UMA ANÁLISE CRÍTICA DO MÉTODO FENOMENOLÓGICO E A SUA RELAÇÃO COM AS “GEOGRAFIAS” HUMANISTAS
Resumo
Contra a racionalidade exacerbada, o empirismo e o psicologismo,
Husserl construiu sua fenomenologia como uma alternativa, como método e
filosofia de rigor, onde buscou uma “volta às coisas mesmas”, procurando
alcançar as essências dos fenômenos através da redução fenomenológica, e
considerando a consciência enquanto intencional. Recusou o ideal
cartesiano de um pensamento sem pressupostos, mas foi apenas com
Heidegger que seu caráter enquanto hermenêutica foi revelado e, então,
desenvolvido por outros filósofos. As “geografias” humanistas
basicamente surgiram em reação ao racionalismo das “geografias”
neopositivistas, recolocando o homem no centro dos estudos geográficos,
mas marcadamente sob um caráter subjetivista, festejando, inclusive, a
retomada de discussões “clássicas” da Geografia, como a do “gênero de
vida” lablacheano. Constituiu-se em diversas tendências, não tão
próximas umas das outras, mas que possuíam em comum a análise do espaço a
partir da experiência dos homens e mulheres, positivas ou negativas, no
lugar vivido (Lebenswelt); e um consenso crítico quanto às “geografias”
racionalistas e objetivistas. A adoção do método fenomenológico não foi
unânime, apesar de muitos geógrafos humanistas levantarem esta
bandeira. Este artigo busca analisar criticamente o método
fenomenológico e a sua relação com as “geografias” humanísticas.