Ideias e políticas do desenvolvimento regional sob variedades do capitalismo: contribuições da periferia

Resumo

As transformações das regiões como espaços de desenvolvimento e as políticas de desenvolvimento regional, ocorridas há mais de duas décadas, adotaram um esquema global-local que, junto ao descuido do peso hierarquizador dos atores que controlam as redes globais, subestima o papel das escalas e trajetórias nacionais, essenciais para comprender as condições, capacidades e limitações das dinâmicas regionais. Com o propósito de recuperar essas escalas e trajetórias, o trabalho faz uma análise crítica do enfoque de variedades de capitalismo desenvolvido nos países centrais. Indica-se, nesse sentido, um conjunto de elementos orientados a: i) superar as limitações desse enfoque; ii) reconhecer as especificidades da periferia e os interesses divergentes que emergem ao analisar as trajetórias nacionais sob o novo cenário contraditório do capitalismo; iii) identificar no interior da periferia as diferentes capacidades para operar as “transformações maiores” demandadas para sair desse posicionamento. Contrastando as trajetórias nacionais do Leste Asiático e América Latina, analisam-se três elementos fortemente inter-relacionados para identificar diferentes capacidades para: a) forjar um núcleo de acumulação endógeno e dinâmico; b) desenvolver uma articulação multi-escalar com epicentro nacional que evite a fragmentação descentralizadora e a subordinação supranacional; c) construir um Estado altamente qualificado e implicado no desenvolvimento de “a” e “b”. Capitalizando esses resultados, e desde um posicionamento latino-americano, formulam-se pautas diagnóstico estratégicas para inserir as políticas de desenvolvimento regional no marco dos três itens antes mencionados.