1 O
presente estudo propõe-se a descrever e analisar as áreas de atuação das
cidades fluminenses, principalmente enfatizando Campos dos Goytacazes,
Macaé e Itaperuna, ou seja, o conjunto de centros urbanos em sua
hierarquia como localidades centrais e suas áreas de atuação,
constituindo-se em uma revisão comparativa atualizada entre 1966, quando
da realização da primeira pesquisa, até 2007, quando da última
desenvolvida no IBGE.
2Decorridos
mais de 40 anos do primeiro estudo realizado, a presente pesquisa se
torna relevante, tendo em vista retratar o novo quadro da rede urbana
fluminense, em decorrência das transformações socioeconômicas
verificadas nos 3 centros selecionados.
3 Fundamentada
a pesquisa em uma base teórica, calcada na teoria das localidades
centrais de Christaller (CHRISTALLER, 1966) e sua respectiva adaptação a
partir de autores, tais como Roberto Lobato Corrêa (CORRÊA, 1988, 1989,
1993a, 1993b, 1997) e Milton Santos (SANTOS, 1979), que lançam idéias
críticas e renovadoras sobre a referida teoria, a questão central a ser
desenvolvida é: como atualmente encontra-se estruturada a rede de
localidades centrais na porçao norte fluminense, no que diz respeito à
hierarquia e centralidade de seus centros urbanos?
4 Esta questão será subdividida em outras duas, interligadas entre si. São elas:
5Que áreas de atuação dos centros urbanos do norte fluminense podem ser identificadas no momento atual?
6Que
diferenças podem ser estabelecidas quanto à hierarquia, a centralidade e
as áreas de atuação dos centros urbanos do norte fluminense, comparando
os estudos elaborados anteriormente com o atual?
7Quanto
aos procedimentos operacionais cumpre fazer referência que serão
utilizadas e adaptadas as pesquisas desenvolvidas pela Coordenadoria de
Geografia (IBGE) referentes à divisão do Brasil em Regiões Funcionais
Urbanas, de 1966 e as Regiões de Influência das Cidades de 2007.
8Para
dar conta do objetivo e do caminho de investigação o texto encontra-se
estruturado em 3 partes. A primeira trata em analisar algumas
peculiaridades do território e do nordeste fluminenses que irão exercer
influência no papel dos centros urbanos da referida região; a segunda
refere-se às bases conceituais da pesquisa, tratando das redes
geográficas em um primeiro momento; e em seguida caracteriza a rede de
distribuição (difusão), sendo a mais adequada a dos lugares centrais;
por fim, a terceira parte trata em analisar o papel dos centros urbanos
na rede de localidades centrais, sua hierarquia e área de influência, a
partir do papel de Campos dos Goytacazes, Macaé e Itaperuna, comparando
dois momentos do tempo – 1966/2007.
9 O
Estado do Rio de Janeiro torna-se um importante laboratório de pesquisa
sobre rede urbana e o estudo da rede de localidades centrais torna-se
pertinente em decorrência desta unidade federada passar recentemente
(últimos 30 anos) por transformações sócioespaciais diversas. Tais
transformações, em sua grande maioria, têm como foco de partida a
dinâmica da região metropolitana fluminense, comandada pelo seu
município-núcleo, o Rio de Janeiro; mas por outro lado, apesar de
pontuais, podemos destacar que muitas dessas transformações recentes têm
como origem o interior, influenciando na própria rede de distribuição
de bens e serviços. Tais transformações
estariam atreladas a: modernização parcial da agricultura; aumento da
especulação imobiliária; crescimento do turismo e da 2ª residência
(RIBEIRO & COELHO, 2008); diversificação produtiva em vários setores
da economia; exploração do petróleo na Bacia de Campos, no Norte
Fluminense, com o pagamento de royalties às Prefeituras Municipais,
influenciando no processo emancipatório de antigas vilas, em novos
municípios; e, por fim, a reestruturação industrial (MARAFON; RIBEIRO,
2003).
