DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DAS RECLAMAÇÕES SOBRE MORCEGOS EFETUADAS AO CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES DE NITERÓI, RJ (2009-2013)
Resumo
Com a paulatina destruição dos ecossistemas naturais aumenta-se a presença de morcegos em áreas urbanas, podendo pôr em risco a saúde coletiva, especialmente com relação à ocorrência da raiva. Foi realizado um levantamento das reclamações da comunidade pelo Centro de Controle de Zoonoses do município de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil, acerca de problemas relacionados com morcegos, no período de 2009 a 2013. Foram regitradas 121 reclamações, com média anual de 24,2 casos e desvio padrão de 2,3. Houve predomínio de reclamações em fevereiro (12,4%) e o mês com menor quantidade de reclamações foi março (4,1%), não tendo sido caracterizado comportamento sazonal. Houve forte concentração e persistência das reclamações nas regiões das Praias da Baía, com 43% dos casos e Litoral, com 30,6%. A região com menor percentual de reclamações foi a Leste, com 1,6%. Houve correlação moderada entre o número de reclamações e a renda e o número de reclamações e o tamanho da população por bairro. A correlação entre o número de reclamações e a temperatura e o número de reclamações e a precipitação foi desprezível. Os dados obtidos reforçam a necessidade de monitoramento das populações de morcegos e de vigilância da circulação do vírus rábico. Além disso, esforços devem ser feitos para preservar e recuperar os ambientes naturais remanescentes nas áreas urbanas de Niterói, no sentido de manter em equilíbrio a fauna existente.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
ANDRADE, T. Y. et al. Hierarchical fruit selection by Neotropical leaf-nosed bats (Chiroptera: Phyllostomidae). Journal of Mammalogy, v. 94, n. 5, p. 1094–1101, 2013.
BARBETTA, P. A. Estatística aplicada às Ciências Sociais. 8.ed. Florianópolis: UFSC, 2012.
BATISTA, H. B. C. R. et al. Canine rabies in Rio Grande do Sul caused by an insectivorous bat rabies virus variant. Acta Scientiae Veterinariae, v. 37, n. 4, p. 371-374, 2009.
BERNARDES , F. F. et al. Multiple lesions by vampire bat bites in a patient in Niterói, Brazil - Case report. Anais Brasileiro de Dermatologia, v. 89, n. 2, p. 340-343, 2014.
BIAVATTI, T. et al. Morcegos (Mammalia: Chiroptera) em refúgios diurnos artificiais na região Sudeste do Brasil. Mastozoología Neotropical, v. 22, n. 2, p.239-253, 2015.
BORDIGNON, M. O.; FRANÇA, A. O. Riqueza, deversidade e variação altitudinal em uma comunidade de morcegos filostomídeos (Mammalia: Chiroptera) no Centro-Oeste do Brasil. Chiroptera Neotropical, v. 15, n. 1, p. 425-433, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Morcegos em áreas urbanas e rurais: manual de manejo e controle. Brasília, DF: Fundação Nacional de Saúde, 1988. 117 p.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Controle da raiva dos herbívoros: manual técnico. Brasília, DF: MAPA, 2009.124p
CABRAL, C. C. et al Circulation of the rabies virus in non-hematophagous bats in the City of Rio de Janeiro, Brazil, during 2001-2010. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 45, n. 2, p. 180-183, 2012.
CARVALHO, F. et al. Variação sazonal no número de capturas de Artibeus lituratus (Olfers, 1818) e Sturnira lilium (É. Geoffroy St.-Hilaire, 1810) (Chiroptera: Phyllostomidae) no estrato superior de um remanescente de Mata Atlântica no sul do Brasil. Biotemas, v. 27, n. 3, p. 131-138, 2014.
CLIMATEMPO. Mínima, máxima e precipitação em Niterói. Disponível em: . Acesso: 10 jun 2014.
CORRÊA, M. M. O. et al. Quirópteros Hospedeiros de Zoonoses no Brasil. Boletim da Sociedade Brasileira de mastozoologia, v. 67, p. 23-38, 2013.
COSTA, L. M. et al. Dados de reprodução de Platyrrhinus lineatus em estudo de longo prazo no Estado do Rio de Janeiro (Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidae). Iheringia, Série Zoologia. v. 97, n. 2, p. :152-156, 2007.
COSTA, L. M.; ESBÉRARD, C. E. L. Desmodus rotundus (Mammalia: Chiroptera) on the southern coast of Rio de Janeiro state, Brazil, Brazilian Journal of Biology, v. 71, n. 3, p. 739-746, 2011.
DONNELLY, R.; MARZLUFF, J. M. Relative importance of habitat quantity, structure, and spatial pattern to birds in urbanizing environments. Urban Ecosystems, v. 9, p. 99–117, 2006.
ESBÉRARD, C. E. L. et al. Uso de residências por morcegos no Estado do Rio de Janeiro (Mammalia: Chiroptera). Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v. 21, p.17-20, 1999.
