MEDICINA POPULAR, CATOLICISMO RÚSTICO, AGROBIODIVERSIDADE: O AMÁLGAMA COSMO-MÍTICO-RELIGIOSO DAS TERRITORIALIDADES TRADICIONAIS NA REGIÃO DA SERRA DAS ALMAS, PARANÁ, BRASIL
Resumo
O texto explora as particularidades da medicina popular a partir
do cotidiano da comunidade tradicional negra de Palmital dos Pretos. A
comunidade rural pesquisada se insere no contexto da formação
socioespacial da região da Serra das Almas, entre o primeiro e segundo
planaltos paranaenses. Contra a invisibilização de seu modo de vida e
pelo reconhecimento de seu território, a comunidade de origem negra
adere-se à estratégia política de reconhecimento de seus direitos
adotando a categoria jurídica de ‘Comunidade de Remanescentes de
Quilombolas’, status jurídico-formal garantido pela legislação
brasileira, desde 2007. Não obstante, práticas socioculturais
tradicionais – compartilhadas entre as mulheres - tal como a medicina
popular aderida ao catolicismo rústico são reproduzidas há mais de dois
séculos pelas comunidades tradicionais da região, tecendo entre os
territórios tradicionais (faxinalenses e da agricultura de roçado)
elementos de reciprocidade que reforçam a solidariedade entre seus
habitantes.O campesinato e as florestas, integram esses elementos em uma
mesma matriz socioprodutiva regional (práticas agrossilvipastoris
tradicionais), permeando as especificidades étnico-raciais de origem
negra, cabocla e dos descendentes de europeus, miscigenando-as.
Portanto, a reprodução da ‘cosmo-medicina-religiosa' praticada pelas
benzedeiras em comunhão com a biodiversidade local dos territórios
tradicionais, aparece como amálgama identitário das diversidades
socioterritoriais tradicionais da região
Geografia, Rio Claro, SP, Brasil - pISSN 0100-7912 - eISSN 1983-8700 está licenciada sob Licença Creative Commons > > > > >