10 Quanto
ao recorte espacial, a porção norte fluminense, na qual estão inseridos
os três centros urbanos selecionados nesta pesquisa, desde o século
XVII esteve associada ao cultivo de cana, e à produção de açúcar, e ao
cultivo de café, e que nos últimos 30 anos vem passando por intensos
processos de reorganização espacial. Tais processos estão atrelados,
principalmente, a decadência agroindustrial sucro-alcooleira regional e
das lavouras canavieiras, ao mesmo tempo em que, mais recentemente gerou
a implantação de lavouras irrigadas de maracujá, abacaxi e coco,
principalmente nos municípios de São Francisco de Itabapoana, Campos dos
Goytacazes e Quissamã, com o desenvolvimento do Programa Frutificar; a
grande expansão da exploração de petróleo na plataforma continental da
Bacia de Campos, provocando impactos significativos, principalmente no
município de Macaé, a partir do final dos anos 1970, com a instalação da
Base Operacional da Petrobrás, e aumento expressivo das atividades de
comércio e serviços (RAMIREZ, 1991), além de incrementar estas
atividades no município campista, destacando-se entre elas os serviços
educacionais (BIAZZO, 2009) e a reestruturação de Itaperuna com o setor
de serviços de saúde, além do desenvolvimento da pecuária leiteira e seu
beneficiamento.
11 Cumpre
destacar que a atividade petrolífera ensejou a recente emancipação de
distritos e a criação de cinco novos municípios, em decorrência do
recebimento e a aplicação de recursos provenientes do pagamento de
royalties às prefeituras (RIBEIRO, 2002 ; BIAZZO, 2009).
12Tais
fatos provocaram alterações no papel dos centros e de suas
centralidades, destacando-se o acelerado processo de expansão da cidade
de Macaé, que se aproxima de Campos dos Goytacazes, como principal
centro urbano regional e vinculando-se diretamente a capital fluminense;
além do papel de Itaperuna na rede urbana.
13
De modo sucinto, pode-se estabelecer um conceito inicial para redes a
partir de Kansky, citado por Bakis (BAKIS, 1993) e Corrêa (CORRÊA,
1997). Considera-se uma rede como “um conjunto de localizações geográficas interconectadas entre si por um certo número de ligações”. Para Santos (SANTOS, 1994, p.167), as redes se originam de fixos e fluxos. Os
elementos fixos, neste caso, os nós na rede são representados pelos
centros urbanos (cidades), constituídos como resultado do trabalho
social; e, de outro lado, através dos fluxos (caminhos, deslocamentos)
que garantem as interações (relacionamentos) entre os fixos. Isto
configura uma rede urbana. Ela é uma rede geográfica, na qual os nós
desempenham múltiplos papéis.
14
Para a pesquisa em tela será enfatizada a rede de distribuição
(difusão), sendo a mais adequada a dos lugares centrais, objeto de nosso
estudo (RIBEIRO, 1998).
15
Os lugares centrais segundo suas hierarquias permitem oferecer os bens e
serviços em função das necessidades. As necessidades elementares e
freqüentes não necessitam de um deslocamento importante, num raio de 100
a 200 metros, enquanto as necessidades sofisticadas e muito raras podem
ser satisfeitas por um lugar central num raio de milhares de
quilômetros (MIOSSEC, 1976).
16
Esse tipo de interação está fundamentado nos pressupostos concebidos
pela Teoria dos Lugares Centrais, formulados por Walter Christaller em
1933, tendo como base a centralidade e a região de influência.
17O
estudo da hierarquia das cidades está pautado em questionamentos sobre o
número, tamanho e distribuição das cidades e, conseqüentemente
estabelecendo a diferenciação entre elas.
18 A
natureza da rede urbana, no tocante à rede de distribuição é
compreendida através da hierarquia de seus centros, isto é, a posição
que os mesmos ocupam no conjunto de centros dados, em decorrência da
oferta de bens e serviços, caracterizando-os como uma localidade
central, ou seja, o centro é dotado de uma centralidade.
19 Segundo Corrêa, o interesse em se estudar a temática da hierarquia urbana decorre de que
20com
o capitalismo, o processo de diferenciação das cidades se acentua, aí
incluindo-se a hierarquização urbana: a criação de um mercado
consumidor, a partir da expropriação dos meios de produção e de vida de
enorme parcela da população, e a industrialização levam à expansão da
oferta de produtos industriais e de serviços. Esta oferta, por sua vez,
se verifica de modo espacialmente desigual, instaurando-se então a
hierarquia das cidades. Esta por sua vez,
suscita ações desiguais por parte dos capitalistas e do Estado: daí o
interesse em compreender a sua natureza (CORRÊA, 1989, p. 20-21).
