Docência com profissionalidade no ensino superior
Resumo
Hélio Alves: O legado da era Lula-Dilma no ensino superior A
universidade pública brasileira, em especial, o sistema federal de
ensino superior viveu nos últimos dez anos grande processo de
transformações e discussões. Pela primeira vez o ensino universitário
compartilha de uma agenda prolongada de oportunidades no sistema
nacional de educação superior voltada para o projeto nacional para
desenvolvimento do Brasil. Por Hélio Alves* O acesso ao ensino
superior continua sendo monopólio social das elites que, o utiliza como
modelo de exclusão social. Em 2003, apenas 10% dos jovens entre 18 e 24
anos estavam matriculados em instituições as quais 2% constituiam-se em
universidades públicas. Mas, alguns indicadores apresentaram mudanças.
Ao longo dos últimos 10 anos o orçamento do MEC triplicou,
passando de R$ 17,4 bilhões, em 2003, para R$ 51 bilhões em 2010;
chegando em 2012 em R$ 72,2 bilhões e R$ 92,5 bilhões em 2013. O
governo federal nesse período investiu R$ 8,4 bilhões na expansão e
reestruturação das universidades federais. Esses recursos foram
acompanhados de expansão de pessoal com 42.099 postos de trabalho que
foram abertas por meio de concurso, sendo: 21.421 para docentes e 20.678
para técnicos administrativos. O Reuni foi um dos melhores e maiores
projetos estruturantes para a sociedade brasileira. Somente em 2012
foram contratados 3.059 professores para o sistema de ensino superior
das universidades públicas. A expansão do ensino superior nesse período
ocorreu, também, nas universidades privadas através do ProUni e do
financiamento através do Fies. Esses investimentos em vagas e verbas
permitiram ao país chegar em 2012 com 15% dos jovens entre 18 e 24 anos
matriculados em instituições de ensino superior; e, uma projeção para
2020 de elevar as taxas para 30%; colocando o Brasil em patamar de
igualdade entre os países das Américas. Mesmo assim, longe dos patamares
da Europa e Estados Unidos que chegam a 85 a 90% e que estão em
crescimento da universalização do ensino superior. Esse esforço nos
levou a sairmos de uma escala evolutiva de 3 milhões e 500 mil
matriculas em 2001, para algo em torno de 7 milhões e 500 mil em 2012.
Foi vitorioso projeto estruturante implantado em curto período, para nos
tirar do atraso de décadas de falta de investimento na formação de
quadros da nação brasileira. Mas isso não foi suficiente para atender as
demandas em áreas estratégicas, como engenharia, onde temos uma falta
de 30.000 profissionais e medicina onde existem enormes carências de
profissionais no entorno das grandes cidades e no interior. A
introdução do Enem-Sisu e a política de cotas sociais ajudaram a
expandir o sistema de acesso, assim como, mas a democratizar o acesso à
universidade através de jovens da escola pública. Mas sem a continuidade
de oferta de vagas, principalmente no ensino superior público, não
iremos efetivamente trazer a maioria da juventude brasileira que está no
ensino médio público para a excelência dos nossos cursos
universitários. Ao trazer parcelas da escola pública para as
universidades federais, para os cursos em período integral surgem
desafios. Esse está relacionado às políticas públicas de cidadania que
têm o objetivo de contribuir para a permanência de estudantes nas
universidades, oriundos das classes C, D e E que hoje representam mais
de 40% dos alunos regularmente matriculados. Sair de um orçamento de
Assistência Estudantil de R$ 85 milhões em 2001 para R$ 650 milhões em
2012 foi um grande avanço nessa década, porém são recursos insuficientes
para atender ao crescimento do sistema federal de ensino superior e a
entrada de alunos de baixa inclusão social com o Enem-Sisu e as cotas
sociais. É preciso entender que uma política de assuntos estudantis que
vise à assistência do corpo discente, não pode se limitar a criar e
executar mecanismos destinados somente à população de baixa renda. Ela
deve também se preocupar com princípios de atendimento universal,
conforme preconiza a nossa Constituição Federal: Estabelecer políticas
integradas, que visem ao atendimento das necessidades de todo o corpo
discente já que o Estado retira do mercado de trabalho, jovens
entre 18-24 anos, para na maior parte do tempo se dedicarem a formação
em período integral. Não desconsiderando, entretanto, as especificidades
como: Programa de Bolsa Permanência – PBP do Governo Federal, de
concessão de auxílio financeiro, a estudantes matriculados em
instituições federais de ensino superior, em situação de vulnerabilidade
socioeconômica, e para estudantes indígenas e quilombolas. No ProUni,
foram concedidas, mais de 1,1 milhão bolsas com 580 mil alunos
atendidos, entre 2010 e 2012. Desde 2005 até hoje, o ProUni já
beneficiou mais de 1 milhão de estudantes em todo o país. Ele
surgiu como numa perspectiva de responder, de forma imediata, à pressão
social de acesso ao ensino superior. Em especial esta resposta deve ser
dirigida ao jovem trabalhador, que deve ser colocado como uma forma
transitória, para que o Estado possa cada vez mais, inverter a lógica do
caráter privado da educação superior no Brasil, e garantir, a expansão
de vagas nas universidades públicas. Mas não podemos desconsiderar a
relevância dessa política na real expansão do ensino superior e,
colocar o ensino privado, no Sistema Nacional de Educação cobrando cada
vez mais do MEC o controle social dessas instituições. Quando foi
criada, a ampla maioria dos egressos trabalhava antes de ingressar na
universidade, e se manteve inserida no mercado de trabalho após a
conclusão dos cursos e com carteira assinada mostrando a relevância ao
acesso desses jovens ao mercado de trabalho formal e a elevação da renda
e mobilidade social. A nossa juventude quando luta por 100% da verba
dos royalties do petróleo para serem investidos no setor da
educação, assim como 50% do fundo social do pré-sal mostra o nível de
compromisso com os termos à educação como um fator estruturante no
desenvolvimento do país e colocar a qualidade e excelência das
universidades federais na ampliação e democratização do acesso ao ensino
superior
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