Mística e resistência na fronteira
Resumo
A construção da Hidrelétrica de Itaipu, no oeste do Paraná, gerou
inúmeros protestos entre os agricultores pela indenização de suas
propriedades que vieram a ser alagadas. Movimentos mediados por
entidades religiosas, entre as quais a Igreja Católica e a Igreja
Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), foram decisivos no
sentido de mitigar os impactos sofridos pelos agricultores em
decorrência da construção da barragem. A mística, amparada por
fragmentos dos textos bíblicos, serve como inspiração e motivação aos
camponeses na luta pela terra. No conflito de Itaipu, a mediação mística
adquire uma característica impactante tendo em vista a cultura dos
atingidos pela construção da barragem. As metáforas construídas a partir
de contextos do Velho Testamento são ressemantizadas nas lutas dos
movimentos sociais na contemporaneidade. Um quarto de século após o
conflito, a mística do movimento retorna como reminiscência em forma de
celebração litúrgica denominada Romaria da Terra.
Palavras-chave
Mística; Resistência; Romaria da Terra; Itaipu.