ESBÉRARD, C. E. L. et al. Evidence of vertical migration in the Ipanema bat Pygoderma bilabiatum (Chiroptera: Phyllostomidae: Stenodermatinae). Zoologia, v. 28, n. 6, p. 717-724, 2011
FLEMING , T. H. et al. Three Central American communities: structure, reproductive cycles and movements patterns. Ecology, v. 53, no. 4, p. 555-569, 1972.
FREITAS, G. P. et al. Estudo populacional e reprodutivo de uma colônia de Molossus molossus na Ilha de Itacuruça, Rio de Janeiro. Chiroptera Neotropical, v. 17, n. 1, Suplemento, p. 95-98, 2011.
FREITAS, C. M.; PORTO, M. F. Saúde, meio ambiente e sustentabilidade. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006. 124 p.
GALLO, P. H.; REIS, N. R. Aspectos reprodutivos de morcegos capturados em mata nativa e reflorestamento no norte do estado do Paraná, Brasil. Chiroptera Neotropical, v. 16, n. 1, Suplemento, p. 16-18, 2010.
GODOY, M. S. M. et al. Reproductive biology of the bat Sturnira lilium (Chiroptera, Phyllostomidae) in the Atlantic Forest of Rio de Janeiro, southeastern Brazil. Brazilian Journal of Biology, v. 74, n. 4, p. 913-922, 2014.
GOMES, M. N.; UIEDA, W. Abrigos diurnos, composição de colônias, dimorfismo sexual e reprodução do morcego hematófago Desmodus rotundus (E. Geoffroy) (Chiroptera, Phyllostomidae) no Estado de São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia , v. 21, n. 3, p. 629–638, 2004.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2010. Disponível em: . Acesso: 15 jan 2016.
KOTAIT, I. et al. Reservatórios silvestres do vírus da raiva: um desafio para a saúde pública. BEPA, v. 4, n. 40, 2007. Disponível em: . Acesso 10 jan 2016.
LAW, B. S.; LEAN, M. Common blossom bats (Syconycteris australis) as pollinators in fragmented Australian tropical rainforest, Biological Conservation, v. 91, n. 2-3, p. 201-212, 1999.
LOVISI, T. P. et al. Caracterização da ocupação dos bairros de Niterói a partir de mapeamento de uso e cobertura da terra e análise de dados censitários. In: XVII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO. Anais... [s.n.], 2015. p.1352 – 1359. Disponível em: . Acesso: 10 jul 2015.
MARICATO, E. Urbanismo na periferia do mundo globalizado, São Paulo em Perspectiva, v. 14, n. 4, p. 21-33, 2000.
MARTINS, V. B. et al. Avaliação do Diagnóstico Laboratorial do Programa de Controle da Raiva Urbana no Rio de Janeiro, Brasil entre 2002-2011. Vigilância sanitária em debate, v. 3, n. 3, p. 56-63, 2015.
MELLO, M. A. R. et al. Diet and abundance of the bat Sturnira lilium (Chiroptera) in a brazilian montane Atlantic Forest. Journal of Mammalogy, v. 89, n. 2, p. 485-492, 2008.
MELLO, M. A. R. Temporal variation in the organization of a Neotropical assemblage of leaf-nosed bats (Chiroptera: Phyllostomidae). Acta Oecologica, New York, v. 35, n. 2, p. 280-286, 2009.
MENEZES JR., L.F. et al. Deslocamento de Artibeus lituratus (Olfers, 1818) (Mammalia, Chiroptera) entre ilha e continente no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, Biota Neotropical, v. 8, n. 2, 2008.
MORAES, J. E. C. et al. Raiva felina no município de Jaguariúna, Estado de São Paulo, em 2010. BEPA, v. 8, n. 96, p. 4-10, 2011.
MORATELLI, R.; PERACCHI, A. L. Morcegos (Mammalia, Chiroptera) do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Ciência e Conservação na Serra dos Órgãos, p. 195-209, 2007. Disponível em: < http://www.icmbio.gov.br/parnaserradosorgaos/images/stories/Moratelli__Peracchi_2007.pdf>. Acesso: 08 jan 2016.
MOUTINHO, F. F. B. et al. Reclamações da comunidade à Seção de Controle de População Animal do Centro de Controle de Zoonoses de Niterói, Rj, Brasil, no período 2006-2010. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 20, n. 1, p. 26-31, 2013.
MOUTINHO, F. F. B. et al. Raiva em morcego não hematófago em área urbana do Município de Niterói – RJ. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 22, n. 2, p. 99-102, 2015a.
MOUTINHO, F. F. B. et al. Raiva no Estado do Rio de Janeiro, Brasil: análise das ações de vigilância e controle no âmbito municipal. Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, n. 2, p.577-586, 2015b.