21
22A
importância desses núcleos e o que os distinguem dos demais é a sua
centralidade, expressa pelo grau de importância a partir de suas funções
centrais, ou seja, a oferta de bens e serviços. Quanto maior o número
de bens e serviços oferecidos (funções centrais), maior será o grau de
centralidade daquele centro, como também a sua região complementar (área
de mercado), além da maior quantidade de população externa atendida.
23A
citação transcrita a partir da obra do IBGE – Regiões de Influência das
Cidades – acentua as colocações anteriormente referendadas.
24O
arranjo espacial da rede de centros é influenciado pelo modo como se
verifica a distribuição espacial da produção e população, a qual é
influenciada pelas condições naturais específicas de cada região, e pelo
modo como foram e são avaliadas e utilizadas pelo homem. É influenciada
também pela acumulação de arranjos espaciais pretéritos dos centros
urbanos e pelas novas localizações que emergem, no presente. As possibilidades de arranjos espaciais das redes de localidades centrais tornam-se, então, múltiplas (IBGE, 1987, p. 12).
25
De forma resumida, os seguintes pontos a respeito da teoria das
localidades centrais devem ser ressaltados, segundo Corrêa (CORRÊA,
s/d).
26 A
centralidade decorre da ação de dois mecanismos econômicos: (a) mercado
mínimo (threshold), ou seja, o número mínimo de população a ser
servida, que implica na oferta, por parte das firmas dos centros, de
maior ou menor variedade e quantidade de bens e serviços; (b) alcance
espacial (range), ou seja, o limite territorial da distribuição de bens e
serviços por parte das firmas dos centros.
27Tais
mecanismos têm suas raízes na variabilidade da freqüência de consumo de
uma gama diversificada de bens e serviços, e caracterizam-se por
variações em função das densidades demográficas, padrões culturais e
renda da população, e acessibilidade aos centros.
28 O
seguinte esquema geral deve ser retido: (i) os pequenos centros
distribuem bens e serviços pouco diversificados e de consumo freqüente
para um número pequeno de população que se localiza dentro de pequeno
raio dos centros (as firmas destes centros operam sob condições de baixo
mercado mínimo e alcance espacial); (ii) os grandes centros distribuem
bens e serviços bastante diversificados, de consumo freqüente, pouco
freqüente e ocasional para um número grande de população que se localiza
dentro de amplo raio dos centros (as firmas destes centros operam sob
condições de baixo, médio e amplo mercado mínimo e alcance espacial);
(iii) há uma hierarquia de centros e de regiões de influência urbana,
onde aparecem um centro maior, alguns poucos centros grandes, vários
centros médios e numerosos centros pequenos; a literatura sobre o
assunto refere-se a: centro metropolitano, capital regional, centro
sub-regional, centro de zona e centro local.
29Segundo
a teoria das localidades centrais, o centro de nível hierárquico mais
elevado (metrópole regional) é dotado de uma maior área de influencia,
onde estaria contida a própria região de influencia do centro de patamar
imediatamente inferior ao seu (capital regional). Assim fica desenhado
uma hierarquia onde, de forma sistemática, os patamares mais baixos são
englobados pelos de níveis imediatamente superiores.
30 A
conclusão acima induz a dois outros aspectos sobre a natureza da
hierarquia urbana. O primeiro deles é que, quanto maior for o nível
hierárquico de um centro, mais distanciado ele estará de um outro de
mesmo nível e, portanto menor será a quantidade de centros de mesmo
patamar. Além disso, observa-se ainda que, quanto maior o nível
hierárquico do centro, maior será sua área de influência e maior será a
população por ele atendida em suas necessidades de consumo de bens e
serviços.
31 O
segundo aspecto diz respeito à relação entre nível hierárquico e as
funções urbanas: a oferta das últimas é maior quanto mais alta for a
hierarquia do centro, possibilitando, nestes, a existência de população
maior e de um maior número de empregos.
