A IMPORTÂNCIA DAS CULTURAS DE MILHO E FEIJÃO PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA ATENDIDOS PELO PROJETO LUMIAR - PARANÁ

Item

Título
A IMPORTÂNCIA DAS CULTURAS DE MILHO E FEIJÃO PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA ATENDIDOS PELO PROJETO LUMIAR - PARANÁ
REVISTA NERA
UNIOESTE-MARECHAL CÂNDIDO RONDON
Projeto Lumiar
Description
Projeto Lumiar
Autor
João Edmilson Fabrini
Juan Artigas Souza Luz
Celso Lisboa de Lacerda
Assunto
feijão
milho
reforma agrária
Abstract
Os assentamentos de reforma agrária surgem, principalmente como resultado da organização e mobilização dos trabalhadores rurais sem terra que através de suas mobilizações passam a pressionar o Estado para atender suas reivindicações. A posse da terra coloca ao trabalhador rural assentado uma nova condição, ou seja, organizar a produção agrícola no assentamento como uma das condições básicas para garantir sua permanência na terra. Assim, a organização da produção no assentamento é fundamental para garantir o progresso econômico, político e social das famílias assentadas. Neste contexto, as culturas de milho e feijão apresentam-se como atividades de importância fundamental para o desenvolvimento de assentamentos de reforma agrária no Estado do Paraná. A importância destas culturas destaca-se tanto na comercialização e beneficiamento dos produtos como na sustentação de outras atividades agropecuárias desenvolvidas no interior dos lotes. Cultivadas, praticamente, em todos os lotes, sobretudo através de força de trabalho familiar, a produção de milho e feijão contribui para o desenvolvimento de outras culturas, destinadas prioritariamente aos mercados, permitindo produção abaixo dos custos médios. A compreensão da dinâmica de desenvolvimento das relações capitalistas de produção em que as culturas de milho e feijão estão inseridas é importante para apresentar alternativas de desenvolvimento para os assentamentos. Tratando-se de culturas tradicionais, destinadas em grande parte ao consumo alimentar e à sustentação de outras atividades, poder-se-ia atribuir importância secundária às lavouras de milho e feijão. Entretanto, isso não ocorre e embora não incorporadas completamente à dinâmica dos mercados capitalistas, mesmo assim, verifica-se a subordinação das referidas atividades agrícolas ao sistema e aos interesses do acúmulo capitalista. Evidentemente que a organização da produção dessas lavouras faz parte da trajetória de vida e das experiências de cultivos, técnicas e sistemas agrícolas desenvolvidos no passado pelos assentados. Mas, as trajetórias de lutas desses trabalhadores imprimiram novos sentidos à organização, não apenas das lavouras que nos propomos a abordar neste trabalho (milho e feijão), mas também à produção nos assentamentos de um modo geral. Daí a necessidade de uma abordagem que não tenha como limite a discussão da questão agrícola e “agronômica” apenas. Mas, a compreensão destas culturas a partir do contexto em que os assentados estão inseridos, tanto política como economicamente. Assim, emerge a necessidade de compreensão do desenvolvimento das culturas de milho e feijão nos assentamentos, contextualizando-a a partir das lutas pela reforma agrária. A dimensão econômica e produtiva não está desligada da dimensão política e social dos assentamentos. A referência às lutas dos trabalhadores pela reforma agrária é fundamental para compreender o desenvolvimento de culturas no interior dos assentamentos, pois existe uma relação próxima entre as experiências de lutas e a prática nas lavouras. A trajetória de luta pela terra e pela reforma agrária desenvolvida pelos trabalhadores rurais tem conotações políticas, com rebatimentos e implicações na produção e organização das lavouras. Portanto, torna-se muito difícil compreender a organização da produção nos assentamentos sem levar em consideração o desenvolvimento das lutas pela reforma agrária, principalmente aquelas desenvolvidas pelo movimento dos trabalhadores rurais sem terra. Portanto, os assentamentos não significam apenas uma inclusão dos semterras à dinâmica econômica e produtiva, mas uma ressocialização destes trabalhadores, inseridos na sociedade não apenas do ponto de vista econômico. Por isso, a necessidade de entender os assentamentos no contexto político, social e econômico. O trabalho foi dividido em três partes. A primeira parte refere-se à ação dos trabalhadores rurais destacando suas mobilizações e lutas na busca dos assentamentos. A segunda parte trata da relação entre assentamento e reforma agrária. A última parte trata do objeto deste estudo propriamente dito, ou seja, a organização da produção de milho e feijão nos assentamentos atendidos pelo Projeto Lumiar/Incra-Pr. A apresentação e análise de dados e informações sobre as condições dos assentamentos foram feitas também neste momento, além de destacar a importância da orientação técnica prestada pelas Equipes Locais (grupos de técnicos) organizadas pelo Projeto Lumiar. A condição de Supervisores Externos do Projeto Lumiar permitiu a realização de uma pesquisa participante, visitando os assentamentos, coordenando e participando de reuniões junto aos assentados e técnicos e discussões sobre as variadas dificuldades enfrentadas pelos assentados, permitiu a ampliação das informações sobre os assentamentos estudados. Os 157 questionários aplicados às famílias e grupos coletivos, pelos técnicos das Equipes Locais, acompanhados pelos Supervisores Externos, permitiram coleta de dados e informações, as quais contribuíram para a sustentação empírica no desenvolvimento deste estudo.
issue
3
Páginas
68-94
Date
1999
Língua
pt
issn
1806-6755
Rights
Direitos autorais
Coleções
Revista Nera