Os agentes modeladores do novo espaço capitalista da Campanha Gaúcha
Resumo
O presente trabalho, inserido como parte de nossa tese de
mestrado, e aqui revisto e atualizado, resultou de um levantamento em
sua maior parte "in loco", dos principais agentes que vêm
desestruturando o tradicional espaço, ainda especialmente hegemônico, do
latifúndio de pecuária extensiva na área regional mente conhecida como
"Campanha Gaúcha" - e que, para efeito de obtenção de dados
estatísticos, restringimos ao espaço da microrregião definida pelo IBGE.
Nossa
pesquisa incluiu o levantamento de dados secundários, entrevistas com
pecuaristas, rizicultores e pesquisadores da região, visitas a empresas e
instituições locais, em Porto Alegre, Bagé e Santana do Livramento, a
partir do que chegamos à sistematização dos agentes e ao reconhecimento
inicial de dois grandes grupos: aquele em que os agentes desenvolvem
basicamente a articulação da Campanha com outros espaços, vinculados ao
capital privado (nacional e transnacional) e estatal, e aquele em que os
agentes promovem uma rearticulação espacial restrita ao nival
intrarregional, geralmente vinculados ao próprio capital local.
Num detalhamento maior, chegamos à seguinte classificação, de acordo com a "fonte" acumuladora de capital:
a. Agentes de articulação espacial basicamente externa:
a.2. Capital privado nacional:
pecuária intensiva (cabanhas e haras)
agricultura intensiva ("granjas")
agro-indústria (empresas e cooperativas)
indústria de base (cimento)
a.2. Capital privado transnacional:
agro-indústria (frigoríficos, empresas vitivinícolas)
financeiro (Citibank)
a.3.
Capital estatal - atuação indireta (recursos financeiros, apoio técnico
e infra-estrutura relativa a energia, armazenagem, transporte e
comunicações).
b. Agentes de rearticulação espacial interna:
b.1. Capital privado:
pecuaria leiteira, semi-intensiva ("chácaras")
pequena agricultura para consumo local ("colônias")
b.2. Capital estatal atuação indireta (via criação de "colônias" e apoio à pequena produção)
A
seguir procuramos analisar o papel de cada um desses agentes em seu
processo contraditório de desarticulação do espaço e da economia
pastoril tradicionais, cujas raizes encontram-se ainda no mercantilismo
colonial do século XVIII, quando a região era incorporada como periferia
abastecedora do Sudeste minerador (e depois cafeeiro), fornecendo-lhe
tropas para transporte e charque para alimentação.
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