32
Isto posto, um estudo desta natureza, onde se definem diferentes níveis
de unidades territoriais em torno de centros urbanos, apresenta-se com
diferentes finalidades. De um lado, constitui-se em um quadro descritivo
que serve de subsídio para o sistema de decisões quanto à localização
de algumas atividades econômicas, tanto ligadas a produção como ao
consumo individual e coletivo. De outro, constitui-se em um quadro que
sugere novos estudos, visando à compreensão das relações entre processos
sociais que ocorrem na sociedade e as estruturas territoriais que
emergem no decorrer destes últimos 40 anos, no território fluminense.
33 O
resgate da dimensão urbana no território fluminense a partir da análise
da rede de distribuição de bens e serviços – localidades centrais – se
justifica em decorrência de sua relevância para a Geografia, através
dela é possível determinar as diferentes escalas da divisão territorial
do trabalho e a complexidade da rede urbana, dado o papel específico e
hierarquizado de cada lugar nos fluxos que compõem os diversos tipos de
rede.
34 Nesta
parte procura-se analisar primeiramente a hierarquia e as áreas de
influência dos centros fluminenses, como também o papel de Campos dos
Goytacazes, Macaé e Itaperuna no Estado e no nordeste fluminense, a
partir dos quadros para os anos de 1966 (primeira pesquisa) e 2007
(última pesquisa), segundo informações do IBGE.
35 O
Quadro 1 identifica para o Estado do Rio de Janeiro a hierarquia e
áreas de influência em 1966, destacando-se uma metrópole nacional, a
cidade do Rio de Janeiro, 4 centros regionais: Juiz de Fora (MG),
Vitória (ES) e Campos dos Goytacazes e Niterói (RJ); além de 3 centros
sub-regionais: Barra Mansa – Volta Redonda, Nova Friburgo e Itaperuna;
13 centros locais, incluídos entre eles Macaé e vários municípios
subordinados.
36
Para 2007 (Quadro 2) há uma alteração na hierarquia no contexto
fluminense, na qual, Campos dos Goytacazes, Volta Redonda – Barra Mansa
registram o papel de capital regional, de nível C, enquanto outros
centros adquirem novas posições na hierarquia da região de influência do
Rio de Janeiro.
37
Quanto à análise dos níveis de centralidade e região de influência de
Campos dos Goytacazes, comparando os dois momentos 1966 e 2007,
registra-se para o primeiro momento o papel de Campos dos Goytacazes
como Centro Regional comandando um Centro Sub-regional (Itaperuna) e
três Centros Locais – Macaé, São Fidélis e Bom Jesus do Itabapoana,
conforme pode ser observado na figura 1, enquanto para 2007 há uma
alteração no papel dos centros da Região Norte Fluminense, na qual
Campos dos Goytacazes, Capital Regional, comanda Santo Antônio de Pádua,
Centro de Zona A e Itaocara, Centro de Zona B, localizados na Região
Noroeste Fluminense, e que também integram a Região de Influência de
Itaperuna, Centro Sub-regional.
Quadro 1
|
Divisão do Brasil em Regiões Funcionais Urbanas – 1966 (1972)
Estado do Rio de Janeiro
Metrópole Nacional – Nível 1b: Rio de Janeiro
Centro Regional: Nível 2a: Juiz de Fora (MG); Vitória (ES)
Nível 2b: Campos dos Goytacazes; Niterói
Centro Sub-regional: Nível 3a: Barra Mansa – Volta Redonda; Nova Friburgo
Nível 3b: Itaperuna
Centro Local: Nível 4a: Três Rios; Barra do Piraí
Nível 4b: Nova Iguaçu; Petrópolis; Resende; Valença; Macaé; São Fidélis; Bom Jesus do Itabapoana; Cabo Frio; Rio Bonito; Cantagalo; Cordeiro
Municípios Subordinados
→ Angra dos Reis, Duque de Caxias, Itaguaí, Magé, Mangaratiba, São João
de Meriti, Nilópolis, Paracambi, Paraíba do Sul*, Sapucaia, Rio Claro,
Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Miguel Pereira, Piraí, Vassouras,
Rio das Flores, Itaocara, Miracema, São João da Barra, Santa Maria
Madalena*, Santo Antonio de Pádua, São Sebastião do Alto, Casimiro de
Abreu*, Conceição de Macabu, Trajano de Morais*, Cambuci*, Laje de
Muriaé, Natividade, Porciúncula, Cachoeiras de Macacu, Itaboraí, Maricá,
São Gonçalo, Saquarema, São Pedro da Aldeia, Araruama, Silva Jardim,
Bom Jardim, Carmo, Sumidouro, Duas Barras
* Se liga a dois
centros de hierarquia imediatamente superior ou se liga a um centro de
hierarquia imediatamente superior situado fora da região funcional
urbana de nível mais alto a que pertence o município.
|
Fonte: Quadro elaborado por RIBEIRO, a partir das informações do IBGE. REGIC, 1972.
