Cultura como comunidade imaginada: uma crítica à abordagem ontológica da cultura nos estudos geográficos

  • Leonardo Luiz Silveira da Silva
  • Alfredo Costa
Palavras-chave: Cultura; ontologia; geografia.

Resumo

As abordagens tradicionais da antropologia, relativos às superestruturas que seriam capazes de moldar o comportamento de um conjunto expressivo de indivíduos, ainda estão presentes no debate geográfico. A força da abordagem superorgânica de Kroeber e dos paradigmas construídos pela escola de Berkeley participam vivamente da mentalidade geográfica contemporânea, o que nos ajuda a explicar a concepção ontológica da cultura. Nesta, a cultura é tratada como um ente, passível de delimitação e descrição, ignorando os avanços da moderna antropologia. Rompendo com a concepção ontológica da cultura, defendemos a ideia de que o conceito em questão, bem como considerou Benedict Anderson acerca da nação, trata-se de uma comunidade imaginada. Este tipo de entendimento liberta a análise geográfica de vícios tais como: a desmobilização do esforço em prol da justiça social, a supressão da geografia no exercício da alteridade, a reprodução reificada da abordagem ontológica em materiais didáticos e a inadequação da representação cartográfica da cultura. É nosso objetivo apresentar criticamente estas consequências.

Downloads

Publicado
2020-02-07
Seção
Artigos