NITERÓI. Lei nº 726, de 28 de dezembro de 1988. Dispõe sobre o controle de populações animais e sobre a prevenção e o controle de zoonoses no Município de Niterói. Diário Oficial do Município de Niterói, Poder Executivo, Niterói, RJ, 29 dez 1988, p. 7.
NITERÓI. Plano Diretor. Lei n. º 1157, de 29 de dezembro de 1992 modificada pela Lei 2123 de 04 de fevereiro de 2004 Incisos V e VI do art. 221 alterados pela Lei 1594/97 Capítulos III, IV e VI do Título V revogados com a promulgação dos Planos Urbanísticos das regiões Praias da Baía (Lei 1967 de 04 de abril de 2002) , Norte (Lei 2233 de 19 de outubro de 2005) e Oceânica (1968 de 04 de abril de 2002) . Disponível em: < http://www.pgm.niteroi.rj.gov.br/leis/lei/Lei_n1157_Plano_Diretor_Alterado_pela_Lei_2123.pdf>. Acesso : 23 mai 2014.
NOGUEIRA, M. R. et al. Checklist of Brazilian bats, with comments on original records. Journal of species lists and distribution - Check List, v. 10, n. 4, p.808–821, 2014.
O’DONNELL, C. F. J.; SEDGELY, J. A.. Use of roosts by the long-tailed bat, Chalinolobus tuberculatus, in temperate rainforest of New Zealand. Journal of Mammalogy, v. 80, p. 913-923, 1999.
ORTÊNCIO FILHO, H. et al. Aspectos reprodutivos de Artibeus lituratus (Phyllostomidae) em fragmentos florestais na região de Porto Rico, Paraná, Brasil. Chiroptera Neotropical, v. 13, n. 2, p. 313-318, 2007.
PACHECO, S. M. et al. Morcegos Urbanos: Status do Conhecimento e Plano de Ação para a Conservação no Brasil. Chiroptera Neotropical, v. 16, n. 1, p. 629-647, 2010.
PEDRO, W. A. Fragmentação de habitats e a diversidade de morcegos no sudeste brasileiro, com ênfase para o Estado de São Paulo. Chiroptera Neotropical, v. 17, n. 1, Suplemento, p. 19-20, 2011.
PNUD- PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Atlas do desenvolvimento humano. 2013. Disponível em: . Acesso: 20 mai 2014.
RANUCCI, L. et al. Percepção dos alunos do ensino médio de um colégio do município de Japurá, Paraná, sobre os morcegos e sua relação com o meio-ambiente. Chiroptera Neotropical, v. 17, n. 1, Suplemento, p. 172-176, 2011.
REIS, N. R. et al. Morcegos do Brasil. Londrina: N. R. Reis , 2007, 253p.
RIBEIRO, S. et al. Vigilância ambiental e sanitária de quirópteros no Município de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, Chiroptera Neotropical, v.16, n. 1, Supl., p. 47-48, 2010.
SALDAÑA-VÁZQUEZ, R. A., et al. Abundance responses of frugivorous bats (Stenodermatinae) to coffee cultivation and selective logging practices in mountainous central Veracruz, Mexico. Biodiversyti and Conservation, v. 19, p.2111-2124, 2010.
SANT'ANNA, C. et al. Período reprodutivo de três espécies de morcegos frugívoros no sudeste do Brasil. Chiroptera Neotropical, v. 16, n. 1, Suplemento, p. 62-64, 2010.
SODRÉ, M. M. et al. Update list of bat species positive for rabies in Brasil. Revista do Instituto de Medicina Tropical, v. 52, n. 2, p. 75-81, 2010.
SODRÉ, M. M.; GAMA, A. R. Levantamento dos registros de contato direto de morcegos com humanos e animais domésticos, na cidade de São Paulo, Brasil. Chiroptera Neotropical, v. 16, n. 1, Suplemento, p. 155-156, 2010.
TCE - TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Estudos socioeconômicos dos municípios do Estado do Rio de Janeiro 2013: Niterói. Rio de Janeiro: TCE/SGP, 2013.
TEMBY, I. D. Urban wildlife issues in Australia. In: Shaw et al. . Proceedings 4th international symposium on urban wildlife conservation, p. 26-34. Arizona, 2004. Disponível em: . Acesso: 14 jan 2016.
UIEDA, W. et al. Raiva em morcegos insetívoros (Molossidae) do Sudeste do Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 29, n. 5, p. 292-297, 1995.
VONHOF M. J.; R. M. R. BARCLAY. Roost-site selection and roosting ecology of forest-dwelling bats in southern British Columbia. Canadian Journal of Zoology, v. 74, p. 1797-1805, 1996.
WADA , M. Y. et al. Situação da Raiva no Brasil, 2000 a 2009. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 20, n. 4, p. 509-518, 2011.
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional
Revista indexada em:
Este periódico está classificado como B1 para Geografia.