Quadro 2
|
Regiões de Influência das Cidades – 2007 (2008)
Região de Influência do Rio de Janeiro
Metrópole Nacional – Rio de Janeiro
Capital Regional A: Vitória (ES)
Capital Regional B: Juiz de Fora (MG)
Capital Regional C: Campos dos Goytacazes – Volta Redonda/Barra Mansa
Centro Sub-regional A: Cabo Frio – Itaperuna – Macaé – Nova Friburgo
Centro Sub-regional B: Angra dos Reis – Teresópolis – Resende
Centro de Zona A: Três Rios – Carangola (MG) – Santo Antônio de Pádua – Além Paraíba (MG)
Centro de Zona B: Araruama – Rio Bonito – Valença – Bom Jesus do Itabapoana – Itaocara – Quatis
Centro Local:
Areal – Cachoeiras de Macacu – Carmo* – Casimiro de Abreu – Miguel
Pereira – Paty do Alferes – Saquarema – Tanguá – Vassouras – Iguaba
Grande* – Silva Jardim – Rio Preto (MG)* – Rio das Flores – Chiador (MG)
– Comendador Levy Gasparian – Paraíba do Sul – Sapucaia – Parati – São
José do Vale do Rio Preto – Armação dos Búzios – Arraial do Cabo – São
Pedro da Aldeia – São José do Calçado (ES) – Laje do Muriaé – Miracema* –
Natividade – Porciúncula – São José de Ubá – Varre-Sai – Apiacá (ES) –
Aperibé – Cambuci – Carapebus – Conceição de Macabu – Rio das Ostras –
Bom Jardim – Cantagalo – Cordeiro – Duas Barras – Macuco – Santa Maria
Madalena – São Sebastião do Alto – Sumidouro – Trajano de Morais – Bom
Jesus do Norte (ES)* – Cardoso Moreira – Italva – Quissamã – São
Francisco de Itabapoana – São Fidélis – São João da Barra – Pirapetinga
(MG)* – Santa Rita de Jacutinga (MG) – Engenheiro Paulo de Frontin –
Mendes – Rio Claro – Bananal (SP) – Passa-Vinte (MG) – Itatiaia – Porto
Real – Arapeí (SP).
* Centros com múltiplas vinculações
|
Fonte: Quadro elaborado por RIBEIRO, a partir das informações do IBGE. REGIC, 2008.
Figura 1
Fonte : IBGE. Divisão do Brasil en Regiões Funcionais Urbanas, 1972.
38Macaé,
que, em 1966, apresentava-se na hierarquia como Centro Local, sob a
influência de Campos dos Goytacazes, tendo três municípios em sua Região
de Influência direta – Casimiro de Abreu, Conceição de Macabu e Trajano
de Morais, em 2007 é alçado à categoria de Centro Sub-regional,
vinculando-se diretamente à Metrópole do Rio de Janeiro e apresentando
sob seu comando três centros locais: Carapebus, Conceição de Macabu e
Rio das Ostras, conforme explicitado na figura 2.
39Na
análise dos níveis de centralidade e região de influência, cumpre fazer
referência que Campos dos Goytacazes desde os anos 1960 apresentava a
mais alta hierarquia do Norte Fluminense, suplantando Macaé e Itaperuna.
Quanto a área de influência, se de 1966
para 1972 ela tem sob seu comando Itaperuna e Macaé como centros
sub-regionais e vários centros de zona, além de estender sua área de
atuação pelos estados do Espírito Santo e Minas Gerais, em 2007 sua área
de atuação é reduzida, comandando apenas os municípios fluminenses de
Santo Antonio de Pádua e Itaocara que encontram-se também na área de
influência de Itaperuna, e classificados como centros de zona.
