DESASTRES NATURAIS OU NEGLIGÊNCIA HUMANA?
Resumo
A expressão “desastre natural” é questionada no presente
trabalho, que considera que fenômenos naturais provocam desastres em
função das formas de produção, ocupação e uso do espaço. A partir de uma
perspectiva geográfica, esse entendimento é discutido associando-o a
conceitos correlatos, como hazard, perigo, risco, desastre ou
catástrofe, vulnerabilidade socioambiental, assim como à importância das
condições técnicas e culturais no controle de um risco. A análise
distingue situações de risco decorrentes de fenômenos com forte
intensidade – agudos, com efeitos vorazes e catastróficos, mas duração
passageira – dos danos cotidianos resultantes de fenômenos naturais,
enquanto ações crônicas. Em qualquer dos casos, as populações mais
afetadas são as mais pobres. Nesse sentido, o trabalho coloca ênfase nos
efeitos perversos da combinação pobreza/urbanização/meio ambiente,
afetando a qualidade da vida urbana e expondo a população a situações de
risco devido a processos naturais e humanos, e chama a atenção às
conseqüências cotidianas da opção por um modelo inadequado e
insustentável de apropriação e uso do espaço e dos recursos naturais.
Tal opção vem acelerando o efeito estufa e o aquecimento global, cujas
conseqüências climáticas, mesmo que afetem toda a humanidade, virão a
incidir mais tragicamente sobre grupos vulneráveis. O trabalho sugere
análises, pesquisas e procedimentos técnicos voltados à eliminação dos
efeitos de desastres, e recomenda sua adoção no planejamento e gestão
urbana, sublinhando a importância da participação da comunidade e do
fortalecimento do papel do Estado na condução do processo.
Palavras-chave
Fenômenos naturais, desastres; riscos; vulnerabilidade socioambiental
Texto completo:
PDFDOI: http://dx.doi.org/10.5380/geografar.v3i1.12910
Revista Geografar ISSN: 1981-089X



