Na Rua e na Memória: Junho de 2013 e as Dinâmicas Anamnésicas
Resumo
“O gigante acordou”. Um grito de guerra que ecoou nas ruas no
período das jornadas de junho, sequência de manifestações que tomaram o
território nacional no mês de junho de 2013, tornando-se a tessitura
metafórica ideal para representar o sentimento catártico que unia os
manifestantes. Manifestantes que assumiram a roupagem do “gigante pela
própria natureza” e anunciavam com a tomada das ruas que se tratava de
um despertar: o país gigante acordou, rompe os fios que o mantinham
enclausurado e quer recobrar seu lugar. Objetivou-se aqui analisar as
dinâmicas anamnésicas das Jornadas de Junho de 2013 no Brasil,
considerando as relações entre espaço e memória como insumos para a
insurgência. O estudo se apoiou na análise documental do conteúdo
noticioso dos três jornais de maior circulação (Folha de S. Paulo, O
Globo e Estadão) no período das manifestações (ano de referência 2013),
conforme auditoria do Instituto Verificador da Comunicação (IVC), órgão
que mensura entre outros aspectos, a circulação de periódicos. As pautas
dos atos eram unívocas em sua eclosão, mas passaram a evocar demandas
sociais, econômicas e políticas na medida em que a insurgência passou a
se articular em uma dinâmica anamnésica. Desse modo, o nutriente advindo
da memória de experiências e expectativas antepassadas desencadeou uma
força messiânica, de resgate do passado e compromisso com os legados e
cada linha escrita anteriormente e que precisavam de desagravo no
presente, com vistas a um futuro mais otimista.
Palavras-chave
Jornadas de junho; Espaço; Memória; Revolução anamésica; Movimentos sociais.