Água, cobrança e commodity: a geografia dos recursos hídricos no Brasil
Resumo
Durante toda a história brasileira, mas principalmente no último
século, a atividade econômica levou a progressivo estranhamento entre
sociedade e meio ambiente, ao mesmo tempo que cristalizou uma situação
de grave injustiça social. A industrialização da economia foi
responsável por consolidar um modelo de produção que se beneficia da
exploração dos recursos hídricos e da exclusão social como ferramentas
de acumulação de capital. Crescentes níveis de escassez hídrica e
desiguais oportunidades de acesso à água são sintomas desse antagonismo
entre sociedade e meio ambiente. Mudanças institucionais recentes vêm
promovendo uma nova epistemologia de gestão de águas e enfatizando o
espaço hidrológico como unidade de intervenção. O principal instrumento
de gestão passa a ser a cobrança pelo uso da água, o que atende aos
interesses de uma aliança estratégica entre forças de mercado e
ambientalistas conservadores. A cobrança tem apenas reproduzido a mesma
lógica anterior de mercantilização da água, responsável pelas distorções
sócio-ambientais do processo de desenvolvimento econômico. Passado e
presente demostram que os problemas de recursos hídricos têm origem na
contradição básica entre as relações de produção capitalista e as
condições naturais de produção
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