TEMPO SOCIALMENTE NECESSÁRIO, A LUTA PELA REDUÇÃO DA JORNADA E A CENTRALIDADE DA TEORIA DO VALOR-TRABALHO
Resumo
O artigo procura refletir a ausência da pauta sindical de
questões que tratem diretamente do tempo de trabalho, da flexibilização e
da intensidade do trabalho, bem como da centralidade do trabalho em
nossa contemporaneidade. Analisando algumas características sobre o
tempo de contratação de trabalhadores no mercado de trabalho brasileiro,
demonstra-se que existe uma grande distância entre o discurso, a
leitura acadêmica sobre o tema e a realidade. A redução da jornada de
trabalho é um tema multifacetado, que caracteriza um debate complexo e
polêmico, suscitando o interesse de diversos agentes sociais
interessados nessa pauta, mas que possuem diferentes concepções acerca
do debate, em razão da heterogeneidade de valores em jogo. Argumenta-se
neste trabalho que as implicações sociais de uma medida política de
redução da jornada de trabalho não garante o tempo livre e a emancipação
humana. Contudo, entende-se que essa redução é uma tendência histórica,
vinculada ao desenvolvimento socioeconômico. Há diferenças marcantes
entre o discurso sindical, a simpatia política pela medida, as
afirmações teóricas e as evidências empíricas sobre a temática.
Entendemos que a luta dos Sindicatos e das Centrais Sindicais por 40
horas semanais é de grande importância para os trabalhadores, mas é
necessário incluir na pauta sindical a questão da intensidade do
trabalho. Por fim, procuramos enfocar, ainda, a dimensão ontológica da
teoria do valor a partir da concepção marxiana.