Região e etnorregião – um olhar a partir da realidade dos povos indígenas de Roraima, Brasil

Resumo

O presente artigo apresenta uma discussão sobre a organização territorial dos índios de Roraima e sua configuração como etnorregiões. Roraima é o estado mais ao norte do Brasil, localizado na região Amazônica. Utilizando critérios como a localização, grupos étnicos (ou povos) estabelecem regiões próprias; em outra situação, instituições públicas (como as vinculadas à saúde) também fazem uma organização espacial, agrupando comunidades de forma a atender suas especificidades. Assim, as trinta e duas terras indígenas desse estado possuem organizações que se sobrepõem, cada uma delas a partir de sua lógica, mas que não implicam em conflito ou falta de identidade (pertencimento) para esses sujeitos. Nesse contexto, elegemos a Terra Indígena São Marcos, que abriga, principalmente, as etnias Macuxi, Wapichana e Taurepang, para discorrer sobre tal aspecto territorial. Esta terra indígena tem sua origem na área de uma Fazenda Nacional e hoje está dividida em três etnorregiões (Alto, Médio e Baixo São Marcos), definidas pela organização indígena que atende especificamente as demandas e necessidades das quarenta e quatro comunidades que ali estão inseridas. Destacamos a região do Alto São Marcos para apresentar alguns elementos, considerando que esta área está na fronteira do Brasil com a Venezuela e possui um constante fluxo de pessoas, além de abrigar a cidade de Pacaraima, conferindo a essa região uma dinâmica específica. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental que foi amparada pela experiência profissional das autoras que, na atuação como docentes de universidades da região, estabelecem contato direto com esses povos.

Palavras–chave: Etnorregiões, Indígenas, Roraima.

Abstract

This article presents a discussion about the territorial organisation of the indigenous people of Roraima and their configuration as ethno regions. Roraima is the northernmost state of Brazil, located in the Amazon region. Using criteria like localisation, ethnic groups (or peoples) they set their own regions; In other situation, public institutions (such as those linked to health) also make a spatial organisation, grouping communities in order to meet their specificities. So, the 32 indigenous lands of this state have overlapping organisations, each of them based on their own logic, but which do not imply in conflict or lack of identity (belonging) to these subjects. In this context, we choose the indigenous land São Marcos, which mainly shelter the Macuxi, Wapichana and Taurepang ethnic groups, to discuss this territorial aspect. This indigenous land originated in a communal farm area and today is divided into three ethno regions (Alto, Middle and Low St. Mark), defined by the indigenous organisation that attend specifically the demands and needs of 44 Communities that are inserted there. We highlight the region of Alto São Marcos to show some elements, considering that this area is on the border of Brazil with Venezuela and has a constant flow of people, besides sheltering the city of Pacaraima, giving this region a particular dynamic. This is a bibliographic and documentary research that was supported by the professional experience of the authors who, in acting as teachers of universities in that region, establish direct contact with these native peoples.

Keywords: Ethno regions, indigenous, Roraima.

Biografia do Autor

Elionete de Castro Garzoni, Docente da Universidade Estadual de Roraima Doutoranda da Universidade Estadual de Campinas
Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas/SP (1994), Especialização (2006) e Mestrado em Geografia (2009) pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/MS, quando foi bolsista da FUNDECT/MS; além de curso de Aperfeiçoamento em Ecoturismo pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade/RJ (2002). Tem experiência nas áreas de Geografia, Planejamento Urbano, Educação (ênfase em Educação Ambiental) e Ecoturismo, atuando em instituições públicas, privadas e organizações do terceiro setor. Foi Coordenadora Setorial de Planejamento Físico e Territorial da Prefeitura Municipal de Campinas entre 2008 e 2011. Exerce o cargo de Professora Assistente do Curso de Licenciatura em Geografia na Universidade Estadual de Roraima UERR, onde participa de projetos de pesquisa e extensão. Membro do Grupo de Pesquisa intitulado “Estudos Interdisciplinares sobre o Território na Amazônia”, da UFRR; e atua como pesquisadora e voluntária no Centro de Documentação Indígena - CDI em Roraima. Doutoranda em Geografia pelo Instituto de Geociências da UNICAMP/SP, onde está vinculada ao Grupo de Pesquisa “Problemática Urbana e Ambiental”/UNICAMP.
Maria Bárbara de Magalhães Bethonico, Docente no Instituto Insikiran de Educação Superior Indígena - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
Graduada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (1995), mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (2002) e doutorado em Geografia pela Universidade Federal Fluminense (2009). Professora da Universidade Federal de Roraima. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Gestão Territorial Indígena.
Publicado
29-08-2019
Seção
ARTIGOS