O AGROHIDRONEGÓCIO NO CENTRO DAS DISPUTAS TERRITORIAIS E DE CLASSE NO BRASIL DO SÉCULO XXI / THE HYDROAGRICULTURAL BUSINESS IN THE MIDDLE OF TERRITORIAL AND CLASS DISPUTES IN BRAZIL IN THE TWENTY FIRST CENTURY
Resumo
A expansão da agropecuária capitalista, no Brasil, referenciada
no modelo agroexportador, se consolida territorialmente no que
denominamos de Polígono do Agrohidronegócio, a contar com o Oeste de São
Paulo, Leste do Mato Grosso do Sul, Noroeste do Paraná, Triângulo
Mineiro e Sul-Sudoeste de Goiás. Está-se diante de 80% das plantações de
cana-de-açúcar, também de concentração das plantas agroprocessadoras,
de produção de álcool e de açúcar do país, bem como 30% das terras com
soja e onde se registra os maiores avanços em termos de área com
plantações de eucaliptos. A partir dos resultados das pesquisas
enfatizamos o conteúdo dos conflitos territoriais por meio do qual temos
o fio condutor das ações dos sujeitos envolvidos nesse cenário de
expansão e consolidação do agrohidronegócio. Isto é, as ações que
antepõem trabalhadores e capital, as fissuras intercapital reveladas
pela necessidade de terras planas, férteis e com disponibilidade
hídrica, portanto aptas à mecanização, e entre os próprios
trabalhadores, mediante as ocupações de terra e a ações no âmbito da
luta pela terra. Estamos diante de exemplos significativos das disputas
territoriais e de classe no Brasil no século XXI, ainda não visíveis
para a maioria da sociedade, ofuscada, pois, pelas campanhas de
marketing milionárias do capital e/ou afinada ao projeto destrutivo de
desenvolvimento da agricultura com base no modelo das grandes áreas
monoculturas para exportação, em detrimento da produção de alimentos
para o consumo humano, em pequenas unidades familiares.