A HISTÓRIA DO MEU ROSTO: COMO AGENTES AMBIENTAIS PERCEBEM A ESTIGMATIZAÇÃO (RE)PRODUZIDA PELO DISCURSO
Resumo
A história do meu rosto entrelaça conceitos da semiótica social e
análise do discurso para explorar como um material impresso, neste caso
um folheto, pode gerar estigmatização dos catadores, conhecidos no
oeste do Canadá como binners. Diariamente, a mídia expõe os humanos a
signos (palavras, fotografias, desenhos) que parecem ser triviais, mas
influenciam o modo como percebemos o seu significado. Entre os
significados frequentemente encontrados nos meios de comunicação, a
palavra "scavengers” tem sido usada, com uma conotação prejudicial para
se referir aos recicladores autônomos. O presente estudo qualitativo
baseia-se em dados coletados com binners durante pesquisa realizada na
cidade de Victoria, Canadá. Em primeiro lugar, analisamos o diálogo
entre os binners para explorar a percepção do estigma que sofrem.
Segundo, usamos um folheto de alerta contra a atividade de catação de
lixo (scavenging) produzido pela prefeitura para ilustrar o modo como o
conteúdo comunica e reforça a estigmatização contra os recicladores. Em
terceiro lugar, analisamos a discussão com o governo local, a comunidade
local e os binners sobre gestão inclusiva de resíduos sólidos para
descobrir diferentes percepções negativas. Ilustramos como os
recicladores percebem o estigma e sugerem que a marginalização pode ser
superada reiterando a imagem de agente ambiental.