Da fatura ŕ escassez: a agroindústria de celulose e o fim dos territórios comunais no extremo Norte do Espírito Santo

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Título
Da fatura ŕ escassez: a agroindústria de celulose e o fim dos territórios comunais no extremo Norte do Espírito Santo
lista de autores
Simone Raquel Batista Ferreira
Resumo
Até meados de século XX a regiăo fronteiriça entre o Espírito Santo e a Bahia era predominantemente ocupada por comunidades extrativistas camponesas caboclas pescadoras e quilombolas que produziam sua existęncia predominantemente através do uso extrativista e comunal do meio natural. Aqui a rica floresta tropical atlântica agrupando mata densa nos terrenos sedimentares terciários e áreas alagadiças nas planícies de inundaçăo dos rios apresentava a fartura suficiente para suprir estas comunidades de água peixe carne frutos madeira ervas e raízes medicinais. A fartura estendia-se ŕ terra: no "sertăo" de Itaúnas a "terra era a rola" e apropriada pelas posses que passavam de pai para filho. Esta situaçăo favorecia o uso comunal dos recursos oferecidos pela floresta e assim concretizava o território das comunidades...A partir da década de 1950 as áreas de floresta passam a adquirir valor comercial. O crescimento urbano-industrial do centro-sul do país tem fome de madeira que começa a ser saciada pela exuberante Mata Atlântica do norte capixaba. Em meados da década de 1970 as terras que ainda apresentavam exemplares da floresta concentravam-se no município litorâneo de conceiçăo da Barra e a partir de entăo passam a ser inseridas no projeto estatal de plantio de eucalipto para produçăo de celulose do II Plano Nacional de Desenvolvimento (1974)...A implantaçăo da monocultura da Aracruz Celulose nesta regiăo a partir de 1974 traz a transformaçăo no uso da terra incentivada e legitimada pelo Estado através de legislaçőes específicas e impőe uma nova lógica de apropriaçăo de espaço ditada pela propriedade privada pelo uso restrito pela acumulaçăo e pelo lucro. Junto dela o comportamento ambiental da monocultura e seu manejo extremamente impactantes com o plantio em nascentes e zonas de recarga hídrica a retirada de matas ciliares a exploraçăo de areia e argila encontradas no fundo de antigas lagoas e agora utilizadas na manutençăo das estradas a capina e o controle químico de pragas com elevadas doses de agrotóxicos e herbicidas. Danificando o meio natural a nova situaçăo passa a desestruturar o modo de vida das comunidades locais outrora estruturado numa forma de manejo que mantinha os ciclos reprodutivos da vida...Estabelecendo a integraçăo entre a produçăo do conhecimento e a dinâmica social a investigaçăo destas histórias de vida tomou corpo coletivo no Movimento Alerta contra o Deserto Verde formado por entidades e ONG"s do Espírito Santo e sul da Bahia em meados de 1999 objetivando o questionamento político do projeto celulósico aí implantado. O Deserto Verde vem estimulando a discussăo sobre os problemas trazidos pela agroindústria de celulose "as comunidades locais e tem contribuído com algumas conquistas como a lei estadual que determina o zoneamento agroecológico do Espírito Santo e outras recentes leis municipais que proíbem o plantio do eucalipto para a produçăo de celulose.
Abstract
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Palavras Chave
TERRITÓRIO DE USO COMUM
IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS
Key Words
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Tipo
MESTRADO
Universidade
UNIVERSIDADE DE SĂO PAULO
Data
2002
Páginas
217
Localização
CAPH/USP
uri
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Orientador
Ariovaldo Umbelino de Oliveira
Programa
GEOGRAFIA (GEOGRAFIA HUMANA)
Sigla Universidade
USP
Área de Concentração
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Língua
Português
email
sibatista@click21.com.br