de autores
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Simone Raquel Batista Ferreira
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Resumo
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Este trabalho busca enfocar as formas de territorialidade construídas pelas comunidades afrodescendentes da regiăo do Sapę do Norte que compreende os municípios de Săo Mateus e Conceiçăo da Barra no norte do estado do Espírito Santo. Estas comunidades foram originadas durante o escravismo colonial que trouxe milhares de negros e negras da África para trabalhar nas fazendas escravistas produtoras de farinha de mandioca comercializada com outras províncias durante o século XIX. Já naquele momento o africano escravizado construía suas formas de resistęncia ŕ escravidăo por meio do assassinato de feitores e senhores suicídio rebeliőes fugas e formaçăo de quilombos. Com o fim da escravidăo e a decadęncia econômica das fazendas produtoras de farinha de mandioca do norte do Espírito Santo muitas destas terras passaram a ser abandonadas pelos senhores e apropriadas pelos antigos escravos. Nestas terras os negros reconstruíram sua existęncia material simbólica e afetiva conformando entre si redes de relaçőes de troca de parentesco de festa e devoçăo que fundamentavam o sentimento de identidade e pertença em relaçăo ao espaço apropriado: formas de territorialidade. Entre o final da escravidăo (1888) e meados do século XX esta regiăo ficou relativamente esquecida pelos projetos desenvolvimentistas do capital o que possibilitou que a territorialidade negra aí se consolidasse. Com o extermínio dos indígenas Botocudos o avanço ao norte do rio Doce possibilitou a implantaçăo dos projetos de produçăo do carvăo vegetal e da celulose a partir de extensos monocultivos de eucaliptos que passaram a destruir a floresta tropical atlântica e toda a base de sustentaçăo do modo de vida das comunidades negras rurais que aí há muito se encontravam. Frente ŕ imposiçăo da força muitas famílias foram obrigadas a abandonar suas terras e migrar para as cidades outras permaneceram em meio aos plantios industriais carregados de agrotóxicos com escassez de terra para os plantios de água e alimento. A partir do Artigo 68 do Ato das Disposiçőes Constitucionais Transitórias (1988) e sobretudo a partir do Decreto-Lei n.° 4.887 (2003) o reconhecimento estatal do direito das comunidades afrodescendentes aos seus territórios – agora denominadas quilombolas - vem fortalecendo suas formas de resistęncia através da valorizaçăo dos elementos de sua ancestralidade identidade e saberes. A construçăo da identidade quilombola se faz vinculada ao direito ao território e imprime um outro teor ŕ luta das comunidades negras do Sapę do Norte por meio da valorizaçăo de sua episteme própria fundamental para a desconstruçăo da relaçăo de colonialidade que se perpetuou com o fim do colonialismo.
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Abstract
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Palavras Chave
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TERRITORIALIDADE | COMUNIDADES QUILOMBOLAS | SABERES | COLONIALIDADE
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Key Words
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Tipo
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DOUTORADO
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Universidade
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
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Data
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2009
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Páginas
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526
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Localização
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BIG
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uri
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Orientador
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Carlos Walter Porto-Gonçalves
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Programa
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GEOGRAFIA
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Sigla Universidade
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UFF
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Área de Concentração
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Língua
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Português
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email
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sibatista@click21.com.br