40Quanto
a Macaé, apesar de apresentar pequena região de influência desde os
anos 1960, comandando diretamente poucos municípios, dentre eles
Conceição de Macabu, Casimiro de Abreu e outros, classificado na
hierarquia como centro local e sob o comando de Campos dos Goytacazes,
ganha importância quanto ao nível de centralidade, passando de centro
local para centro sub-regional, e articulando-se diretamente com a
metrópole do Rio de Janeiro, consequentemente, ganhando expressão na
hierarquia urbana, fato que pode ser explicado pela presença e atuação
da Petrobrás em seu território.
Figura 2
Fonte: IBGE. Regiões de Influência de Cidades, 2008.
41Quanto
a Itaperuna, apesar de localizada na Região de Governo denominada
Noroeste Fluminense, cumpre destacar seu nível de centralidade como
centro sub-regional, ampliando significativamente perante Campos dos
Goytacazes, sua região de influência, comandando em 2007 quatro centros
de zona: Carangola (MG), Santo Antonio de Pádua, Bom Jesus do Itabapoana
e Itaocara, conforme pode ser observado na figura 3. Sua área de
atuação extravasa os limites estaduais, exercendo influência sobre
municípios capixabas e mineiros, alguns estando sob a influência de
outros centros.
42Cumpre
ratificar o papel de Campos dos Goytacazes, nestes mais de 40 anos, com
maior nível de centralidade, por outro lado, há uma diminuição da sua
região de influência; a emergência de Macaé quanto a sua posição na
hierarquia urbana, vinculado diretamente a metrópole do Rio de Janeiro.
43A
expressividade quanto ao nível hierárquico de Campos dos Goytacazes, na
rede de localidades centrais do norte fluminense, desde os anos de 1960
estava alicerçada na atividade canavieira. Atualmente
suas funções comerciais e de serviços ganham expressividade, cabendo
destacar os serviços educacionais, representados, principalmente pelo
ensino superior, conforme apontam Piquet, Givisiez e Oliveira (PIQUET,
GIVISIEZ & OLIVEIRA, 2006).
44Macaé,
como mencionado anteriormente, apresenta expressivo aumento nas funções
de comércio e serviços, alicerçadas na presença da Petrobrás, sediando a
Base Operacional desta empresa, influenciando no aumento do nível de
renda dos residentes, com a presença de técnicos ligados direta ou
indiretamente a esta empresa.
45Itaperuna,
se nos anos 1960 pautava suas atividades na pecuária leiteira e em seu
beneficiamento, hoje divide com esta atividade os serviços de saúde
contribuindo para a ampliação de sua região de comando conforme indicado
na figura 3.
Figura 3
46Isto posto, quanto aos resultados gerais, resumidamente, podemos afirmar:
47Papel
de Campos dos Goytacazes como Capital Regional C – mais alta hierarquia
do Norte Fluminense, não suplantada nem por Macaé, nem por Itaperuna.
Mantém seu papel de maior hierarquia na Rede Urbana do Norte e Noroeste
Fluminenses.
48Há
uma diminuição da Região de Influência campista, em decorrência da
emergência de novos centros na hierarquia Fluminense – Macaé,
influenciado pela ação da Petrobrás e Itaperuna, destacando-se como
importante centro de serviços de saúde, vinculados diretamente a
metrópole do Rio de Janeiro.
49Superposição
da área de influência campista com outras, exemplificadas por
Itaperuna, comandando Santo Antônio de Pádua e Itaocara, além de áreas
de Minas Gerais e Espírito Santo.
50Estes resultados são decorrentes:
51(a)
do papel da acessibilidade, representada principalmente pela rede
rodoviária, complementada hoje, secundariamente, pelo transporte aéreo;
52(b) da divisão territorial do trabalho e;
53(c) do aumento populacional e do mercado consumidor.
54A
rede se torna mais complexa no seu conjunto, emergindo centros em suas
novas hierarquias que vão dividir suas áreas de atuação com Campos dos
Goytacazes, além de outros centros se vincularem diretamente com a
capital fluminense, a cidade do Rio de Janeiro.
55Assim,
o resgate da dimensão urbana no território fluminense a partir da
análise da rede de distribuição de bens e serviços – localidades
centrais – se justifica em decorrência de sua relevância para a
Geografia. Através dela é possível determinar as diferentes
escalas da divisão territorial do trabalho e a complexidade da rede
urbana, dado o papel específico e hierarquizado de cada lugar nos fluxos
que compõem este tipo de rede.