Água, cobrança e commodity: a geografia dos recursos hídricos no Brasil

Antônio A. R. Ioris

Resumo


Durante toda a história brasileira, mas principalmente no último século, a atividade econômica levou a progressivo estranhamento entre sociedade e meio ambiente, ao mesmo tempo que cristalizou uma situação de grave injustiça social. A industrialização da economia foi responsável por consolidar um modelo de produção que se beneficia da exploração dos recursos hídricos e da exclusão social como ferramentas de acumulação de capital. Crescentes níveis de escassez hídrica e desiguais oportunidades de acesso à água são sintomas desse antagonismo entre sociedade e meio ambiente. Mudanças institucionais recentes vêm promovendo uma nova epistemologia de gestão de águas e enfatizando o espaço hidrológico como unidade de intervenção. O principal instrumento de gestão passa a ser a cobrança pelo uso da água, o que atende aos interesses de uma aliança estratégica entre forças de mercado e ambientalistas conservadores. A cobrança tem apenas reproduzido a mesma lógica anterior de mercantilização da água, responsável pelas distorções sócio-ambientais do processo de desenvolvimento econômico. Passado e presente demostram que os problemas de recursos hídricos têm origem na contradição básica entre as relações de produção capitalista e as condições naturais de produção

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