LUGARES, REGIÕES, FRONTEIRAS E PAISAGENS SUL-MATO-GROSSENSES NAS ARTES PLÁSTICAS: O ARTISTA COMO UM GEOVISUALOCALIZADOR DESSE LUGAR
Resumo
Quero tentar pensar os conceitos de lugar, região, fronteira, paisagem e geovisualocalização, elencados no título deste meu trabalho, não apenas como tais conceitos que são, posto que, como observara Jacques Derrida em Mal de arquivo:
uma impressão freudiana, por mais que eu os conceitue criticamente,
eles não serão abordados em todas as suas totalidades. Portanto, quero
também dar-lhes uma “fotografia”, como retrato de alguma coisa mesmo, de
paisagens, para pensar alguns trabalhos artísticos e os seus artistas
sul-mato-grossenses. Pensando neste lugar artístico-cultural –
fronteiriço entre o estado de Mato Grosso do Sul, a República do
Paraguai e a Bolívia – como um lugar privilegiado
geograficamente, na região central da América do Sul para produzir.
Nesse sentido, convém esclarecer que minhas leituras basear-se-ão nos
estudos feitos por Jacques Derrida, no já referido livro Mal de arquivo; em Silviano Santiago, principalmente no livro O cosmopolitismo do pobre,
com seus estudos sobre os centros e periferias da cultura brasileira;
e, por se tratar de um estudo que pretende dialogar com questões
geográficas, valer-me-ei também de Cássio Eduardo Viana Hissa nos livros
A mobilidade das fronteiras e Saberes ambientais,
onde, no primeiro, o autor trata de questões pertinentes a limites e
fronteiras, lugares e regiões etc, e, já no segundo livro, em textos por
ele organizados, propõe discussões alentadas sobre o saber disciplinar e
o meio ambiente. Além de Homi K. Bhabha com seu posicionamento
pós-colonialista – principalmente no tocante à Nação como narração – que favorece minhas leituras sobre o locus
latino-americano; Alberto Moreiras e outros que se fizerem necessários.
Considerando as possíveis relações de vizinhanças entre o Mato Grosso
do Sul, a República do Paraguai e a Bolívia, quero tentar geovisualocalizar
de qual lugar os artistas sul-mato-grossenses estão pensando suas
paisagens artísticas sobre esse lugar oeste-central do Brasil. Busco
esse reconhecimento considerando possibilidades que, como salienta
Santiago, grosso modo, o latino-americano sempre está
voltando-se para os grandes centros em busca de um cosmopolitismo
sonhado. Ou seja, pensando do meu lugar específico, o brasileiro está
sempre buscando referências culturais nos países do outro lado do
Atlântico e nunca olha para dentro de si, voltando-se primeiro para
pensar sua cultura e depois buscar a do outro. Considero ainda como
outra possibilidade de pensar esta paisagem no artista
sul-mato-grossense, assentado desses lugares artístico-conceituais,
levando em consideração as proposições de Beatriz Sarlo – no livro Cenas da vida pós-moderna – quando afirma que os shoppings centers
contemporâneos são mini-cidades cosmopolitas dentro das grandes cidades
nacionais. Posto isso, penso, quero vir a compreender, ou ao menos
pensar mais claramente, qual é a relação, ou relações, entre centro e
periferia estabelecidas pelos artistas plásticos do estado de Mato
Grosso do Sul e os dois países fronteiriços a ele? Qual é a diferença
entre o mundo miniaturizado que vive por debaixo das arraias pantaneiras
de Manoel de Barros e os shoppings das cidades cosmopolitas?
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PDFDOI: https://doi.org/10.30612/el.v2i4.879
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